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Museu do Índio divulga balanço das atividades realizadas em 2021
Foto: Divulgação
O Museu do Índio (MI) encerrou 2021 com 21.174 bens culturais preservados na instituição, além de ter sido realizado o processamento técnico e a qualificação da coleção de 64 itens incorporados ao acervo museológico, resultante da pesquisa “Vida e Arte das Mulheres Baniwa, uma visão de dentro para fora”. O Museu é o órgão científico-cultural da Fundação Nacional do Índio (Funai) responsável pela Política Pública de Preservação de Bens Culturais, Línguas, Culturas e Acervos Indígenas.
O MI também obteve resultados positivos em relação ao acesso a seus acervos, devido ao investimento realizado na digitalização dos materiais, bases de dados e repositórios digitais, o que possibilitou a continuidade do atendimento a pesquisadores. Além disso, a instituição deu continuidade às contratações necessárias ao aprimoramento das condições e infraestrutura para preservação e garantia da segurança dos acervos. Foram adequadas as condições físicas dos espaços, modernizando a infraestrutura elétrica e identificando as condições de preservação da sede do Museu, um casarão tombado, localizado no Rio de Janeiro, construído em 1880, que abriga as exposições de longa e curta duração, biblioteca e acervo bibliográfico.
Um importante processo para a preservação dos acervos é a difusão, por meio de empréstimo ou cessão. Em 2021, o Museu realizou empréstimo de itens do acervo museológico para integrar a exposição “Gente-Peixe”, no Centro de Referência do Artesanato Brasileiro (CRAB). Esta foi a primeira mostra realizada no CRAB dedicada exclusivamente às culturas indígenas brasileiras.
Foram realizados, ainda, estudos necessários à reabertura da loja Artíndia, procedimentos de preservação constantes e investimento no aprimoramento das técnicas de monitoramento e controle dos estoques, com a implementação de um sistema de endereçamento logístico.
Línguas indígenas
Durante o ano de 2021 o MI deu continuidade ao projeto de divulgação técnico-científica para contribuir com a preservação e revitalização de línguas indígenas ameaçadas. A iniciativa teve como objetivo ampliar o acesso dos indígenas e de não indígenas aos acervos e documentos linguísticos, além de fortalecer as bases de conhecimento científico sobre línguas e culturas relacionadas.
Ao longo do ano, foi desenvolvida a versão beta da plataforma web de dicionários multimídia de línguas indígenas (Japiim), incluindo aplicativos para celulares e tablets Android. São as primeiras versões da ferramenta online, que tem por objetivo abrigar, de forma integrada, um banco de dados e de mídia sobre línguas indígenas faladas no Brasil. A plataforma pretende ser uma ferramenta tanto de publicação como de elaboração e edição colaborativa desses bancos de dados.
Capacitação de indígenas para técnicas de documentação em audiovisual
O Centro de Formação Indígena em Audiovisual de Goiânia (CAud-MI), unidade descentralizada do MI localizada em Goiás, realizou oficinas de introdução ao audiovisual, na modalidade online, para indígenas. As oficinas de introdução a técnicas básicas de filmagem e edição utilizando celular, ministrada pelos cineastas indígenas Graciela Guarani, Alberto Alvares e Takumã Kuikuro; e de animação em stop-motion, ministrada pelo professor Flávio Gomes, da Faculdade de Artes Visuais da Universidade Federal de Goiás, foram destaque em 2021, recebendo inscrições de representantes indígenas de diversas etnias e diferentes regiões do país. Do total de inscritos, 64 pessoas participaram e concluíram os cursos, entre elas alunos das etnias Anacé, Karajá, Kariri, Pataxó, Karão Jaguaribas, Potiguara, Tarairiú, Xukuru, Akroá Gamela, Tapirapé, Tupi e Xavante.
Projetos culturais propostos pelos indígenas
Entre julho e setembro de 2021, foi realizada a 1ª Chamada de Projetos Culturais 2021, para projetos de documentação audiovisual de práticas, saberes e bens culturais. Foram contempladas iniciativas propostas por representantes das etnias Zoró, Apurinã, Madjá (Kulina), Huni Kuin (Kaxinawá), Tingui, Botó, Xukuru, Kariri, Tabajara, Gueguê e Guarani Kaiowá.
Para projetos de produção de bens culturais para geração de renda, foram selecionadas iniciativas com a participação de representantes das etnias Potiguara, Tabajara, Warao e Kaingang. Dos projetos de produção de coleções etnográficas para salvaguarda foram selecionados projetos apresentados por indígenas Munduruku, Krahô, Myky, Manoki, Kaingang, Nhandeva, Krenak e Guarani Mbya.
A divulgação dos acervos, projetos e atividades por meio de exposições, publicações e estratégias de comunicação para diferentes segmentos da sociedade nacional foi realizada pelos canais da instituição. Ao todo, foram produzidos 348 conteúdos nas redes sociais do órgão, gerando 64.212 visualizações/engajamentos.
Projetos educativos, culturais e de acessibilidade
Mesmo no contexto da pandemia, que impôs o isolamento das comunidades indígenas e a suspensão das atividades presenciais nas escolas públicas e privadas, e ainda estando fechado ao público em virtude das obras de infraestrutura, o MI deu continuidade às atividades de divulgação das culturas indígenas para os estudantes, professores e público em geral, por meio de produtos audiovisuais.
As ações extramuros do programa “Museu do Índio Viajando” deram origem ao projeto Museu do Índio Viajando nas Redes. Foram lançados 21 vídeos que integram diferentes iniciativas, entre elas, o ciclo de vídeos Canaremundê Opeh – Puri em Sol, em parceria com o Museu Villa-Lobos; o ciclo Ana Pará Poty Kariri; e a série Viver, Lutar, o modo de ser Guarani, lançada em agosto, em homenagem ao Dia Internacional dos Povos Indígenas, nas redes do Museu do Índio e no site da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) de São Paulo. Em 2021, houve também a produção e lançamento da mostra virtual Os Céus dos Povos Originários, em parceria com o Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST).
Metas para 2022
Em 2022, o Museu tem como principais objetivos dar continuidade aos projetos de preservação e documentação de línguas, culturas e acervos. A instituição também atuará no desenvolvimento e lançamento de novos produtos de divulgação científica e cultural. Além disso, realizará investimentos na infraestrutura necessária à execução das suas atribuições de preservação, divulgação e educação, visando à reabertura da instituição ao público indígena e à sociedade em geral. O órgão pretende, ainda, intensificar as atividades de comunicação, com o objetivo de levar conteúdo ao público externo de forma dinâmica e inovadora.
Sobre o Museu do Índio
O Museu tem sob sua guarda um significativo conjunto de bens culturais de natureza arquivística, museológica e bibliográfica. O acervo etnográfico da instituição reúne mais de 20 mil objetos contemporâneos que são expressões da cultura material de 150 etnias. Suas origens remontam à década de 1940 e se estendem à atualidade, tendo em vista a crescente participação indígena nos processos para salvaguarda do patrimônio cultural e a constante incorporação de novas coleções obtidas diretamente junto a comunidades de todo o país.
O acervo arquivístico abrange conjuntos documentais de pesquisadores e fundos arquivísticos relativos à ação indigenista do Estado brasileiro desde o início do século 20, como o Fundo do Serviço de Proteção aos Índios (1910-1967), reconhecido pela Unesco como patrimônio cultural da humanidade. Por fim, o acervo bibliográfico é composto de coleções especializadas nas áreas de etnologia indígena, antropologia e política indigenista.
Além da unidade principal, no Rio de Janeiro, o Museu conta com unidades descentralizadas voltadas à capacitação de indígenas em audiovisual e a divulgação da cultura dos povos do Centro-Oeste: o Centro Audiovisual e o Centro Cultural Ikuiapá-CCI.
Assessoria de Comunicação / Funai
com informações do Museu do Índio