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No Amazonas, produtores indígenas de farinha de mandioca recebem apoio da Funai
40 kits de casas de farinha foram distribuídos para aproximadamente 30 aldeias. Foto: Divulgação/Funai
A cadeia produtiva da farinha de mandioca indígena recebeu um importante apoio da Fundação Nacional do Índio (Funai) no estado do Amazonas. Por meio da unidade descentralizada da fundação com sede no município de Atalaia do Norte (AM), 40 kits de casas de farinha foram distribuídos para aproximadamente 30 aldeias das etnias Kanamari, Kulina Pano, Madjá-Kulina, Marubo, Matis, Matsés e Mayuruna. Nos próximos meses, a previsão é realizar a entrega de mais 18 kits de casas de farinha, totalizando 68 conjuntos de equipamentos entregues a comunidades indígenas do Vale do Javari.
Para entregar e instalar os materiais, servidores lotados na Coordenação Regional (CR) da Funai Vale do Javari percorreram, durante 45 dias consecutivos, as Terras Indígenas Cacau do Tarauacá, Mawetek, Kanamari do Médio Juruá, Kulina do Médio Juruá e Vale do Javari. A equipe foi composta por cinco integrantes: dois servidores da unidade da Funai, um motorista fluvial, um carpinteiro e um indígena que atuou como tradutor, sobretudo da língua Marubo. Todo o percurso foi feito em três embarcações: um canoão regional de madeira, uma lancha de alumínio e uma pequena canoa, todos com motor de popa.
A ação de instalação das casas de farinha nas aldeias somente foi possível em decorrência da vacinação dos servidores e, principalmente, das comunidades indígenas atendidas. Mesmo assim, durante a visita às aldeias e enquanto eram realizados o desembarque dos equipamentos e a construção das casas de farinha, a equipe da Funai seguiu os protocolos e medidas de prevenção previstos para Terras Indígenas.
Etnodesenvolvimento
“A ideia de se apoiar a cadeia produtiva da farinha de mandioca nas aldeias do Vale do Javari partiu inicialmente de um interesse das próprias comunidades. O objetivo é estimular a produção agrícola como estratégia para garantir segurança alimentar, gerar renda nas famílias indígenas e fortalecer práticas tradicionais agrícolas, fazendo com que os jovens indígenas - que estariam, na visão de muitas lideranças, deixando suas comunidades para viver na cidade - permaneçam ou retornem a suas aldeias”, explica a coordenadora substituta da CR Vale do Javari, Mislene Martins Mendes.
De acordo com a coordenadora da Funai, o incentivo à produção indígena de farinha foi ao encontro de um esforço das secretarias municipais e estadual de Educação para desenvolver a regionalização da merenda das escolas indígenas. “Em 2022, a Secretaria de Educação de Atalaia do Norte deverá publicar o edital para aquisição dos produtos por meio de processo de chamamento público, incluindo a participação dos agricultores indígenas apoiados pela CR Vale do Javari”, destaca a coordenadora.
Mislene Mendes salienta ainda que o apoio da Coordenação-Geral de Etnodesenvolvimento (CGETNO) da Funai foi fundamental para as ações de promoção da agricultura familiar indígena nas aldeias. “Com o suporte da Sede da Funai, a CR do Vale do Javari tem desempenhado papel importante tanto na articulação entre as instituições e os produtores indígenas envolvidos, quanto na prestação de informações fundamentais acerca das dinâmicas próprias das comunidades para o sucesso da iniciativa”, pontua.
A missão da Funai
Muitos dias de navegação nos rios do extremo oeste do estado do Amazonas marcaram a operação da Funai que distribuiu equipamentos para montagem de casas de farinha nas 30 aldeias das sete etnias beneficiadas. Para isso, a equipe da CR Vale do Javari realizou uma expedição de 45 dias na floresta amazônica. Por questão de segurança, toda o deslocamento de barco foi feito apenas durante o dia. Em uma primeira etapa, as embarcações levaram quatro dias de navegação entre a cidade de Atalaia do Norte e a Base de Proteção Etnoambiental Curuçá, situada na foz do Rio Curuçá com o Rio Javari.
Do quinto ao oitavo dia, a equipe alcançou o encontro dos rios Curuçá e Pardo. A entrega do primeiro kit de casa de farinha aconteceu somente no nono dia de operação, na Aldeia Kulina Bela Vista. Até o 12º dia da ação, a equipe entregou e instalou os kits nas aldeias São Salvador, São Sebastião e Txunawaiá. Em seguida, as aldeias Morada Nova e Matxikiéwai receberam seus kits. Até o 25º dia de viagem, mais três aldeias foram contempladas: Maronal, Jaburu e Komayã. Nessa etapa, a equipe da Funai fez o reconhecimento de roças da etnia Marubo e promoveu reuniões sobre etnodesenvolvimento na aldeia.
Entre o 26º dia e o 31º de viagem, a equipe retornou à aldeia Matxikiewái para construir a casa de farinha da comunidade. Os três dias seguintes foram dedicados à serragem de todo o madeiramento que seria utilizado na construção da casa de farinha na Aldeia Morada Nova. A expedição da Funai levou mais dois dias de navegação até chegar à Aldeia São Sebastião, onde a construção da infraestrutura da casa de farinha ocupou a equipe até o 39º dia de viagem. Entre o 40º e o 45º dia ocorreram a entrega de ferramentas na Aldeia Volta Grande e a navegação final de volta à cidade de Atalaia do Norte.
A expedição da Funai foi composta pelo chefe de Divisão Técnica da CR Vale do Javari, Iltercley Chagas Rodrigues, o chefe da Coordenação Técnica Local Atalaia do Norte III, Ricardo Sallum Freire, o chefe da Coordenação Técnica Local Atalaia do Norte II, Micherlângelo Neves, e Artur Sinimbu Silva, servidor da fundação responsável pela interlocução direta entre a coordenação regional e a CGETNO.
Assessoria de Comunicação / Funai