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Com apoio da Funai, etnia Kaingang inaugura Casa do Artesão Indígena em Santa Catarina
Foto Divulgação/Funai
Ocorreu, no último dia 28, a inauguração da Casa do Artesão Indígena na Terra Indígena Kondá, município de Chapecó, estado de Santa Catarina. Construída com recursos da Fundação Nacional do Índio (Funai), a obra destina-se à comercialização do artesanato Kaingang, beneficiando cerca de 1,3 mil indígenas da etnia.
O projeto foi executado pela Coordenação Regional (CR) Interior Sul, unidade descentralizada da Funai em Chapecó, com aporte de R$ 80 mil da Coordenação-Geral de Promoção ao Etnodesenvolvimento (CGETNO) da fundação e apoio da Coordenação de Gênero, Assuntos Geracionais e Participação Social (Cogen), vinculada à Coordenação-Geral de Promoção da Cidadania (CGPC) da Funai.
A Casa do Artesão Indígena é formada por dois cômodos de exposição e venda do artesanato mais um depósito. Ferramentas para a confecção dos objetos e um minitrator para a coleta de matéria-prima também estão à disposição das famílias artesãs. O local será administrado diretamente pela Associação dos Artesãos Indígenas Kamé Kanhru da Terra Indígena Kondá.
Conforme explica a coordenadora da CR Interior Sul, Azelene Inácio, a Casa do Artesão Indígena vai permitir a comercialização do artesanato na própria comunidade indígena. "Isso vai possibilitar principalmente às mulheres indígenas mostrarem seu trabalho. Esse tipo de ação é muito importante para fortalecer a cultura Kaingang, guardando a memória ancestral dessa etnia”, salienta Azelene Inácio, que é indígena da etnia Kaingang, socióloga e servidora da Funai há 30 anos.
História
Os Kaingang também têm no artesanato a principal fonte de renda e subsistência de suas aldeias. Além da importância econômica, a atividade artesanal representa o resgate de aspectos culturais imprescindíveis à própria identidade indígena. No entanto, com o passar do tempo, as famílias da etnia não tiveram mais condições de praticar a cerâmica, uma de suas características culturais mais marcantes, desde a pré-história.
Para Azelene Inácio, a retomada do artesanato Kaingang é culturalmente extraordinária porque resgata, junto com os fragmentos da cerâmica, os fragmentos culturais que se perderam no tempo. "Resgatamos parte do nosso pertencimento como grupo Jê, com características e cosmologia próprias, ressignificando algumas de nossas lutas”, pontua.
Azelene afirma que são válidas todas as formas de resgate que buscam fortalecer o pertencimento à cultura indígena. “Os Kaingang não têm pinturas corporais, apenas faciais, e grafismos em artesanato que, em grande parte, é utilitário. Nossa cerâmica era usada tanto nas casas quanto em urnas funerárias, nas quais eram enterrados os nossos mortos”, conclui a coordenadora regional da Funai.
Assessoria de Comunicação / Funai