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Festa da Menina Moça evidencia resistência cultural de indígenas Tembé no Pará
Indígenas do Povo Tembé que habitam a Aldeia Itaputyr, na Terra Indígena Alto Rio Guamá, no estado do Pará, realizaram no período de 20 a 26 de novembro a Festa da Menina Moça, um símbolo da resistência cultural Tembé. O evento reuniu cerca de 500 participantes e contou com apoio da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai).
Retomada a partir de 2008 em aldeias Tembé localizadas nos municípios de Paragominas, Capitão Poço, Tomé-Açu e Santa Maria do Pará, a festividade também é conhecida como Festa do Moqueado. Na ocasião, com o corpo pintado de preto, as meninas são apresentadas à sociedade, simbolizando a passagem da infância para a adolescência.
Na cultura Tembé, a tinta preta, feita à base de jenipapo, representa a noite. Quando começa a se desvanecer do corpo das meninas, aponta para a luminosidade da nova fase que estão prestes a viver.
“A Festa do Moqueado significa a parte espiritual do povo Tembé, um momento sagrado”, resume Jhejha Tembé, cacique da Aldeia Itaputyr. Jhejha Tembé ressaltou que o apoio da Funai e de outros parceiros foi fundamental para o êxito do evento.
"Cultura é vida, é história. A Funai apoiará eventos dessa envergadura sempre que tiver condições”, pontuou o chefe da Coordenação Técnica Local (CTL) da Funai em Belém, Shirleno Paes.
Ricardo Totoré, indígena da etnia Gavião Parkatejê, que chefia a Coordenação Regional da Funai do Baixo Tocantins, e tem sob sua jurisdição a CTL-Belém, ressaltou que a Festa da Menina Moça é a concretização da raiz que existe em relação ao Povo Tembé. “A festa serve para que futuras gerações vejam que existe tradicionalidade no povo Tembé", afirmou.
O maior responsável pela manuenção de festas e rituais tradicionais entre os Tembé, sobretudo a Festa da Menina Moça, se chama Patiki Tembé, mais conhecido como Chico Rico, que, se vivo fosse, hoje estaria com 89 anos.
Dona Pirimina, que compartilhou mais de 40 anos de sua vida com Chico Rico, com quem teve quatro filhos, participou da celebração na Aldeia Itaputyr. "Sinto-me feliz e emocionada. Recordo intensamente do meu marido [Chico Rico], que incentivava e se entusiasmava com cada manifestação cultural do povo Tembé."
Chico Rico também desempenhava o papel de pajé. Dona Pirimina relata que, antes de falecer, Chico Rico transmitiu seus conhecimentos sobre a pajelança, os quais ela mantém em segredo. "Uso-os apenas para o bem das meninas, para afastar os espíritos malignos", afirmou.
"Chico Rico era o grande guardião da cultura Tembé", destaca o indigenista Juscelino Bessa, servidor da CTL-Belém. E complementa: "A sorte é que ele [Chico Rico] transmitiu muitos conhecimentos para outros indígenas".
A Festa da Menina Moça ganhou destaque e visibilidade a partir de 2010, com reportagens veiculadas nos jornais de Belém e em emissoras de televisão. "Os mais antigos não desejam que todas as tradições se percam. Parentes vieram me procurar porque guardo muitas histórias de caça, pesca e moqueado; além da língua. Eles pensavam que nossa tradição já não existisse mais", afirmou Chico Rico em entrevista à imprensa local em 2008.
Assessoria de Comunicação/Funai
com informações da CTL Belém