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Etnodesenvolvimento
Funai apoia produção de castanha-da-amazônia da etnia Zoró
Foto: Divulgação/Funai
A Coordenação Regional (CR) da Fundação Nacional do Índio (Funai) localizada no município de Ji-Paraná, em Rondônia, tem apoiado a produção de castanha-da-amazônia desenvolvida pela etnia Zoró, na Terra Indígena de mesmo nome. Recentemente, a unidade participou de uma reunião voltada ao planejamento da venda coletiva da castanha-da-amazônia, com participação de lideranças indígenas de 32 aldeias.
O trabalho com a castanha é uma atividade que faz parte da tradição e cultura indígena. Para a produção in natura a ser alcançada na safra 2021/2022, foi discutido o planejamento de entrega dos lotes e o preço para a comercialização do produto. Como nos anos anteriores, a produção de 160 toneladas da castanha será comercializada pela Associação do Povo Indígena Zoró (APIZ). Para a realização do planejamento e de toda a articulação durante a safra da castanha, que iniciou em novembro e termina em maio do próximo ano, a APIZ recebe o apoio da Funai e de diversos parceiros da região.
Segundo a servidora da Funai Lígia Neiva, da Coordenação Técnica Local da fundação em Rondolândia (MT), um dos diferenciais nesta safra é a disponibilidade de recursos de capital de giro, que a APIZ já firmou contrato para gerenciar, com possibilidade de comprar 70 toneladas de castanha a cada ciclo de empréstimo. “Com juros subsidiados, este capital permitirá a valorização do produto dos indígenas, com a possibilidade de negociação de lotes maiores, com maiores players do mercado e encurtando a distância entre produtores extrativistas e o mercado consumidor”, ressalta Neiva.
O servidor da Funai Natanael Sobrinho, responsável pela área de etnodesenvolvimento da CR de Ji-Paraná, destaca a importância do recurso para os Zoró. “Sem esse tipo de apoio, parte da produção estava sendo comercializada para compradores intermediários, por preços irrisórios, numa longa cadeia com pouca valorização da produção na base para os extrativistas”, salienta Sobrinho.
Já cacique geral Panderewup Zoró fala sobre a relevância da inciativa para a melhoria das condições de vida na comunidade. “A realidade atual permitirá à comunidade o desenvolvimento da atividade produtiva, crescimento em escala de produção e renda, com melhoria de condições de vida, com mais dignidade para toda a população, incluindo mulheres, anciões e jovens no processo produtivo, garantindo a subsistência e a conservação deste importante patrimônio natural que são os castanhais nativos e a floresta”, destaca Panderewup.
Ainda segundo o cacique, com o desenvolvimento da produção, poderá haver uma expansão do trabalho para fora da Terra Indígena Zoró, incluindo outras populações indígenas do corredor Tupi Mondé, e até a replicabilidade da projeto de beneficiamento da castanha-da-amazônia em áreas vizinhas que também têm potencial de extrativismo na floresta.
De olho na valorização do trabalho dos associados, a APIZ se prepara para receber sua fábrica de beneficiamento de castanha, a ser instalada em 2022 na aldeia Guwa Puxurej. Esta ação, segundo o coordenador da CR Ji-Paraná, Claudionor Serafim, é uma parceria da APIZ com a Associação de Desenvolvimento Rural de Juruena (ADENJUR), apoiada pelo Programa REDD+ For Early Movers (REM/MT), do Governo do Estado de Mato Grosso, com recursos do Banco de Desenvolvimento da Alemanha KfW.
O presidente da APIZ, Alexandre Xiwekalixig Zoró, afirma que o objetivo é verticalizar a produção, incluindo valor agregado ao produto dentro da comunidade. “Com a fábrica instalada, iniciaremos a produção de amêndoas embaladas a vácuo para o mercado varejista e atacadista, local e regional. Vendas para o mercado institucional serão ampliadas, conforme o trabalho que a APIZ realiza em parceria com a Conab há pelo menos uma década. A produção de derivados como farinha de castanha e outros subprodutos também são de interesse da APIZ para a comercialização”, conclui o presidente da APIZ.
Assessoria de Comunicação/Funai
com informações da CR Ji-Paraná