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Com apoio da Funai, agricultores indígenas expõem produtos na AgroBrasília 2022
Banana, café, açaí, castanha, cacau, mel, farinha de mandioca, batata doce e mamão são alguns dos itens produzidos em áreas indígenas e apresentados na AgroBrasília 2022. Foto: Mário Vilela/Funai
Com o apoio da Fundação Nacional do Índio (Funai), mais de 30 agricultores indígenas de diferentes etnias do país participam como expositores na “AgroBrasília 2022: Feira de Tecnologia e Negócios do Agro”, que termina neste sábado (21). Banana, café, açaí, castanha, cacau, mel, farinha de mandioca, batata doce e mamão são alguns dos itens produzidos em áreas indígenas e apresentados na feira, além do tradicional artesanato indígena, adereços e medicamentos feitos a partir de plantas medicinais.
Em uma iniciativa inédita, a fundação possibilitou a vinda de produtores indígenas de etnias como Haliti-Paresi (MT), Xavante (MT), Cinta Larga (RO), Suruí (RO), Guajajara (MA), Kaingang (SC) e Tapuia (GO) ao evento em Brasília, para que pudessem não só expor seu produtos mas também trocar experiências com expositores de outros estados.
A diversidade de produtos das áreas indígenas chama a atenção do público que circula pela feira. Ao visitar o estande da Funai, o representante da Embaixada da República de Belarus no Brasil, Maksim Zadnepryanyi, demonstrou surpresa ao saber da produção de cacau nas Terras Indígenas e que o fruto dá origem ao chocolate.
“É surpreendente ver as riquezas produzidas pelos indígenas, são frutos que muitas pessoas não conhecem, eu mesmo nunca havia visto ou provado a semente do cacau. É um aprendizado poder conversar com o indígena que vive essa realidade na Amazônia”, pontuou Zadnepryanyi, que foi acompanhado pelo presidente da Cooperativa de Produção e Desenvolvimento do Povo Indígena Paiter Suruí (Coopaiter), Naraymi Suruí, durante a visita no estande da Funai.
Para o presidente da Cooperativa Garah Itxa, Celso Suruí, participar da AgroBrasília é uma grande oportunidade para os produtores indígenas. “Estamos orgulhosos de apresentar o fruto produzido nas nossas terras e o produto final, como o café e a castanha. Muitas pessoas ficam surpresas quando chegam aqui e visualizam o resultado do nosso trabalho, é gratificante para nós”, afirma a liderança.
Todos os produtos da exposição estão sendo comercializados pelos indígenas durante o evento. O café produzido pela etnia Paiter Suruí e comercializado em parceria com a empresa 3Corações ganhou destaque na feira, assim como a Castanha do Brasil, produzida pelas etnias Cinta Larga e Suruí, de Rondônia.
Participação do presidente da Funai
O presidente da Funai, Marcelo Xavier, esteve presente na feira na terça-feira (17). Na ocasião, Xavier percorreu as dependências do espaço da AgroBrasília 2022 e visitou os estandes das etnias participantes, prestigiando os itens produzidos pelos indígenas em aldeias de diferentes regiões do país. Para o presidente da Funai, a iniciativa é um incentivo da fundação à autonomia das populações indígenas por meio do etnodesenvolvimento e da produção sustentável.
"Temos acompanhado o surgimento e consolidação de inúmeras atividades exitosas, cujo retorno para as comunidades é extremamente relevante. Com total respeito à autonomia dos indígenas, queremos seguir contribuindo para que eles conquistem novos mercados e alcancem independência econômica, sempre com respeito aos usos, costumes e tradições de cada etnia", pontua Xavier, que esteve acompanhado no evento de sua esposa, Jucilene Rodrigues.
O presidente da Funai também prestigiou uma apresentação de dança tradicional Haliti-Paresi e parabenizou todos as etnias pelos trabalhos apresentados, ressaltando que, em toda a história da AgroBrasília, essa é a primeira vez que indígenas participam como expositores. “Essa conquista representa uma enorme quebra de paradigmas, pois mostra que os indígenas querem e podem produzir, sendo perfeitamente possível aliar desenvolvimento econômico sustentável com a manutenção da cultura, levando dignidade e melhores condições de vida às aldeias. E reforço: quem tem que dizer o que verdadeiramente quer para as comunidades são os próprios indígenas”, destacou Xavier.
Além da exposição, os indígenas participam de palestras, cursos e debates sobre o agronegócio e agricultura familiar, além de poder realizar intercâmbio de conhecimentos e experiências com outros expositores e ficar por dentro das últimas tecnologias desenvolvidas para o campo.
A participação dos indígenas na AgroBrasília 2022 foi viabilizada pela Diretoria de Promoção ao Desenvolvimento Sustentável (DPDS) da Funai, por meio da Coordenação-Geral de Promoção ao Etnodesenvolvimento, cujo coordenador, Denis Raimundo de Quadros Soares, também compareceu ao evento e acompanhou a exposição dos produtos indígenas.
Etnodesenvolvimento nas aldeias
Nos últimos anos, a Funai investiu aproximadamente R$ 30 milhões em projetos voltados à geração de renda nas aldeias. Os recursos foram destinados para diversas ações que visam a autossuficiência, como a aquisição de materiais de pesca, sementes, mudas, insumos, ferramentas, maquinário agrícola, apoio para o escoamento da produção e realização de cursos de capacitação para os indígenas.
Entre os projetos que contam com o apoio da Funai e que têm apresentado resultados expressivos na transformação da realidade das comunidades indígenas estão a produção de grãos da etnia Paresi no Mato Grosso, a colheita de castanha dos Cinta Larga em Rondônia, a produção de camarão da etnia Potiguara na Paraíba e a produção artesanal dos indígenas Guarani no Sul do país.
Exemplo de produção no Mato Grosso
As lavouras cultivadas pelos Haliti-Paresi, Nambikwara e Manoki, no Mato Grosso, ocupam quase 20 mil hectares de um total de 1,3 milhão de hectares – ou seja, apenas 1,7% da área indígena é usada na atividade agrícola. O plantio ocorre em locais já antropizados, sendo um exemplo bem-sucedido de etnodesenvolvimento na Região Centro Oeste. A produção de grãos como soja, milho e feijão movimenta cerca de R$ 140 milhões ao ano.
Projeto Independência Indígena
Por meio do projeto Independência Indígena, a cooperativa Xavante Cooigraandesan busca incentivar a produção sustentável em comunidades indígenas do Mato Grosso. Nas diversas ações, o projeto disponibiliza ferramentas e maquinários utilizados no plantio e colheita do arroz, bem como promove a capacitação de indígenas na operação de tratores e práticas de cultivo, beneficiando 57 aldeias.
Na última safra, os indígenas colheram cerca de 50 hectares de arroz. A intenção é plantar também, num futuro próximo, soja e milho em uma pequena área da Terra Indígena. O projeto Independência Indígena é uma parceria entre diferentes instituições como a Funai, o Governo do Mato Grosso, o Sindicato Rural de Primavera do Leste e a Cooigrandesan, e conta com o apoio de dezenas de caciques da região.
Produção de café e castanha se consolida em Rondônia
A produção de café se consolidou com uma das principais atividades produtivas das comunidades indígenas em Rondônia. Desde 2018 a produção de café indígena é vendida para o grupo 3Corações, por meio de acordo que prevê o aumento da produtividade com foco na qualidade do café especial sustentável. A unidade descentralizada da Funai em Cacoal apoia os cafeicultores indígenas ainda por meio da logística do transporte da produção e o fornecimento de materiais como sacarias, lonas e peneiras utilizados na colheita do grão.
Além do café, a coleta e o beneficiamento da castanha-da-Amazônia geram emprego para cerca de 280 famílias indígenas que garantem sua renda com a comercialização do produto para os estados de São Paulo, Santa Catarina e Goiás, além dos municípios de Rondônia.
Sobre a AgroBrasília
A AgroBrasília é uma feira de tecnologia e negócios voltada para empreendedores rurais de diversos portes e segmentos. Realizada pela Cooperativa Agropecuária da Região do Distrito Federal (COOPA-DF), serve como vitrine de novas tecnologias para o agronegócio e tem um cenário de referência em debates, palestras e cursos sobre diversos temas relacionados ao próprio setor produtivo. A 14° AgroBrasília ocorre até o dia 21 de maio, com expectativa de receber de 90 a 120 mil visitantes nos cinco dias de programação da Feira. Confira a programação completa aqui .
Assessoria de Comunicação/Funai