Notícias
Arquitetura indígena: conheça as habitações dos povos originários
Construção da etnia Ikpeng no Parque do Xingu; na foto seguinte, uma aldeia Yanomami no Amazonas (fotos: Mário Vilela/Funai)
Com o objetivo de abordar as diferentes formas de moradia indígena, uma publicação do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Rio Grande do Norte (CAU/RN) apresenta exemplos das habitações tradicionais feitas por comunidades como as dos Yanomami, que vivem nos estados do Amazonas e Roraima, e as etnias do Parque Indígena do Xingu, no Mato Grosso.
O que diferencia uma aldeia e outra entre as comunidades indígenas brasileiras é a condição climática e a disponibilidade de materiais locais. A maior parte das aldeias utiliza a amarração de cipós nas estruturas de madeira. Assim como utilizam entalhes no madeiramento das estruturas para facilitar o encaixe das peças e a amarração com cipós.
Geralmente, essas habitações são dispostas em um formato ortogonal nas aldeias, formando uma grande praça central na qual a comunidade realiza atividades cotidianas como festas, cerimônias e rituais sagrados. Uma única aldeia pode chegar a ter aproximadamente 400 moradores. Suas casas são chamadas de oguassu, maioca ou maloca (casa grande), cujo tamanho é de cerca de 150 metros de comprimento por 12 metros de largura. Cada maloca é dividida internamente em espaços menores, de mais ou menos 36 metros quadrados, onde reside uma família. Esse pequeno espaço recebe o nome de oca.
Na tradição indígena, cabe aos homens construir e erguer a estrutura das malocas enquanto as mulheres socam o barro a ser assentado no chão da habitação. Quando uma casa fica com sua cobertura de palha extremamente seca, a comunidade realiza sua queima controlada e constrói outra de igual formato em seu lugar. A casa é o lugar preferencial das mulheres, onde elas exercem as atividades familiares como o preparo do alimento, feito próximo aos pilares que sustentam a cumeeira, em um tipo de oca circular muito utilizado pelas comunidades da etnia Xavante no Mato Grosso.
Já a etnia Karajá que vive nas margens do Rio Araguaia, estado do Tocantins, constrói habitações com estrutura reforçada, constituídas por três arcos paralelos, sendo cada arco formado por um par de pilares fincados no chão. Essa estrutura sustenta vigas cujas extremidades são amarradas na cumeeira. Tradicionalmente, as moradias dos Karajá são construídas em um formato retangular.
Arquitetura no Xingu
Na tradição das etnias do Parque do Xingu, as ocas são construídas tendo por referência o corpo de um animal ou de uma pessoa. A parte frontal da habitação representa o peitoral, assim como os fundos da moradia representam as costas. O chão, onde serão cravados os pilares de sustentação e toda a sua estrutura, representa a solidez da casa. Já a ala íntima da habitação, semelhante aos cômodos para descanso da sociedade não indígena, é diagramada pelos semicírculos laterais, sendo designada como as nádegas da casa.
Feita com ripas de madeira e bambu, a vedação da moradia refere-se às costelas, sendo o revestimento das paredes comparado aos cabelos do corpo humano, assim como a cumeeira faz referência à cabeça. O tipo de construção dos xinguanos se assemelha ao utilizado pelos indígenas da etnia Marubo, do Amazonas. Em ambos os casos as construções são antropomórficas, e associam a moradia à proteção xamânica, de cunho espiritual.
Arquitetura Yanomami
As comunidades Yanomami do Amazonas e de Roraima constroem suas aldeias em formato circular, chamando-as de “shabonos”. Seu dimensionamento é feito conforme o número de ocupantes que abriga. Normalmente, em cada casa reside apenas um grupo familiar. A aldeia possui um grande vão central que pode chegar a 15 metros de altura, sendo coberto por folhas de palmeiras sobre uma estrutura de galhos e varas. Os homens cuidam da construção em si, enquanto as mulheres coletam galhos e cipós para a amarração das estruturas e folhagens de bananeira para sua vedação.
Influência cultural
A sociedade não indígena herdou muitos termos indígenas que se referem a tipos de habitação ou formas de construção: biboca (casa pequena); caiçara (palhoça); capuaba (casa da roça); copé (cabana de palha); copiar (varanda); jirau (armação para guardar apetrechos, cama de varas); maloca (casa grande); oca (cabana ou casa); poperi (abrigo provisório); taba (aldeia indígena); tapiri (choça); urupema (peneira, por extensão, ramado semelhante usado na vedação de portas, janelas e forro); carijó ou barbaquá (instalações para produção de erva-mate).
Assessoria de Comunicação/ Funai
com informações do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Rio Grande do Norte