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Indígenas da etnia Apinajé formam a segunda brigada voluntária feminina do Brasil
Foto: Bruno Kelly/USFS
Quarenta mulheres indígenas da etnia Apinajé participaram de um treinamento para aprender a combater incêndios florestais e fazer a queima prescrita de proteção no estado do Tocantins. O curso de formação em campo e sala de aula resulta em esforços conjuntos para diminuir os incêndios em uma área de 142 mil hectares localizada entre os rios Araguaia e Tocantins. Com a conclusão da etapa de formação, elas integram a segunda brigada indígena voluntária totalmente feminina do Brasil.
O curso foi realizado pelo Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Prevfogo/Ibama), em parceria com o Serviço Florestal dos Estados Unidos (USFS) e apoio da USAID/Brasil no âmbito do Programa de Manejo Florestal e Prevenção de Fogo do Brasil e da Fundação Nacional do Índio (Funai). No ano passado, também no Tocantins, o programa formou a primeira brigada indígena voluntária feminina com 29 mulheres Xerente.
A professora bilíngue Maria Aparecida Apinajé, a Cida, foi uma das lideranças que buscou a parceria para levar o curso até a comunidade indígena, com o intuito de garantir a preservação da área e da cultura para as futuras gerações. “A brigada veio somar e dar protagonismo às mulheres Apinajé. Nosso espaço de liderança é recente. Culturalmente as mulheres cuidam da roça, da casa e das crianças. Mas já temos sete caciques mulheres aqui”, pontua Cida.
Ela explica que, além de destruir os recursos naturais fundamentais para a alimentação e construção das casas, o fogo destrói também a cultura local ao impedir, por conta da fumaça, as festividades, ou mesmo as cerimônias de cura realizadas pelo pajé com as ervas medicinais, cada vez mais difíceis de encontrar.
O curso de formação da brigada voluntária indígena feminina Apinajé também contou com o apoio do Fundo Casa Socioambiental e dos municípios de Tocantinópolis, Cachoeirinhas e Maurilândia (TO).
Manejo Integrado do Fogo
O Manejo Integrado do Fogo (MIF) para combater incêndios florestais é uma atividade relativamente recente no Brasil. O manejo consiste em diversas estratégias de planejamento e gestão para prevenir e combater os incêndios florestais. Uma dessas estratégias é a queima prescrita, prática de colocar fogo de forma controlada em áreas estratégicas.
É preciso diferenciar a queima prescrita dos incêndios florestais. Enquanto o primeiro é um fogo controlado, feito na época das chuvas e que ajuda a prevenir incêndios severos, o segundo é descontrolado, geralmente de grandes proporções e pode ser causado por fenômenos naturais ou atos criminosos.
Na comunidade Apinajé, todos os anos brigadistas discutem com a comunidade os lugares mais importantes de preservação, como aldeias, lugares sagrados e fontes de água, para aplicar o uso do fogo ao redor dessas áreas. Dessa forma, no período crítico de seca o fogo encontra a área que já foi queimada e tem um impacto bem menor para a comunidade.
As ações de prevenção aos incêndios florestais não param no curso. Os próximos passos das brigadistas indígenas Apinajé incluem atividades de coleta de sementes e produção de mudas, queima prescrita e intercâmbio com outras brigadas indígenas do Tocantins e Maranhão.
Assessoria de Comunicação/Funai
com informações da USAID