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Com foco no acesso ao crédito, Funai aproxima agricultores indígenas e instituições bancárias
Funai aproxima agricultores indígenas e instituições bancárias. Fotos: Mário Vilela/Funai
A Fundação Nacional do Índio (Funai) promoveu a aproximação de agricultores indígenas e instituições bancárias com o objetivo de estabelecer parcerias que possibilitem o acesso ao crédito. Foi durante visita do presidente da Funai, Marcelo Xavier, na quarta-feira (30), à produção de grãos dos indígenas Haliti-Paresi, Nambikwara e Manoki, no Mato Grosso, cuja atividade movimenta cerca de R$ 140 milhões ao ano. Acompanharam o presidente representantes do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e da Caixa Econômica Federal. Confira aqui as fotos da visita.
“Estamos promovendo um encontro inédito que deve render grandes frutos para as comunidades indígenas. Por meio do acesso ao crédito, essas atividades podem alcançar um patamar ainda mais expressivo, resultando em geração de renda e autonomia. Por isso a importância de aproximarmos os indígenas de instituições como BNDES e Caixa, que são potenciais parceiros para a concessão desse incentivo", destaca Xavier.
Além do presidente Marcelo Xavier, a comitiva da Funai contou ainda com a presença do diretor de Promoção ao Desenvolvimento Sustentável, Fernando Fantazzini Moreira, do coordenador regional da Funai em Cuiabá (MT), Benedito Garcia Araújo, e do chefe da Coordenação Técnica Local (CTL) de Campo Novo, Joelson Kinizokemaece. Pelo BNDES, participou o assessor da Presidência, Fernando Anton Basus Bispo, e pela Caixa Econômica Federal a superintendente do Mato Grosso, Daiana Sarda, a superintendente executiva de Atacado, Larissa de Fátima Ramos, e o superintendente executivo de Varejo na região, Jonathan Barcelo.
O representante do BNDES, Fernando Bispo, afirma ser surpreendente visualizar a produção agrícola dos indígenas e o empenho deles nessa iniciativa. "O nível de engajamento surpreende, assim como a produção que vai ser entregue. O BNDES possui várias ferramentas que podem ser utilizadas nessa parceria, seja no crédito ou no apoio da cadeia produtiva. Queremos somar e trazer um desenvolvimento amplo a esse modelo de projeto junto aos indígenas", destaca Fernando.
De acordo com a liderança indígena da etnia Haliti-Paresi Arnaldo Zunizakaê, o acesso ao crédito oficial vai auxiliar na redução dos custos da produção agrícola. "A conquista do crédito vem pra viabilizar o aumento da nossa produção e alavancar o andamento dos projetos indígenas. Também vamos passar a pagar valores justos nos juros e obter o aumento de prazos. Considero fundamental o apoio da Funai em todo o processo, já que ela tem sido o nosso vínculo com as instituições, proporcionando essa aproximação", pontua Arnaldo.
O cultivo de grãos como soja, milho e feijão pelas etnias Haliti-Paresi, Nambikwara e Manoki ocorre em locais já antropizados, sendo um exemplo bem-sucedido de etnodesenvolvimento na Região Centro Oeste. A Funai vem apoiando em todo o país iniciativas como essa, que promovem a autonomia das comunidades indígenas, por meio da geração de renda, de forma responsável.
Localizadas em áreas próximas aos municípios de Campo Novo do Parecis e Sapezal, as lavouras ocupam quase 20 mil hectares de um total de 1,3 milhão de hectares – ou seja, apenas 1,7% da área indígena é usada na atividade agrícola. A produção de soja na safra deste ano, por exemplo, foi de 3.600 toneladas por hectare, o que corresponde a 60 sacas por hectare, em média - mais de 1 milhão de sacas de soja de 60 quilos cada uma.
Quatro cooperativas indígenas atuam conjuntamente nas lavouras: Cooperativa Agropecuária dos Povos Indígenas Haliti-Paresi, Nambikwara e Manoki (Coopihanama), Cooperativa Agropecuária do Povo Indígena Haliti-Paresi (Coopiparesi), Cooperativa dos Produtores Rurais da Cultura Mecanizada da Etnia Paresi (Coopermatsene) e a Cooperativa Agropecuária Indígena Rio Verde (Coopirio). Na ocasião, a comitiva visitou os escritórios da Coopihanama em Campo Novo do Paresi e da Coopiparesi na área indígena.
Juntas, as cooperativas movimentam a renda local a partir do cultivo de grãos em lavouras distribuídas em cinco Terras Indígenas: Paresi, Rio Formoso e Utiariti (etnia Paresi), Irantxe (etnia Manoki); e Tirecatinga (etnia Nambikwara). Aproximadamente 3 mil indígenas são diretamente beneficiados com o trabalho.
Para o líder indígena e diretor financeiro da Coopiparesi, Genilson Kezomae, a possibilidade de financiamento vai ampliar o projeto agrícola, em termos de insumos, materiais e logística. "Agora temos a oportunidade de diálogo com essas instituições, e a Funai foi fundamental para auxiliar nessa aproximação. Queremos criar um marco de financiamento público para as comunidades indígenas brasileiras", destaca Genilson.
Avanço
Na atual gestão da Funai, sob liderança do presidente Marcelo Xavier, foi assinado um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) visando regularizar a produção agrícola, por meio de lavouras mecanizadas, nas Terras Indígenas Rio Formoso, Paresi, Utiariti, Tirecatinga e Irantxe, em Mato Grosso. Com o TAC, os indígenas puderam retomar a utilização da área designada para a produção agrícola mecanizada, a fim de viabilizar o comércio no exterior. O documento foi assinado pela Funai, Ministério Público Federal, Ibama e cooperativas dos indígenas Haliti, Nambikwara e Manoki.
Parecis SuperAgro 2022
No mesmo dia, a comitiva participou da abertura da “Parecis SuperAgro 2022: Feira de Tecnologia e Negócios”, que segue até sexta (1°) no Parque de Exposições Odenir Ortolan, em Campo Novo do Parecis (MT). Entre os destaques desta edição está a produção de grãos desenvolvida pelos indígenas. O evento é considerado um dos maiores do segmento no estado do Mato Grosso.
Na ocasião, também foi apresentado um estudo sobre a regularização ambiental da agricultura em Terras Indígenas. O documento foi protocolado pela etnia junto ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) a fim de obter o licenciamento ambiental da atividade, o que é considerado um marco para a produção indígena.
A comitiva da Funai e instituições bancárias visitou os estandes da Cooperativa Agropecuária dos Povos Indígenas Haliti-Paresi, Nambikwara e Manoki (Coopihanama) e da Cooperativa Agropecuária do Povo Indígena Haliti-Paresi (Coopiparesi), onde foram apresentadas as principais demandas das entidades, bem como detalhados os avanços obtidos nos últimos anos.
Assessoria de Comunicação/Funai