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Em 55 anos, Joenia Wapichana será a primeira mulher indígena a assumir a Presidência da Funai
Da esquerda para a direita: Cacique Raoni, a ministra Sonia Guajajara, a futura presidente da Funai, Joenia Wapichana, e o secretário Especial de Saúde Indígena, Weibe Tapeba. Fotos: Lohana Chaves e Leo Otero
Pela primeira vez em 55 anos de história, o órgão federal responsável pela política indigenista brasileira será presidido por uma mulher indígena. A advogada Joenia Wapichana estará à frente da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), à qual cabe a proteção e promoção dos direitos das diferentes etnias do país.
Joenia tem bacharelado em Direito pela Universidade Federal de Roraima (UFRR) e Mestrado em Direito Internacional pela Universidade do Arizona. Natural de Boa Vista, estado de Roraima, acumula uma longa trajetória de defesa dos povos originários. Ela foi a primeira mulher indígena a exercer a advocacia no país e também a primeira deputada federal indígena do Brasil.
Nesta segunda-feira (2), Joenia Wapichana participou de um ato na Sede da Funai, em Brasília, organizado pelas duas associações de servidores do órgão, a Indigenistas Associados (INA) e a Associação Nacional dos Servidores da Funai (Ansef). Intitulado "Retomada da Funai", o evento reuniu lideranças indígenas, servidores e indigenistas sob discurso de reconstrução e fortalecimento da instituição, celebrando a ocupação de espaços estratégicos da política brasileira pelos povos originários em 2023.
Além da futura presidente da Funai, estiveram presentes a ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, a deputada federal eleita pelo Estado de Minas Gerais Célia Xakriabá, o cacique Raoni Metuktire e outros nomes de destaque, como Eloy Terena, Júlio Yanomami, Agnelo Xavante, o pajé Tanawy Xukuru Kariri e Weibe Tapeba, que será secretário de Saúde Indígena do Governo Lula.
Em seu discurso, a futura presidente se comprometeu a atuar de forma coletiva e transparente. Sob gritos de “demarcação já” entoados pelos presentes, mencionou priorizar a criação de Grupos Técnicos (GT) que procedem à primeira fase do processo demarcatório, os estudos de identificação. Relembrou, ainda, o falecimento do indigenista Bruno Pereira e de indígenas vítimas de ataques, como os Pataxó e Guarani, além dos Yanomami, que correm constante risco devido à escalada do garimpo ilegal.
Ao final do evento, Joenia percorreu as dependências do órgão acompanhada por indígenas e servidores. “É uma alegria ter essa recepção, poder conhecer a estrutura da Funai e contar com o apoio de todos e todas nessa conquista histórica!”, declarou.
Denominação
Nesta gestão a Funai passou a ser denominada Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai). A mudança consta na Medida Provisória nº 1.154, de 1º de janeiro de 2023, que estabelece a organização dos órgãos da Presidência da República e dos ministérios. Clique aqui para saber mais.
Assessoria de Comunicação / Funai