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Indígenas Paresi, Nambikwara e Manoki iniciam plantio da safra de soja convencional no Mato Grosso
Fotos: Divulgação
Indígenas das etnias Haliti-Paresi, Nambikwara e Manoki começaram o plantio da safra de soja convencional no noroeste do Mato Grosso. Para a safra 2021-2022, a estimativa é de que a produção atinja mais de um milhão de sacas de soja. O grão é produzido em uma área total de 19.600 hectares de lavouras distribuídas em cinco Terras Indígenas: Paresi, Rio Formoso e Utiariti da etnia Paresi, Irantxe da etnia Manoki; e Tirecatinga da etnia Nambikwara. Confira o vídeo.
Juntas, essas Terras Indígenas somam aproximadamente 1,1 milhão de hectares, dos quais apenas 1,7 % da área são destinados ao projeto de agricultura mecanizada. De acordo com Arnaldo Paresi, membro da Cooperativa Agropecuária dos Povos Indígenas Haliti-Paresi, Nambikwara e Manoki (Coopihanama), uma das quatro cooperativas indígenas envolvidas na produção, nesta safra houve atraso para o início do cultivo devido ao clima. "A chuva deu uma atrasada e começamos a plantar por volta do dia 8 e 10 de outubro. A expectativa é que até o dia 28 deste mês a gente esteja com todo o plantio concluído", avalia o produtor indígena.
A produção de soja emprega aproximadamente 250 trabalhadores diretos, dos quais 95% são indígenas. No período do plantio esse número é maior, o que inclui a mão de obra não indígena, feita por trabalhadores terceirizados. “É um caminhão que a gente não tem, um muque, algumas carretas, os mecânicos... São as pessoas temporárias que trabalham com a gente. Seguramente nós estamos aí com um pouco mais de 300 trabalhadores no período do plantio”, afirma Arnaldo Paresi.
Produção
Sobre a estimativa da safra atual, ele está otimista. “Se a chuva colaborar como parece que vai ser melhor que o ano passado, o investimento que nós fizemos é para que a gente colha acima de 60 sacas por hectares”, afirma Arnaldo ao comentar sobre o projeto agrícola das cooperativas. “Todo o plantio é convencional. As principais variedades que estamos plantando é a soja 4377 e a 4182, que é uma soja desenvolvida lá no início pela Embrapa e que muitas sementeiras multiplicam hoje. A gente não pode plantar soja transgênica porque existe uma moratória do governo anterior”, conta.
Um dos primeiros indígenas a plantar soja antes do modelo de cooperativas, Arnaldo Paresi faz um breve resumo da gestão da atividade agrícola feita pela Coopihanama. “Essa safra que começa agora foi liberada no dia 15 de setembro quando terminou o vazio sanitário aqui no Mato Grosso. É a safra principal. Por isso plantamos tudo de soja e vamos colher lá em janeiro. No mesmo dia em que começamos a colher já entramos com o plantio da safrinha, que geralmente é milho ou o milho de pipoca. Aí a gente finaliza o plantio com variedades de feijão, que requer menos chuva”, explica o produtor indígena.
"A atividade garante a permanência do nosso povo, das nossas famílias, dos nossos jovens aqui dentro da Terra Indígena. Se não fosse esse projeto de agricultura, com certeza esses quase 300 indígenas estariam trabalhando nas fazendas circunvizinhas ou nas cidades. Então é bastante importante porque, além de gerar renda e trazer uma qualidade de vida através do repasse social e do salário que eles recebem, esse trabalho faz com que essas pessoas permaneçam dentro da Terra Indígena junto com as suas famílias, vivenciando o dia a dia de uma aldeia”, salienta Arnaldo.
Cada indígena que vive em uma das Terras Indígenas onde atua a Coopihanama recebe, em média, R$ 4 mil anuais como repasse social. O resultado financeiro das atividades agrícolas beneficia todos os indígenas que moram dentro das Terras Indígenas, ressalta Arnaldo Paresi. “Uma das nossas políticas aqui é que, para ter direito [ao repasse], o indígena basta morar na Terra Indígena. E não precisa nem trabalhar na lavoura. Morando dentro de uma dessas Terras, ele tem direito ao repasse social que a gente faz todos os anos”.
Destaque em etnodesenvolvimento
O cultivo de grãos como soja, milho e feijão pelas etnias Haliti-Paresi, Nambikwara e Manoki movimenta anualmente cerca de R$ 120 milhões e beneficia aproximadamente 3 mil indígenas. A plantação ocupa menos de 2% da área indígena total e ocorre em locais já antropizados, sendo um exemplo bem-sucedido de etnodesenvolvimento na Região Centro Oeste. A Funai vem apoiando em todo o país inciativas como essa, que promovem a autonomia das comunidade indígenas, por meio da geração de renda, de forma responsável.
Assessoria de Comunicação / Funai
com informações da Coopihanama