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Conheça as medidas de socorro aos Yanomami já anunciadas pelo Governo Federal
Fotos: Ricardo Stuckert
O Governo Federal deu início a uma série de medidas de socorro aos indígenas do povo Yanomami, residentes no Norte do país, diante da grave crise de desassistência sanitária e nutricional na região. Entre as ações, estão o envio imediato de cestas básicas e suplementos alimentares para crianças de várias idades, bem como medidas de atenção à saúde.
Uma equipe da Força Nacional do Sistema Único de Saúde (SUS) chegará a Boa Vista, com 13 profissionais, que irão operar o Hospital de Campanha. Outra equipe multidisciplinar com oito profissionais da área de saúde da Aeronáutica será deslocada de Manaus (AM) para a região de Surucucu (a cerca de 270 km a oeste da capital roraimense). O Hospital de Campanha da Aeronáutica, hoje no Rio de Janeiro, começará a ser transferido para Boa Vista. A expectativa é que ele seja montado no dia 27 de janeiro. Outra medida é o início do transporte de retorno para as aldeias dos Yanomami sem problemas de saúde e que se encontram na Casa de Saúde Indígena de Boa Vista.
Na sexta-feira (20), o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, editou um decreto que cria o Comitê de Coordenação Nacional para Enfrentamento à Desassistência Sanitária das populações em território Yanomami. Já o Ministério da Saúde declarou Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional diante da necessidade de ação urgente frente à crise enfrentada por esses povos indígenas.
Além disso, o Ministério da Saúde instalou o Centro de Operações de Emergências em Saúde Pública (COE - Yanomami) como mecanismo nacional da gestão coordenada da resposta neste campo. A gestão do COE estará sob responsabilidade da Secretaria de Saúde Indígena (Sesai/MS), considerando a tipologia da emergência.
O presidente Lula esteve no sábado (21) em Boa Vista (RR), onde visitou a Casa de Saúde Indígena Yanomami (Casai Yanomami). Por determinação do presidente, os ministros de diversas áreas estão adotando uma série de medidas de enfrentamento à grave crise no território Yanomami. Fizeram parte da comitiva as ministras Sonia Guajajara (Povos Indígenas) e Nísia Trindade (Saúde), entre outras autoridades e lideranças locais, bem como a futura presidente da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Joenia Wapichana.
“A situação do povo Yanomami, decretada como crise humanitária, é uma crise que ameaça a nossa geração. A visita do presidente Lula é uma sinalização positiva e reflete na missão da Funai e do Ministério dos Povos Indígenas. Creio que estamos no caminho certo”, declarou Joenia.
"Vamos tratar os nossos indígenas como seres humanos. Nós vamos dar a eles a dignidade que eles merecem, na saúde, na educação, na alimentação e no direito de ir e vir. Essas pessoas vão ser tratadas decentemente", afirmou o presidente Lula, que não escondeu sua indignação diante do cenário atual.
"Se alguém me contasse que aqui em Roraima tinha pessoas sendo tratadas da forma desumana, como eu vi o povo Yanomami sendo tratado aqui, eu não acreditaria. Tive acesso a umas fotos essa semana e as fotos efetivamente me abalaram, porque a gente não pode entender como é que um país que tem as condições que tem o Brasil deixa os nossos indígenas abandonados como eles estão aqui. É desumano o que eu vi aqui", desabafou Lula.
Como uma das ações, ele prometeu agir com firmeza no combate ao garimpo ilegal. "Vamos levar muito a sério essa história de acabar com qualquer garimpo ilegal. E mesmo que seja uma terra que tem autorização da agência para fazer pesquisa, eles podem fazer pesquisa sem destruir a água, sem destruir a floresta e sem colocar em risco a vida das pessoas que dependem da água para sobreviver”, declarou o presidente.
O presidente Lula também viajou acompanhado dos ministros Flávio Dino (Justiça e Segurança Pública), Wellington Dias (Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome), Silvio Almeida (Direitos Humanos e Cidadania), Márcio Macedo (Secretaria-Geral da Presidência) e do general Gonçalves Dias (Gabinete de Segurança Institucional).
Cestas básicas começam a ser entregues
Já chegaram a Roraima cerca de 5 mil cestas de alimentos, um total estimado em 80 toneladas, segundo o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome. Os itens vieram do Amapá em aviões da Força Aérea Brasileira (FAB), e correspondem a uma parceria entre a pasta, o Ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos, Ministério dos Povos Indígenas, Ministério da Saúde, Forças Armadas e Funai. O trabalho de estocagem e distribuição das cestas já teve início.
Serão enviados também 200 latas de suplemento alimentar para crianças de várias idades, que serão transferidas do Distrito Sanitário Especial Indígena Leste (DSEI Leste) para o DSEI Yanomami. A operação exigirá um esforço de logística. Uma vez que o aeroporto de Surucucu está em obras, o transporte de alimentos será feito em aeronaves de pequeno porte, exigindo cerca de 50 voos nesta etapa. As aeronaves levarão comida até a região e haverá distribuição com o apoio de helicópteros. Na volta, os aviões levarão para Boa Vista os Yanomami que necessitam de atendimento médico. O Pelotão Especial de Fronteira (PEF), sediado em Surucucu, alojará as equipes de saúde e todos profissionais enviados para a região.
Também está prevista a transferência de equipamentos, material médico e profissionais — uma ambulância, duas barracas de campanha, sendo uma com ar condicionado, e médicos especialistas, atualmente disponíveis na Operação Acolhida, voltada aos refugiados venezuelanos, para a Casai Boa Vista.
Situação é grave na maior terra indígena do país
Atualmente, mais de 30,4 mil habitantes vivem no território indígena Yanomami. Desde o dia 16, equipes do Ministério da Saúde e da Funai, entre outros órgãos, estão na região para elaborar um diagnóstico sobre a situação da saúde dos indígenas. Entre as constatações, estão crianças e idosos em estado grave de saúde, com desnutrição acentuada, além de muitos casos de malária, infecção respiratória aguda (IRA) e outros agravos.
O ministro Flávio Dino determinará abertura de inquérito policial para apurar o crime de genocídio e crimes ambientais no território indígena Yanomami. A partir desta segunda (23), a Polícia Federal ficará responsável por apurar as responsabilidades e punir os culpados. Dados de 2022, divulgados pelo Ministério dos Povos Indígenas, revelam que 99 crianças Yanomami morreram em função do avanço do garimpo ilegal na região — e as vítimas foram crianças entre um a 4 anos, acometidas de desnutrição, pneumonia e diarreia.
Na quarta-feira (25) está previsto o retorno da equipe de profissionais Ministério da Saúde e, a partir daí, espera-se que o grupo conclua em 15 dias um levantamento completo sobre a crítica situação de saúde dos indígenas Yanomami.
Força Nacional do SUS recebe inscrições de voluntários
O Ministério da Saúde mantém disponível o link de cadastro para inscrições de novos voluntários que queiram apoiar a Força Nacional do Sistema Único de Saúde (SUS). Neste momento, os acionamentos têm foco principalmente para serviços em território Yanomami. O cadastro é permanente, de forma que convocações possam ser feitas em eventuais futuras missões. Acesse
aqui
o formulário de inscrição.
Os voluntários já convocados prestarão atendimento direto aos pacientes localizados na Casa de Saúde Indígena (Casai) Yanomami e assistência no hospital de campanha do Exército. A equipe é composta por médicos, enfermeiros e nutricionistas que atuarão de acordo com suas especialidades.
Assessoria de Comunicação / Funai
Com informações do Planalto, Ministério da Saúde, Ministério da Justiça e Segurança Pública e Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome