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Em Minas Gerais, uso da fibra da embaúba faz parte da cultura de indígenas Maxakali
Foto: Acervo Funai
Indígenas da etnia Maxakali, que habitam o extremo nordeste de Minas Gerais, na divisa com o estado da Bahia, utilizam tradicionalmente a fibra da umbaúba, espécie de árvores típica da região. Com o material, os indígenas confeccionam artesanato, bolsas, redes de pesca, redes para carregar as crianças, fios para arcos, vestidos, colares, entre outros artigos da cultura indígena local.
As mulheres Maxakali fiam e enlaçam delicadamente sobre as pernas as fibras retiradas da casca das embaúbas. Elas desenvolveram uma refinada arte de enlace, sem nós, modelando as malhas ao mesmo tempo em que fazem as linhas. Os trançados criam tessituras fluidas que reproduzem, por exemplo, ambientes aquáticos, escamas de peixes e patas de jacaré. Em outros casos, quando os enlaces são muito fechados, são representadas casas de abelhas, vespas e marimbondos.
Os Maxakali saem em grupo para buscar a embaúba nos boqueirões já distantes das aldeias. A etnia desenvolveu técnicas de manejo e um antídoto contra a mordida das formigas que habitam o interior dos troncos. Enquanto trabalham, as mulheres entoam os cantos da embaúba, trazidos por espíritos. Esses cantos acompanham as etapas de coleta, raspagem, secagem e enlace da embaúba, que visam à produção da "Tuthi", mãe-fibra ou linha encantada para os Maxacali.
Mais do que práticas do cotidiano indígena, todos os processos compreendidos na fabricação da fibra da embaúba envolvem a mediação e interação com o mundo espiritual, bom como com saberes ancestrais. As peças produzidas podem ser usadas, ainda, para procedimentos xamânicos de cura e outros que visam ao bem-estar de toda a comunidade. Além de reforçar usos e costumes tradicionais, a confecção e uso da mãe-fibra traduz o protagonismo, a força e o poder das mulheres Maxacali.
Assessoria de Comunicação/Funai
com informações do Museu do Índio e da Universidade Federal de Minas Gerais