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Economia ancestral e sociobiodiversidade são tema de debate no Festival Brasil é Terra Indígena
No contexto da programação do Festival Brasil é Terra Indígena, em Brasília (DF), ocorreu a mesa Economia Ancestral e Sociobiodiversidade, mediada na tarde de quarta-feira (13) pela comunicadora e artesã Tipuici Manoki. A Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) esteve representada pela diretora de Promoção ao Desenvolvimento Sustentável (DPDS), Lucia Alberta.
Também no contexto do Festival Brasil é Terra Indígena, organizado pela Mídia Indígena no Museu Nacional da República, ocorrem a Feira de Arte dos Povos Indígenas e o 1º Festival de Música, Comunicação e Sociobiodiversidade Indígena.
Marcelo Rosenbaum, que é arquiteto, designer e foi responsável pela curadoria da feira de arte, pontuou que a exposição é compota por 60 artistas de 60 povos indígenas do Brasil. Contudo, ele observou que se trata apenas de “um pequeno recorte” da grande diversidade étnica do nosso país. Marcelo também falou sobre planos futuros: “Ainda não temos a culinária e as medicinas na feira. Mas isso é só o começo. Espero que esta seja a primeira de muitas feiras”.
“A bioeconomia é a economia regenerativa da floresta. Inclusiva. Ela é a economia da sociobiodiversidade, produzida pelos povos tradicionais. É uma economia de conhecimento, uma economia de serviços socioambientais. Essas questões jamais poderiam ser valoradas no nosso mundo do capital”, explicou Adriana Ramos, secretária-executiva do Instituto Socioambiental (ISA). Ela também destacou que, uma vez que a economia depende da manutenção dos recursos naturais das florestas, a economia depende também da proteção e da gestão ambiental das terras indígenas, o que implica necessariamente o reconhecimento dos direitos indígenas, principalmente os direitos territoriais.
A diretora Lucia Aberta trouxe exemplos da economia da reciprocidade e das trocas dos povos indígenas, como ocorre com a trocas de sementes e conhecimentos tradicionais. Esses exemplos, conforme explicou, demonstram que os povos indígenas têm uma economia ancestral, uma bioeconomia que não agride o meio ambiente e que respeita os modos de vida dos povos indígenas. “A Mídia Indígena está mostrando que é possível realizar um evento que potencializa a economia tradicional. Nessa feira, nós estamos mostrando o que é a economia indígena, como se faz a economia indígena, e como se respeita os conhecimentos ancestrais. Cada arte que está sendo exposta aqui tem conhecimento ancestral”, completou.
Luciene Tariano falou um pouco de sua experiência enquanto coordenadora do Departamento de Negócios Socioambientais da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (FOIRN). Atualmente, ela acompanha 21 cadeias produtivas que geram renda para comunidades indígenas da bacia do Rio Negro, desde gêneros alimentícios, artesanato e até o turismo. Por outro lado, ela pondera que, “falar de economia, não é falar só na geração de renda, vai além. Para nós indígenas, a economia é o nosso bem viver, é a nossa história. Dentro de cada artesanato, tem a nossa cultura e os nossos conhecimentos”.
O Ministério do Empreendedorismo, da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte (MEMP) esteve representado na mesa Economia Ancestral e Sociobiodiversidade por Daniel Garcia. Ele comentou que a pasta está realizando diagnósticos da economia do país segundo recortes de pauta (empreendedorismo verde, social, criativo, etc.) e populacionais, lançando um olhar também sobre os povos originários, que somam quase 1,7 milhão de pessoas no Brasil. “A gente vai andar junto com os povos indígenas para fomentar e potencializar o empreendedorismo indígena”, garantiu.
Com dois dias de duração, o Festival Brasil é Terra Indígena prossegue até esta quinta-feira (15) e sua programação está disponível no site do evento e no Instagram. A programação também está sendo transmitida através do canal da TV Mídia Indígena no YouTube.
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Assessoria de Comunicação/Funai