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Justiça por Bruno e Dom
Com a presença de servidores da Funai, evento pede justiça pelo assassinato de Bruno e Dom
Nesta segunda-feira (5), um evento aberto ao público relembrando o marco de um anos do assassinato de Bruno Pereira e Dom Phillips, e também pedindo justiça pela morte de outros indigenistas como Maxciel Pereira, morto a tiros em 2019 no Vale do Javari, foi realizado na Maloca da Universidade de Brasília (UNB), em Brasília (DF).
A iniciativa contou com a presença de Joenia Wapichana, presidente da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai); de servidores da Funai da sede e de unidades descentralizadas; da ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva; da deputada federal Erika Kokay; e da diretora do Departamento de Proteção Territorial e de Povos Indígenas Isolados do MPI, e também viúva de Bruno Pereira, Beatriz Matos, que veio acompanhada de sua família.
Representantes da Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef), Sindicato dos Servidores Públicos Federais no Distrito Federal (Sindsep-DF), Indigenistas Associados (INA), Associação Nacional dos Servidores da Funai (Ansef), União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) e Observatório dos Direitos Humanos dos Povos Indígenas Isolados e de Recente Contato (OPI) também estiveram presentes, além de lideranças indígenas do Vale do Javari (AM), como Eliésio Marubo.
Joenia Wapichana relembrou que, à época do assassinato, apresentou à Câmara dos Deputados o requerimento que criou a comissão externa sobre o desaparecimento de Dom e Bruno, que investigou o fato e fez recomendações a serem cumpridas pelo Estado brasileiro, e pediu justiça para o assassinato de Dom, Bruno e Maxciel. “Esse evento marca um ciclo no qual a gente tem que refletir, avaliar e, acima de tudo, considerar a nossa capacidade de responder. Nós precisamos responder ao que aconteceu há um ano. Não podemos silenciar diante dessas violações de direito. Precisamos saber o que aconteceu, porque aconteceu, quem estava envolvido. Esse é o primeiro passo que temos que tomar para dar a resposta aos povos indígenas, à família do Dom e do Bruno e à toda a sociedade brasileira”, afirmou.
Muito homenageada pelos indígenas do povo Marubo presentes por sua parceria na região do Vale do Javari, a indigenista Daniele Brasileiro declarou que não perdeu só um colega, e sim um irmão. “A maior honra ao Bruno é a gente não deixar ele morrer. Enquanto ele estiver dentro da gente, a gente está honrando ele”.
A diretora de Administração e Gestão, Mislene Mendes, afirmou que esse era um dia muito difícil para todos que conviveram com Bruno, e relembrou a luta travada por ele em busca de seus ideais. “O Bruno era um elo com o movimento indígena. Por meio de várias estratégias, nós procuramos ser a resistência ali naquele local durante os quatro últimos anos”.
O histórico da região e as ameaças enfrentadas pelos povos indígenas diariamente como a pesca ilegal, garimpo ilegal e o narcotráfico foram destacados pela deputada federal Erika Kokay, que também criticou a tese do marco temporal. “Tentaram calar a voz do Bruno mas não conseguiram. Porque a voz do Bruno também é nossa voz. As vozes de Bruno, Dom e Maxciel estão ecoando. Nós passamos pelos últimos quatro anos, vamos passar pelo marco temporal, e vamos vencer tudo isso, em nome do Bruno, Maxciel, Dom e de todas as pessoas que lutam por um país onde tenhamos o respeito aos povos indígenas.
Para que a gente nunca esqueça que, antes de coroa, tinha cocar nesse país”.
O encontro encerrou com uma apresentação do cantor Chico César em memória de Bruno e Dom. Outros cantos, danças e apresentações também ocorreram ao longo do evento, como a de uma liderança do povo Marubo que entoou a música que Bruno Pereira cantava no vídeo gravado em 2019, do povo Kanamari, e que ficou mundialmente conhecida após seu assassinato. Ao longo do dia, outras homenagens ocorreram em outros estados brasileiros, e também em outros países.