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Polícia Federal combate extração ilegal de minérios na Terra Indígena Yanomami
Foto: Divulgação/Polícia Federal
A Polícia Federal deflagrou na quinta-feira (19) a segunda fase da operação URIHI WAPOPË, com o objetivo de desarticular uma organização criminosa dedicada à extração de minério em garimpos ilegais na Terra Indígena Yanomami, em Roraima, e sua posterior comercialização.
Foram cumpridos mandados de busca e apreensão, expedidos pela 4ª vara Federal Criminal, na residência de quatro investigados. As investigações da operação indicam que o grupo criminoso ligado a uma empresa de táxi aéreo e a outra empresa de poços artesianos possuem por volta de 20 helicópteros, destinados ao transporte do minério extraído ilegalmente.
Notou-se que, além da extração irregular de minério, o grupo estaria ocultando patrimônio por meio da transferência de bens a terceiros e promovendo a remessa de dinheiro para o exterior com uso de falsa identidade ou por meio de operação de câmbio não autorizada. As investigações apontam que o grupo criminoso teria ainda criado uma empresa fantasma objetivando ocultar sua movimentação financeira ilícita.
A primeira fase da operação URIHI WAPOPË havia sido deflagrada em outubro de 2021. Além da segunda fase da operação, a Polícia Federal pretende instalar uma base na Terra Indígena Yanomami até o fim do mês de maio. A base servirá de apoio no trabalho de fiscalização contra ilícitos na região.
Autoridades esclarecem investigação de denúncias na Terra Indígena Yanomami
Durante coletiva de imprensa realizada no último dia 6, a Polícia Federal prestou esclarecimentos acerca das investigações relacionadas à denúncia de crimes contra indígenas da comunidade Arakaça, no estado de Roraima. A Fundação Nacional do Índio (Funai) participou ativamente das ações de inspeção na Terra Indígena Yanomami, ao lado da PF e de representantes do Ministério Público Federal (MPF), Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) e militares.
O delegado responsável pelo inquérito policial que investiga o caso explicou que as informações se originaram de um vídeo institucional de uma ONG, assistido por um indígena que repassou as informações a outro. Este segundo indígena inferiu, a partir dos elementos que tinha, que membros de sua comunidade teriam sido vítimas da violência apresentada no vídeo. Tal fato o teria levado a entrar em contato com a liderança indígena responsável pela formalização da denúncia.
De acordo com a PF, mesmo restando comprovado que a natureza da denúncia não condiz com os fatos concretos e reais, as investigações ainda se encontram em andamento. Quanto ao possível desaparecimento de indígenas que residiam na aldeia, a investigação apontou que, ao menos, nove Yanomamis moram no local, sendo que seis foram contatados presencialmente no primeiro dia das diligências e outros três – uma mulher e dois netos – estão em Boa Vista (RR) para tratamento de saúde da mulher. Outros indígenas que residiam no local teriam se mudado para uma comunidade diferente, conforme relatado pela própria liderança indígena que encaminhou a denúncia dos crimes.
Atuação constante da Funai em Roraima
A fiscalização em Terras Indígenas de todo o território nacional é uma das prioridades na atuação da Fundação Nacional do Índio (Funai) no país. Desde 2019, a fundação já investiu cerca de R$ 71,7 milhões em ações fiscalizatórias, fundamentais para garantir a segurança das comunidades e prevenir o contágio dessas populações pela covid-19, bem como coibir ações ilícitas, tais como extração ilegal de madeira, atividade de garimpo e caça e pesca predatórias.
A Funai atua em ações de fiscalização, vigilância e monitoramento em áreas indígenas de todo o país, por meio de suas unidades descentralizadas, e em articulação com os órgãos ambientais e forças de segurança pública competentes. A fundação apoia diversas operações conjuntas de proteção territorial realizadas em parceria com órgãos como Polícia Federal, Força Nacional, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e Forças Armadas. Mais de 1.200 ações foram realizadas nos últimos três anos e, como resultado, foi constatada uma redução de 22,75% no desmatamento em Terras Indígenas da Amazônia Legal entre 2020 e 2021, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Com foco na proteção dos indígenas de Roraima, foram investidos mais de R$ 4 milhões em fiscalização no estado desde o início da pandemia. A Operação Yanomami recentemente combateu o garimpo ilegal e resultou na inutilização de 22 aeronaves, além da apreensão de outras 89 e fiscalização de 87 pistas de pouso clandestinas na Terra Indígena Yanomami, em Roraima. A ação, coordenada pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), por meio da Secretaria de Operações Integradas (Seopi), contou com o apoio da Funai.
Durante o período, houve 38 prisões relacionadas a crimes ambientais, apreensão de quase 30 mil quilos de minério, 850 munições e nove embarcações. Além disso, foram inutilizados 89 mil litros de combustíveis, 10 balsas, 11 veículos, quatro tratores e 22 postos de combustíveis interditados. A Operação também apoiou a extrusão de não indígenas e garimpeiros, além do restabelecimento de Bases de Proteção Etnoambiental.
Outras três operações de combate ao garimpo ilegal foram deflagradas na Terra Indígena Yanomami em 2021. A primeira foi uma ação que resultou na apreensão de mais de 3 mil litros de combustível na região. A segunda ação, intitulada Operação Omama, realizou incursões estratégicas em diversos garimpos, com apoio de aeronaves, equipamentos e tropas especiais, visando apreender e inutilizar maquinários, aeronaves, insumos e outros materiais utilizados na extração de ouro. Já a terceira ação resultou na apreensão de 100 galões de combustível escondidos às margens do rio Mucajaí. A apreensão somou 5 mil litros de combustível, além de alimentação e equipamentos destinados à atividade de garimpo ilegal na região.
Juntamente com a Secretaria de Operações Integradas do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), a Funai tem mantido atuação intensa na repressão a crimes que ocorrem naquela região, de forma articulada e integrada.
com informações da Polícia Federal