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Com apoio da Funai, indígenas do povo Xavante avançam na produção de arroz
Comunidade Xavante da Terra Indígena Sangradouro (MT) é beneficiada pelo projeto Independência Indígena. Foto: Marcos Vergueiro/Secom-MT
Com o apoio da Fundação Nacional do Índio (Funai), indígenas do povo Xavante iniciaram o cultivo de arroz em diversas aldeias do estado do Mato Grosso. A atividade é um importante passo para a autonomia das comunidades. Além de contribuir para a subsistência das famílias, a produção permite gerar renda por meio da comercialização do excedente.
A iniciativa faz parte do projeto Independência Indígena, uma parceria entre a Funai, o Governo do Mato Grosso e o Sindicato Rural de Primavera do Leste, que busca transformar a realidade da população indígena no estado. Entre outras ações, o projeto disponibiliza ferramentas utilizadas no plantio e colheita dos itens.
“Queremos sair do assistencialismo e levar dignidade para as nossas comunidades, buscando a melhoria das condições de vida de toda a coletividade. O projeto é muito importante para a independência do povo Xavante da região de Sangradouro e vai nos trazer muitos benefícios”, comenta o cacique e presidente da cooperativa indígena Sangradouro e Volta Grande, Gerson Warawe.
Ao todo, serão beneficiados 2,7 mil indígenas Xavante de 57 aldeias nos municípios de Primavera do Leste, Poxoréu, General Carneiro e Novo São Joaquim. A área a ser utilizada para o plantio é de aproximadamente 1.000 hectares. A previsão é que a colheita do arroz ocorra em até três meses. No local, também haverá plantação de milho e feijão.
Ainda segundo o cacique, a atividade contribui também para preservar e reforçar a cultura do seu povo. “Vamos continuar com nossas cerimônias, nossas festas e rituais. Não vamos perder nossa tradição. Pelo contrário, com geração de renda, dignidade e independência podemos fortalecer ainda mais cultura”, destaca Warawe.
“A Funai está apoiando o projeto Independência Indígena tendo em vista a relevância da iniciativa para a autossuficiência e autonomia das comunidades indígenas, que é uma das metas da fundação”, ressalta Álvaro Peres, chefe da Coordenação Regional (CR) Xavante, unidade descentralizada da Funai no município de Barra de Garças.
Plantação de arroz na Terra Indígena Sangradouro (MT). Foto: Divulgação
Outras ações da Funai
A CR Xavante tem dado apoio também à produção de alimentos nas aldeias Santo do Céu e Santa Luzia, Terra Indígena Parabubure, no município de Campinápolis (MT). A ação tem o objetivo de fortalecer a atividade de roça tradicional nas comunidades Xavante e incentivar a autonomia e subsistência dos indígenas.
A Funai presta suporte logístico fornecendo maquinário para o preparo do solo, capacitando os indígenas para a utilização dos tratores e auxiliando no transporte de mudas, ramas e outros insumos. A fundação colabora também com ferramentas, materiais e combustível. O apoio é dado por servidores das unidades descentralizadas da Funai em Campinápolis, Nova Xavantina e Barra do Garças, que acompanham e assistem de perto os indígenas.
Entre os alimentos cultivados estão mandioca, abóbora, milho, arroz, melancia, amendoim, além de pequi, baru, caju e hortaliças. Os itens são consumidos pelas próprias comunidades e contribuem para garantir a segurança alimentar das famílias indígenas da região, sobretudo neste momento de emergência de saúde pública causada pelo novo coronavírus, período em que os indígenas devem permanecer em suas aldeias para evitar o risco de contágio.
Desde o início a pandemia de covid-19, a Funai já investiu, em todo o país, R$ 12 milhões em ações de etnodesenvolvimento, visando ao apoio às atividades de psicultura, roças de subsistência, colheita de lavouras, confecção de máscaras de tecido e artesanato, produção agrícola, casas de farinha, entre outros. A intenção é fazer com que os indígenas mantenham a produção, além de colaborar para que, no pós-pandemia, as etnias invistam em atividades sustentáveis.
Apoio ao etnodesenvolvimento
A Funai investiu cerca de R$ 25 milhões em projetos de etnodesenvolvimento de comunidades indígenas nos últimos 2 anos em diferentes regiões do país. O objetivo é impulsionar a geração de renda nas aldeias, sempre respeitando os usos, costumes e tradições de cada etnia.
Entre as ações da Funai na área, estão o apoio à produção de café especial pelo povo Suruí-Paiter, em Rondônia, a assistência ao manejo do pirarucu pelo povo Paumari, no Amazonas, a regularização ambiental para a produção de camarão pelo povo Potiguara, na Paraíba, e o suporte ao plantio de grãos pelo povo Paresi, em Mato Grosso. Os Paresi são exemplo de produção sustentável no Centro Oeste do país. A etnia soma 18 mil hectares de área plantada, em aproximadamente 1,55% do seu território.
“Ao impulsionar a geração de renda de forma responsável nesses territórios, a fundação colabora para que os indígenas se tornem autossuficientes e sejam protagonistas da própria história. Inúmeras atividades exitosas de etnodesenvolvimento consolidaram-se em diferentes comunidades. Com total respeito à autonomia desses povos, a Funai contribui para que eles conquistem novos mercados e alcancem independência econômica”, destaca o presidente da Funai, Marcelo Xavier.