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No Mato Grosso, indígenas Xavante colhem mais de 100 toneladas de arroz
A produção leva autonomia e dignidade às comunidades indígenas. Foto: Mário Vilela/Funai
Produtores da etnia Xavante que vivem na Terra Indígena Sangradouro, no estado de Mato Grosso, realizaram a colheita de cerca de 106 toneladas de arroz, o equivalente a 2.630 sacas do produto. A conquista faz parte do Projeto Independência Indígena, iniciativa que busca incentivar a produção sustentável em comunidades indígenas do estado e recebe o apoio da Fundação Nacional do Índio (Funai).
“Esse projeto inovador fortalece o etnodesenvolvimento. Esperamos que a iniciativa possa ser difundida para todo o Brasil. O indígena tem todo o direito de ser protagonista da sua própria história, e ele não deixa de ser indígena por querer buscar melhores condições de vida”, destacou o presidente da Funai, Marcelo Xavier.
No início do ano, foram plantados 50 hectares do alimento, num território que possui mais de 100 mil hectares. “A lavoura de arroz vai trazer diversos benefícios para a comunidade, como a garantia da segurança alimentar das famílias e geração de renda na aldeia. Os indígenas pretendem, em um futuro próximo, alcançar mil hectares de arroz”, acrescentou Xavier.
O Projeto Independência Indígena é uma parceria entre a Cooperativa Indígena Sangradouro e Volta Grande e produtores rurais de Primavera do Leste, e conta com o apoio de instituições como a Funai, o Governo do Mato Grosso, o Sindicato Rural de Primavera do Leste, além de dezenas de caciques da região. Nas diversas ações, o projeto disponibiliza ferramentas e maquinários utilizados no plantio e colheita do arroz, bem como promove a capacitação de indígenas em operação de tratores e práticas de cultivo, beneficiando cerca de 3 mil indígenas em 57 aldeias.
Segundo o cacique e presidente da Cooperativa Indígena Sangradouro e Volta Grande, Gerson Warawe, 50% da safra será utilizada como semente para o próximo plantio, e a outra metade será destinada para cobrir despesas de produção e atender às demandas de consumo interno das comunidades. “Mesmo com pouco tempo de trabalho, conseguimos obter uma quantidade considerável de arroz, que servirá para alimentar o nosso povo”, ressaltou.
“Queremos sair do assistencialismo e levar dignidade para as nossas comunidades, buscando a melhoria das condições de vida de toda a coletividade. O projeto é muito importante para a independência do povo Xavante da região de Sangradouro e vai nos trazer muitos benefícios”, salientou o cacique.
Gerson Warawe aponta também que a atividade agrícola contribui para preservar e reforçar a cultura do seu povo. “Vamos continuar com nossas cerimônias, nossas festas e rituais. Não vamos perder nossa tradição. Pelo contrário, com geração de renda, dignidade e independência podemos fortalecer ainda mais cultura”, frisou. “Agradecemos a Funai por nos apoiar e acreditar na população da Terra Indígena Sangradouro”, completou.
Dia de Campo
Uma comitiva da Funai, liderada pelo presidente Marcelo Xavier, participou de um Dia de Campo na Terra Indígena Sangradouro, no final do mês de abril. O evento marcou o início da colheita de arroz pelos agricultores Xavante da região. A solenidade contou também com representantes das etnias Bakairi, Umutina, Suruí, Tukano, Paresi, Kaingang, Xucuru, entre outros. Os convidados foram recebidos com um ritual de boas-vindas, que contou com uma apresentação de danças tradicionais dos Xavante. Saiba mais aqui.
Assessoria de Comunicação/Funai