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Contaminação de indígenas por mercúrio é tema de estudo apresentado à Funai
A presidenta da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Joenia Wapichana, se reuniu na tarde desta quarta-feira (21), na sede do órgão, em Brasília (DF), com o médico e pesquisador de saúde pública Paulo Basta para discutir o resultado preliminar de uma pesquisa sobre contaminação por mercúrio na Terra Indígena (TI) Yanomami (RR).
Durante o encontro, Paulo Basta apresentou resultados preliminares do estudo desenvolvido pela Fundação Oswaldo Cruz, em 2018, intitulado Impacto do Mercúrio em Áreas Protegidas e Povos da Floresta na Amazônia Oriental: Uma abordagem integrada Saúde-Ambiente.
A pesquisa, realizada com consulta prévia aos indígenas, busca verificar se o mercúrio utilizado por garimpeiros que invadem a TI tem contaminado os indígenas. Foram analisadas amostras de cabelo de membros das comunidades de Waikás e Papiú, totalizando 239 participantes. Somente na comunidade Waikas Aracaça, que possui a presença de garimpo ativo no rio Uraricoera, foi encontrada uma concentração de 92,3 % acima de 6,0 mg/kg Hg.
No período de 4 a 14 de outubro de 2022, foram avaliados 287 indígenas e coletadas 47 amostras de pescado. Os resultados, ainda inéditos, revelam que foram detectadas concentrações de mercúrio em todas as amostras de cabelo analisadas, incluindo homens, mulheres, crianças, adultos e idosos, sem exceção.
Joenia Wapichana parabenizou Basta por sua insistência em desenvolver o projeto mesmo após a Funai, em sua gestão passada, ter negado apoio à iniciativa. “Agradeço muito a sua insistência e seu retorno à Funai, mesmo após as negativas da gestão passada”, afirmou.
Na oportunidade, Paulo Basta também apresentou o Projeto Proteção de Povos Indígenas e Tradicionais do Brasil, financiado pelo Ministério Federal de Cooperação Econômica e Desenvolvimento da Alemanha por intermédio do World Wide Fund for Nature (WWF). A iniciativa trata-se de um estudo longitudinal de gestantes e recém-nascidos do povo Munduruku expostos ao mercúrio na Amazônia.
O estudo buscará avaliar os efeitos da exposição pré-natal ao metilmercúrio no neurodesenvolvimento de crianças indígenas que vivem em áreas de influência de garimpos de ouro na Amazônia, considerando atrasos cognitivos, problemas de coordenação motora e de linguagem, respondendo porque o mercúrio do garimpo representa um risco para as pessoas que não praticam essa atividade. A ingestão de peixe contaminado por mercúrio, por exemplo, é a principal fonte de exposição ao metal nos humanos, podendo atingir níveis que causam efeitos nocivos à saúde.
Além de todos os malefícios causados pela exposição ao elemento como alterações na pressão arterial, problemas renais e doenças cardíacas; o contato durante a gravidez ou nos primeiros anos de vida pode causar déficit no desenvolvimento, retardo do aprendizado, déficit de atenção, cegueira e paralisia cerebral nos recém-nascidos.
A pergunta principal do estudo é se a exposição pré-natal ao metal afeta o neurodesenvolvimento infantil, provocando atrasos cognitivos, problemas na coordenação motora e na linguagem, assim como abortos precoces, natimortos, óbitos fetais e óbitos maternos.
Também participaram do encontro o coordenador da Política de Proteção e Localização de Indígenas Isolados da Funai (Coplii/Cgiirc), Guilherme Martins; e o coordenador-geral de Gestão Ambiental, Francisco Melgueiro.
Assessoria de Comunicação/Funai