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No Dia do Esportista (19/02), conheça a Huka Huka: a luta corporal do Xingu
Fotos: Mário Vilela/Funai
Os dentes de peixe-cachorra arranham a pele do guerreiro xinguano, as ervas dão-lhe um banho de purificação. A ingestão de chás provoca-lhe o vômito para limpeza interna e, por fim, o jejum obrigatório e a proibição do sono preparam-lhe para o grande dia da luta. Esse é o ritual que precede a Huka Huka, arte marcial indígena genuinamente brasileira.
O esporte ocorre prestes ao encerramento do Kuarup , ritual fúnebre xinguano que marca o final do período de luto um ano após o falecimento dos membros das comunidades. Com enfeites de linha, plumas e miçangas e o corpo pintado de jenipapo e urucum, os guerreiros são convocados para o embate pelo “dono da luta”, um indígena que exerce papel de observador e se dirige ao centro da roda, chamando os lutadores pelo nome.
Frente a frente, e abaixados para protegerem as pernas, os oponentes giram em forma circular e se enfrentam primeiro pelo olhar. Posteriormente, agarram-se para ver quem consegue levantar o adversário e levá-lo ao chão, encostando as costas no solo ou, ainda, tocar-lhe a parte inferior do joelho, casos em que se finaliza a luta.
Como não há um juiz, são os próprios atletas que decidem pela vitória, derrota ou empate: caso em que se soltam um do outro e nenhum dos dois é derrubado. A vitória é recompensada pelo reconhecimento e respeito das comunidades indígenas ao vencedor.
Ao final das lutas principais, jovens e crianças indígenas enfrentam-se imitando os adultos e, a partir da troca intergeracional, mantêm viva a cultura xinguana.
O Parque Indígena do Xingu
Situado ao norte do Mato Grosso, na divisa com o Pará, o Parque Indígena do Xingu ocupa 2 milhões e 600 mil hectares e foi a primeira Terra Indígena homologada pelo Governo Federal, em 1961. Habitam a região as etnias Aweti, Ikpeng, Kaiabi, Kalapalo, Kamaiurá, Kĩsêdjê, Kuikuro, Matipu, Mehinako, Nahukuá, Naruvotu, Wauja, Tapayuna, Trumai, Yudja e Yawalapiti.
Assessoria de Comunicação/Funai