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Em iniciativa pioneira no Brasil, primeira brigada indígena feminina é formada no Tocantins
Foto: Divulgação
Ocorreu entre os dias 18 e 20 de agosto, na aldeia Cachoeirinha, localizada no município de Tocantínia (TO), o curso de formação de brigada para mulheres indígenas da etnia Xerente. A iniciativa, que partiu da própria comunidade e conta com o apoio da Fundação Nacional do Índio (Funai) , é a primeira no Brasil e formou, ao todo, 29 indígenas para atuarem como brigadistas voluntárias em ações de prevenção e combate a incêndios florestais.
O curso teve o objetivo de apoiar as ações ambientais que já vinham sendo desenvolvidas na região pelos brigadistas Xerente do Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Prevfogo/Ibama), com o suporte da Funai.
O treinamento contou com a colaboração da unidade descentralizada da fundação localizada em Palmas (TO), que disponibilizou transporte e pessoal para auxiliar o deslocamento das indígenas das aldeias; do Serviço Florestal Americano; e da prefeitura municipal de Tocantínia. A previsão é de que a ação tenha continuidade e de que mais cursos como esse sejam realizados nos próximos anos.
“A Funai vai apoiar ainda, por meio de um Plano de Trabalho, as atividades da brigada feminina Xerente, dando suporte às ações desenvolvidas pelas brigadistas na Terra Indígena durante o mês de setembro”, comentou Isolde Lando, ponto focal de Manejo Integrado do Fogo (MIF) da Coordenação de Prevenção de Ilícitos da Funai (Copi), que integra a Diretoria de Proteção Territorial (DPT) da fundação.
A brigada voluntária, além dos benefícios climáticos já conhecidos, como a melhora da qualidade do ar com a diminuição do fogo e, consequentemente, da emissão de gases nocivos à atmosfera, trará, neste caso específico, um avanço para as questões de gênero, protagonismo e fortalecimento das mulheres indígenas.
Vanessa Side Xerente, chefe de Esquadrão da Brigada Feminina Xerente, chama a atenção para a importância do curso para a disseminação de informações e transformação social nas aldeias. “Para nós, mulheres indígenas, isso é motivo de felicidade e orgulho. O engajamento das mulheres foi muito importante e não queremos ficar só na teoria, queremos praticar e levar as informações às aldeias, às crianças, aos professores, abrangendo o máximo de pessoas.
A indígena elogia, ainda, a parceria da Funai e Prevfogo em todo o processo. “Foi muito importante para nós, mulheres, essa iniciativa para que pudéssemos fazer a nossa história, preservar nossa geração, nossos rios, e as próximas gerações. Estamos pensando em toda conjuntura. Se unirmos forças, faremos a diferença”, completou.
Com a formação das mulheres Xerente, cerca de 100 aldeias, o que totaliza aproximadamente 4 mil indígenas, serão beneficiadas, pois o resultado dos trabalhos ambientais na Terra Indígena Xerente sempre é usufruído por todos os indígenas da região, o que reforça a proteção territorial das aldeias.
Pedro Paulo, indígena Xerente e um dos instrutores do Prevfogo/Ibama, destaca a importância das mulheres ao longo desse processo. “As mulheres indígenas têm um papel fundamental na educação inicial das crianças e da comunidade em geral. Diante disso, a Associação dos brigadistas, a pedido das próprias mulheres, solicitou o curso de formação ao Ibama, e foi atendida.
Parceria Funai – Prevfogo
A parceria da Funai com o Prevfogo/Ibama ocorre desde 2010. A Funai, por meio da Coordenação-Geral de Monitoramento Territorial (CGMT), apoia os processos de formação e contratação dos brigadistas descentralizando recursos e servidores para acompanhar as formações e operacionalização das brigadas. Os cursos valorizam os conhecimentos tradicionais e promovem o diálogo intercultural acerca das práticas de manejo do fogo.
Ainda no âmbito do Acordo de Cooperação Técnica entre Funai e Ibama, a CGMT, em articulação com as Coordenações Regionais da Funai, apoia e executa diversos trabalhos de prevenção a incêndios florestais em Terras Indígenas de todo o país, além de dar suporte a ações de combate ao fogo. As iniciativas acontecem anualmente e fazem parte do calendário de atividades de Manejo Integrado do Fogo (MIF) nessas áreas.
A aplicação das técnicas MIF, como as queimadas controladas e a abertura de aceiros, antecede o período da estiagem de cada região, visando criar um cinturão de amortecimento em torno das TIs para fins de contenção das chamas. O MIF é baseado em aspectos sociais, culturais e ecológicos das comunidades indígenas, promovendo também o resgate e o fortalecimento de técnicas de manejo ancestrais do fogo.
Assessoria de Comunicação/Funai