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Retrospectiva 2021: Funai fortalece ações de etnodesenvolvimento para melhoria das condições de vida nas aldeias
Fotos: Acervo/Funai
O uso econômico sustentável de Terras Indígenas como ferramenta para a geração de renda nas aldeias foi um dos principais focos da gestão da Fundação Nacional do Índio (Funai) em 2021. Desde o início do ano, a Funai investiu cerca de R$ 10 milhões em atividades de etnodesenvolvimento realizadas por comunidades indígenas de diferentes regiões do país.
Entre os destaques estão a produção de soja pela etnia Paresi (MT), o cultivo de arroz pelas etnias Xavante e Bakairi (MT), a produção de castanha pela etnia Cinta Larga (RO) e a produção de camarão pelos Potiguara (PB), entre outros.
Em uma iniciativa inédita, a Funai adquiriu e entregou 40 tratores para fornecer apoio a essas atividades produtivas. A intenção é garantir a segurança alimentar das diferentes etnias e possibilitar que elas ampliem a produção, investindo em processos de geração de renda. Ao todo, a fundação investiu de mais de R$ 5 milhões na aquisição do maquinário.
"A Funai segue com seu compromisso de levar etnodesenvolvimento aos indígenas e tem potencializado projetos sustentáveis em aldeias de todo o Brasil. Só em 2021 foram assinadas mais de 20 Cartas de Anuência para diferentes comunidades. Além disso, estamos fazendo uma grande entrega de tratores para as áreas indígenas, entre outras inúmeras ações. A Nova Funai entende que o indígena tem que ser o protagonista da sua própria história e ter autonomia para suas escolhas, sendo que ele não deixa de ser indígena por buscar melhores condições de vida”, ressalta o presidente da Funai, Marcelo Xavier.
Turismo de pesca esportiva
Em agosto de 2021, Xavier participou de uma visita técnica ao Projeto de Turismo de Pesca Esportiva da Terra Indígena Pequizal Naruvôto, localizada nas cidades de Canarana e Gaúcha do Norte (MT). O objetivo foi conhecer em detalhes a iniciativa, apoiada pela Funai, que é referência no segmento. Em outubro, a Câmara Municipal de Canarana concedeu uma Moção de Reconhecimento à Associação Pequizal Naruvôto pelo Projeto.
Etnoturismo
Xavier também participou da inauguração da maior casa tradicional-contemporânea já erguida pela etnia Paresi. O evento ocorreu no mês de dezembro na Aldeia Wazare, localizada na Terra Indígena Utiariti, no município de Campo Novo do Parecis (MT). A casa (hati, na língua indígena) foi construída artesanalmente na aldeia, em estilo inovador, e mede 25 metros de comprimento, 10 metros de largura e 6,10 metros de altura. A construção fortalece a atividade de etnoturismo na comunidade, na medida em que estimula a visitação turística de não indígenas à Terra Indígena Utiariti.
Durante a solenidade, o presidente da Funai entregou nas mãos do cacique Rony a Carta de Anuência da fundação para a atividade de visitação com fins turísticos na modalidade de etnoturismo, turismo cultural indígena de vivência, na Aldeia Wazare, conforme o Plano de Visitação apresentado pela comunidade.
Camarão
A fundação tem apoiado a produção de camarão – carcinicultura – da etnia Potiguara no litoral da Paraíba. A atividade produtiva beneficia aproximadamente 350 famílias indígenas de forma direta, e outras 150 famílias indiretamente. A produção atingiu 250 toneladas de camarão em 2021, o que equivale a mais de 18% da produção total de camarão do estado.
Ao longo de 2021, a Funai realizou o estudo ambiental da área da Terra Indígena em que os tanques de camarão foram instalados e articulou sua regularização ambiental junto ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Este estudo foi feito com recursos próprios da fundação e contou com o apoio do Ministério Público Federal na Paraíba (MPF/PB).
Açaí
2021 também foi marcado pela consolidação da produção de açaí para as etnias Kwazá e Aikanã (RO). Os produtores indígenas das aldeias Dois Irmãos e Nova Kwazá colheram, entre os meses de julho e outubro, mais de 45 toneladas do produto, das quais foram extraídos 1,5 mil litros da polpa. A maior parte da produção foi comercializada in natura. A coleta do fruto envolve cerca de 20 famílias de ambas as etnias.
Arroz
Cerca de 106 toneladas de arroz foram produzidas pela etnia Xavante na Terra Indígena Sangradouro (MT) durante 2021, o que equivale a 2.630 sacas do produto. A conquista faz parte do Projeto Independência Indígena, iniciativa que busca incentivar a produção sustentável em comunidades indígenas do estado e recebe o apoio da Funai. Para conferir de perto a iniciativa, uma comitiva da Funai, liderada por Xavier, participou de um Dia de Campo na TI Sangradouro, em abril.
Já agricultores indígenas da etnia Bakairi (MT) realizaram a colheita de 3.850 sacas de arroz, o que representa cerca de 231 toneladas do alimento. A produção é desenvolvida na TI Santana e conta com o apoio da Funai. Em 2021, Xavier também visitou a área de cultivo dos Bakairi e acompanhou a colheita do produto.
Erva-mate
No Sul do país, comunidades indígenas Guarani e Kaingang, do Paraná, obtiveram renda com a produção da erva-mate nos ervais nativos das Terras Indígenas Mangueirinha, Rio de Areia e Marrecas. A produção, que conta com o apoio da Coordenação Regional (CR) de Guarapuava (PR), beneficiou cerca de 700 famílias em 2021, que desempenham a atividade em uma área de aproximadamente 30 mil hectares.
Castanha
A produção de castanha do povo Cinta Larga atingiu cerca de 80 toneladas na safra 2020-2021, na Terra Indígena Roosevelt, localizada nos estados de Rondônia e Mato Grosso. Para realizar a coleta da castanha nos milhares de hectares de castanhais, os indígenas Cinta Larga contam com o apoio da Funai para a aquisição de ferramentas, a instalação de maquinário para o beneficiamento da castanha, o transporte da produção e a capacitação dos indígenas.
A produção da castanha gera emprego para cerca de 280 famílias indígenas que garantem sua renda com a comercialização do produto para os estados de São Paulo, Santa Catarina e Goiás, além dos municípios de Rondônia.
Indígenas da etnia Tupari (RO) também contam com a Funai para a manutenção de uma estrada na Terra Indígena Rio Branco, que vai beneficiar o escoamento da produção de castanha da comunidade indígena, cuja coleta tem início no mês de novembro.
A fundação tem dado suporte ainda à coleta e venda da castanha do baru, realizada por mulheres indígenas na Terra Indígena Pimentel Barbosa (MT). A iniciativa gera renda à comunidade e contribui para a segurança alimentar e nutricional de famílias Xavante.
Soja
Um dos exemplos exitosos de etnodesenvolvimento é cultivo de cerca de 20 mil hectares de grãos pelas comunidades Paresi, Nambikwara e Manoki no Mato Grosso, que movimenta anualmente cerca de R$ 120 milhões e beneficia aproximadamente 2 mil indígenas, gerando mais de 200 empregos diretos e indiretos. A plantação ocupa menos de 2% do território e ocorre em locais já antropizados, sendo um exemplo bem-sucedido de etnodesenvolvimento na Região Centro Oeste.
Artesanato
A Funai também tem incentivado a produção e venda de artesanato típico por diferentes comunidades do país. Além de fortalecer os usos, costumes e tradições indígenas, a atividade é uma importante alternativa de geração de renda para as etnias, contribuindo para o sustento e autossuficiência das famílias indígenas.
Em outubro, a Funai articulou a participação de artesãos indígenas de estados como Roraima, Bahia e Mato Grosso no 14º Salão do Artesanato. Além do apoio à exposição de artesanato indígena no evento, a Funai disponibilizou mesas para a exibição das peças tradicionais.
Outra ação de destaque foi a celebração do contrato firmado entre a empresa Ajinomoto e indígenas da etnia Guarani, da comunidade Piraí (SC). A iniciativa, que recebeu o nome de projeto Guarani 1, beneficiará 126 indígenas de um total de 27 famílias distribuídas em 10 aldeias, e tem o objetivo de valorizar a cultura local e gerar renda à comunidade indígena. Uma das ações será distribuir nos supermercados os brindes de miniaturas de animais silvestres, cestos e colheres de pau feitos pelos indígenas, gerando renda para a comunidade e valorizando a cultura local.
Farinha de mandioca
Em outubro de 2021, cerca de 108 famílias indígenas começaram a receber tachos fornecidos pela Funai para a produção de farinha de mandioca em aldeias dos estados de Minas Gerais e Espírito Santo. A fundação já entregou quatro tachos para aldeias da Terra Indígena Guarani e três para aldeias da Terra Indígena Tupiniquim.
Óleo de babaçu
A coleta do coco do babaçu para a produção de óleo do fruto por mulheres Xavante da aldeia Tritopa, localizada na Terra Indígena (TI) Areões (MT) é outra iniciativa apoiada pela Funai, que beneficia diretamente cerca de 30 famílias indígenas da região. A atividade é realizada pelas mulheres, que extraem o óleo de babaçu de forma artesanal.
Mel
Em 2021, a Funai atuou na distribuição de equipamentos, por meio da CR de Campo Grande, para apoiar a logística do processamento de mel da Associação de Produtores de Mel da Aldeia Cabeceira (Amelca), Terra Indígena Nioaque (MS), incentivando os grupos de apicultores indígenas a buscar autonomia na condução das atividades.
As aldeias contempladas foram Cabeceira, Água Branca, Taboquinha e Brejão. Entre os itens entregues estão 100 caixas de ninho, 100 melgueiras, oito fumigadores, dez macacões, dez pares de botas, uma mesa desoperculadora, um decantador, duas centrífugas, dez baldes plásticos e um cilindro.
A iniciativa busca atingir uma produção de 12kg de mel por melgueira ativa por ano (cerca de 3 toneladas anuais), além de obter certificado de produto orgânico para o mel produzido nas Terras Indígenas Nioaque, Limão Verde e Ofayé, bem como aumentar a renda dos produtores indígenas e capacitá-los em todas as etapas de produção apícola.
Já o projeto de meliponicultura Tupyguá, nome que representa a união das duas etnias criadoras, Tupiniquim e Guarani, apresentou, neste ano, safra recorde de mel. Com uma proposta inovadora, a iniciativa é realizada por indígenas de 12 aldeias do norte do Espírito Santo e leva um produto único e diferenciado a todo o Brasil.
Das 260 colônias destinadas à produção, um total de 725 kg de mel, 60 kg de pólen e 40 kg de cera foram colhidos pelo projeto, que teve início em 2012. A ação integra o Plano de Sustentabilidade Tupiniquim e Guarani (PSTG), apoiado pela então Fibria Celulose S/A (hoje Suzano S/A), e tem como representação indígena o Conselho de Caciques das Terras Indígenas de Aracruz (MG).
O mel Tupyguá tem sido utilizado por chefes renomados em todo o país e é estrela de vários cardápios de restaurantes da região. Na gestão atual da Funai, a fundação tem realizado inspeções nas Terras Indígenas Tupiniquim Guarani e Caieiras Velha, para que, dessa forma, tudo seja produzido dentro da legalidade e de acordo com as políticas de Gestão Ambiental.
Hortaliças e morangos
A CR Passo Fundo (RS) apoiou em 2021 a implantação do projeto de hidroponia no cultivo de hortaliças e morangos da aldeia indígena Goy Veso, localizada em Iraí (RS). O projeto beneficia cerca de 40 famílias indígenas, que comercializam o excedente da produção na Feira de Agricultura Familiar e fornecem produtos para a merenda escolar da aldeia e para o Hospital Nossa Senhora Auxiliadora do município gaúcho.
Já indígenas da aldeia Karugwá, localizada no município de Barão de Antonina (SP), iniciaram a colheita de morango cultivado em modo de sistema de produção integrado. A produção integra o projeto da CR Litoral Sudeste denominado Polo de Produção Sustentável, no qual, em uma mesma comunidade, são utilizadas uma série de técnicas de produção agroecológica.
Abacaxi e cana-de-açúcar
A CR Xingu apoiou, em 2021, o plantio de abacaxi e cana-de-açúcar na Aldeia Três Buritis, localizada no Parque do Xingu (MT). Com a renda obtida na comercialização dos abacaxis e do melado extraído da cana-de-açúcar, a comunidade tem alcançado autonomia e melhorado as condições de vida na aldeia.
Café
Em 2021, os produtores indígenas de café especial de Rondônia forneceram aproximadamente 750 sacas do produto para o grupo 3Corações. A empresa adquire a produção de 113 famílias indígenas da etnia Paiter Suruí, que estão organizadas em cooperativas. A Funai tem apoiado a produção do café sustentável em atividades como o transporte de mudas de café, o escoamento da produção e a preparação do solo para o plantio. A cafeicultura é a principal fonte de renda das famílias indígenas, cuja receita total em 2021 chegou a R$ 634 mil.
A etnia Umutina da aldeia Massepô, localizada no município de Barra do Bugres (MT), também se destacou no cultivo de café. O projeto conta com o apoio da CR Cuiabá e tem o objetivo de fomentar e fortalecer a cadeia produtiva do café como atividade sustentável de geração de renda à comunidade. A área de plantio possui cerca de um hectare e conta com 2.800 mudas de café.
Avicutura
O Projeto Valmaha, realizado na TI Utiariti (MT), teve início este ano e é o mais avançado entre outros desenvolvidos por mais 20 aldeias da região. Trata-se da criação de cerca de 500 galinhas caipiras e semi-caipiras, de forma semi-orgânica numa área de 4 mil hectares. A Funai tem apoiado o projeto e o apoiou o aperfeiçoamento de indígenas da etnia Paresi na criação das aves. Em 2021, avicultores das 11 aldeias indígenas de Campo Novo do Parecis, em Mato Grosso, aprenderam a preparar rações para aves com os alimentos produzidos na própria comunidade, e também a construir os aviários.
Banana
A etnia Paiter Suruí consolidou, em 2021, o cultivo de banana na Terra Sete de Setembro (RO). Em média, a produção chegou a 80 toneladas da fruta por mês, sendo que a safra dura seis meses no ano. O cultivo é realizado em 100 hectares da aérea indígena, que possui um total de 248 mil hectares, e conta com o apoio logístico da CR Cacoal. A renda anual da produção de banana alcançou R$ 360 mil, beneficiando 40 famílias indígenas, o que equivale a R$ 9 mil para cada família por ano.
Assessoria de Comunicação / Funai