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Etnodesenvolvimento
Projeto indígena de produção de mel no Espírito Santo alcança safra recorde
O projeto de meliponicultura Tupyguá, nome que representa a união das duas etnias criadoras, Tupiniquim e Guarani, apresentou, neste ano, safra recorde de mel. Com uma proposta inovadora, a iniciativa é realizada por indígenas de 12 aldeias do norte do Espírito Santo e leva um produto único e diferenciado a todo o Brasil.
Das 260 colônias destinadas à produção, um total de 725 kg de mel, 60 kg de pólen e 40 kg de cera foram colhidos pelo projeto, que teve início em 2012. A ação integra o Plano de Sustentabilidade Tupiniquim e Guarani (PSTG), apoiado pela então Fibria Celulose S/A (hoje Suzano S/A), e tem como representação indígena o Conselho de Caciques das Terras Indígenas de Aracruz (MG).
O mel Tupyguá tem sido utilizado por chefes renomados em todo o país e é estrela de vários cardápios de restaurantes da região. Na gestão atual da Fundação Nacional do Índio (Funai), o órgão tem realizado inspeções nas Terras Indígenas Tupiniquim Guarani e Caieiras Velha, para que, dessa forma, tudo seja produzido dentro da legalidade e de acordo com as políticas de Gestão Ambiental.
O presidente da Funai, Marcelo Xavier, destaca os benefícios da meliponicultura para a autonomia dos indígenas. “A atividade é uma alternativa de sucesso para os indígenas, pois auxilia na geração de renda, por meio da comercialização do mel e derivados, ao mesmo tempo em que preserva o meio ambiente, com a prestação de serviços ambientais, agregando valor à produção”, pontua Xavier.
História
A criação de abelhas nativas sem ferrão, mais conhecidas como abelhas indígenas, recebe o nome de meliponicultura. A prática já era realizada há muito tempo pelos indígenas da América Latina, em especial do Brasil, e os principais produtos da meliponicultura podem ser vistos na produção e comercialização de colmeias, mel, pólen, resinas e própolis.
A iniciativa de investir na criação de abelhas nativas se amparou em três vertentes fundamentais: cultural, econômica e ambiental. Do ponto de vista cultural, a prática de meliponicultura promove o resgate de um costume tradicional praticamente perdido pelos indígenas, dadas as restrições ambientais e lapsos de transmissão cultural intergeracional. Do ponto de vista econômico, o mel de abelhas nativas possui grande potencial como alimento capaz de contribuir com a segurança alimentar e gerar renda. E, por último, do ponto de vista ambiental, o serviço de polinização oferecido pelas abelhas colabora com a regeneração de florestas nativas e com a produtividade de pomares e roças.
O trabalho começou com três famílias (duas Tupiniquim e uma Guarani), em três aldeias, com o total de 24 colônias da abelha uruçu-amarela (Melipona mondury). Gradativamente, por meio da realização de ações apoiadas pela empresa Suzano, como cursos, multiplicação de colônias e acompanhamento técnico, o projeto ganhou o interesse de outras famílias indígenas e se desenvolveu.
O sucesso culminou na criação de uma marca de produtos agroecológicos 100% indígenas, a Tupyguá, e a criação, em 2018, de uma cooperativa, a Coopyguá (Cooperativa de Agricultores Indígenas Tupiniquim e Guarani de Aracruz). Atualmente, 75 famílias estão envolvidas com o trabalho, manejando mais de 1.200 colônias de abelhas sem ferrão nas 12 aldeias do território, e ampliando a produção a cada ano.
A empresa Suzano incorporou o apoio à meliponicultura ao escopo do seu Escritório de Projetos de Aracruz desde o início de 2019, quando ocorreu a fusão com a empresa Fibria. A intenção é dar continuidade ao incentivo, difundindo atividades e fortalecendo a Coopyguá.
Para o coordenador regional de Minas Gerais e Espírito Santo, André Sucupira, a meliponicultura é uma das diversas iniciativas possíveis que comprovam que o desenvolvimento sustentável em Terras Indígenas é perfeitamente possível se realizado de modo integrado e participativo. "A Cooperativa é uma forma de alcançar a autonomia das comunidades indígenas, a tão sonhada autogestão se torna a prática, um caminho que eles mesmos escolheram trilhar”.
Uma trajetória de sucesso
2012
• Início do projeto com três famílias (duas Tupiniquim e uma Guarani), em três aldeias (Comboios, Pau Brasil e Boa Esperança) e 24 colônias da abelha uruçu-amarela (Melipona mondury);
• Capacitação dos meliponicultores, acompanhamento técnico e multiplicação de colônias para aumento de plantel;
• Resultado da multiplicação: 57 colônias manejadas no final de 2012.
2013
• Acompanhamento técnico e multiplicação de colônias nos três meliponários para aumento do plantel de abelhas;
• Resultado da multiplicação: 106 colônias manejadas no final de 2013, o que possibilitaria a criação de 17 novos meliponários em 2014.
2014
• Fundação de 17 novos meliponários familiares, totalizando 20, envolvendo também as aldeias Areal, Caieiras, Córrego do Ouro, Irajá e Três Palmeiras;
• Capacitação dos novos meliponicultores, acompanhamento técnico e multiplicação de colônias para aumento de plantel;
• Resultado da multiplicação: 382 colônias manejadas no final de 2014, o que possibilitaria a implantação de mais 20 meliponários em 2015;
2015
• Fundação de 20 novos meliponários familiares, totalizando 40, envolvendo também a aldeia Boa Vista;
• Capacitação dos novos meliponicultores, acompanhamento técnico e multiplicação de colônias para aumento de plantel;
• Resultado da multiplicação: 691 colônias manejadas no território no final de 2015, o que possibilitaria a fundação de mais 20 meliponários em 2016;
• Coleta de mel nos primeiros três meliponários (fundados em 2012): 30 colônias destinadas à produção e 90kg de mel colhidos, o que comprovou o potencial produtivo da meliponicultura no território.
2016
• Fundação de mais 20 meliponários familiares, totalizando 60, envolvendo também as aldeias Olho D'Água e Nova Esperança;
• Capacitação dos novos meliponicultores, acompanhamento técnico e multiplicação de colônias para aumento de plantel;
• Coleta da segunda safra de mel, em 20 meliponários (turmas 2012 e 2014);
• Realização do grande encontro de meliponicultores, na aldeia Pau Brasil, no dia 06 de fevereiro, onde foi escolhido o nome Tupyguá para a marca dos produtos das abelhas;
• Elaboração da primeira coleção de embalagens e rótulos; primeira leva de comercialização dos produtos Tupyguá;
2017
• Foco no fortalecimento do grupo, na comercialização dos produtos e estruturação do negócio;
• Coleta da terceira safra: 270 colônias destinadas à produção e 460kg de mel colhidos;
• Realização de dois grandes encontros de meliponicultores;
2018
• O projeto seguiu com foco no fortalecimento do grupo, na comercialização dos produtos e estruturação do negócio;
• Coleta da quarta safra de mel, com as 60 famílias: 350 colônias destinadas à produção e 600kg de mel colhidos;
• Fundação da Cooperativa de Agricultores Indígenas Tupiniquim e Guarani de Aracruz
2019
• Foco na comercialização dos produtos e fortalecimento da Cooperativa;
• Coleta da quinta safra de mel: 350 colônias destinadas à produção, 600kg de mel, 40kg de cera e 60kg de pólen colhidos;
• Elaboração do Plano Estratégico de Sustentabilidade 2020-2022 da Coopyguá.
• Lançamento do site
www.tupygua.com.br
2020
• Colheita dos produtos: 220 colônias destinadas à produção, 465kg de mel, 50kg de pólen e 30kg de cera colhidos;
• Desenvolvimento de novas embalagens para a linha Tupyguá.
2021
• Fundação de 15 novos meliponários familiares, totalizando 75;
• Capacitação dos meliponicultores, acompanhamento técnico e multiplicação de colônias para aumento de plantel;
• Safra recorde: 260 colônias destinadas à produção, 725kg de mel, 60kg de pólen e 40kg de cera colhidos;
• Reformulação do site e lançamento da loja virtual no
www.tupygua.com.br
Assessoria de Comunicação/Funai