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Funai reforça apoio à produção de arroz do povo Bakairi no Mato Grosso
O Presidente da Funai, Marcelo Xavier, durante visita à área de cultivo do povo Bakairi. Fotos: Mário Vilela/Funai
O presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Marcelo Xavier, ressaltou o apoio da instituição à produção de arroz realizada por agricultores da etnia Bakairi, no estado do Mato Grosso. Foi durante visita à área de cultivo, nesta quinta-feira (22), na qual Xavier conheceu a inciativa em detalhes e acompanhou a colheita do produto.
Na ocasião, o presidente da Funai foi recebido com um ritual de boas-vindas, que contou com uma apresentação de danças tradicionais da etnia. Xavier recebeu também diversas demandas dos indígenas, entre elas, o pedido de licenciamento ambiental da atividade de agricultura sustentável na comunidade.
A produção de arroz é desenvolvida na Terra Indígena Santana, no município de Nobres (MT), a 280 quilômetros ao norte da capital do estado. A plantação possui 72 hectares, sendo que a área total do território indígena é de aproximadamente 35.470 hectares. "Todo o trabalho é realizado pelos próprios indígenas. A Nova Funai aposta em iniciativas como essa para levar dignidade às aldeias de Norte a Sul do país, sempre com respeito à autonomia das comunidades", pontuou Marcelo Xavier.
A colheita teve início na última segunda-feira (19), data em que se celebra o Dia do Índio. Os Bakairi estão no segundo ano de plantio e, nesta safra, esperam colher 3.300 sacas de arroz. "Acreditamos que este ano será bem melhor do que o ano passado, quando colhemos 500 sacas. A produção agrícola ajuda na melhoria de qualidade de vida do povo Bakairi, que é agricultor por natureza", afirma o indígena Edson Bakairi, um dos responsáveis pelas atividades produtivas da etnia. Segundo ele, cerca de 10% da produção será destinada ao consumo pela etnia, enquanto 90% da safra deve ser comercializada.
Os indígenas da comunidade já receberam as duas doses da vacina contra a covid-19. Xavier esteve na área indígena a convite da etnia, ocasião em que foram respeitados os protocolos sanitários, como distanciamento entre os presentes e uso de máscara. O coordenador da fundação em Cuiabá, Benedito Garcia Araújo, participou da visita, bem como os deputados federais Neri Geller (PP-MT) e José Medeiros (Podemos-MT), o deputado estadual Gilberto Cattani (PSL-MT), o coordenador do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) Cuiabá, Audimar Rocha Santos, e o representante da Casa Civil do Governo do Mato Grosso, Otair Rodrigues.
Apoio da Funai
O apoio à produção de arroz dos Bakairi ocorre por meio da Coordenação Regional (CR) de Cuiabá, uma das unidades descentralizadas da Funai no estado. A fundação apoia a atividade mediante a disponibilização de maquinário, fornecimento de combustível, entre outros.
"Até a década de 1980, nosso povo cultivava roças tradicionais. Nos anos 2000, muitos começaram a trabalhar em propriedades vizinhas e aprenderem sobre o cultivo de arroz. Esse conhecimento agora é usado para produzir dentro do nosso território. A Funai tem nos ajudado muito com apoio. Também fizemos intercâmbios com o povo Paresi e aprendemos com eles. Agora, nossa produção está consolidada. Nem por isso deixamos nossa cultura, línguas e danças de lado", enfatiza Edson Bakairi.
Segundo a liderança, em breve a etnia deve iniciar o cultivo de milhão e feijão em larga escala, no intuito de ampliar as possibilidades de geração de renda. "Nós precisamos ter renda na aldeia, precisamos nos desenvolver. Se os jovens ficarem sem trabalho, eles vão sair daqui e isso a gente não quer", salienta.
Edson Bakairi integra o Grupo de Agricultores Indígenas, que é formado por representantes de mais de 70 povos de todas as regiões do país. O coletivo defende a autonomia, a liberdade e o protagonismo das diferentes populações, bem como a geração de renda por meio de atividades agrícolas sustentáveis nas Terras Indígenas.
A produção dos Bakairi em números:
Habitantes da T.I. Santana: 190 indígenas
Área da T.I. Santana: 35.470 hectares
Área plantada de arroz: 72 hectares
Safra estimada: 3.300 sacas
Assessoria de Comunicação/Funai