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Com apoio da Funai, etnia Paiter Suruí inicia colheita de café especial sustentável em Rondônia
Foto: Divulgação/Funai
As comunidades indígenas da etnia Paiter Suruí iniciaram a colheita de café especial sustentável na Terra Indígena Sete de Setembro, estado de Rondônia. Na safra deste ano, os cafeicultores indígenas receberam apoio da Fundação Nacional do Índio (Funai), por meio da unidade descentralizada da fundação em Cacoal (RO), com o transporte de mudas, o escoamento da produção e o fornecimento de combustível para a preparação do solo. Cerca de 113 famílias indígenas são beneficiadas diretamente com o cultivo do café, cuja produção pode chegar a 2 mil sacas em 2021.
Desde de 2018 a produção de café indígena é vendida para o grupo 3Corações, por meio de acordo que prevê o aumento da produtividade com foco na qualidade do café especial sustentável. Organizados em cooperativas, os indígenas Paiter Suruí também recebem assistência técnica da Entidade Autárquica de Assistência Técnica e Extensão Rural de Rondônia (Emater/RO) e da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Participam do desenvolvimento da cafeicultura indígena a Funai, a Câmara Setorial do Café de Rondônia e a Secretaria de Estado da Agricultura.
O coordenador regional da Funai em Cacoal, Sidcley José Sotele, afirma que a parceria entre o poder público, a iniciativa privada e os próprios produtores indígenas tem impulsionado a geração de renda com base no etnodesenvolvimento. “É indispensável a parceria entre os órgãos públicos e iniciativa privada, pois não só vislumbramos resultados como também o desenvolvimento socioeconômico dos indígenas. De outro modo, também atuamos para promover a certificação do produto, o que garante a conquista de novos mercados e o reconhecimento da qualidade do café especial indígena”, salienta.
História
Conforme relata Sidcley Sotele, a relação dos indígenas com a prática da cultura de plantio do café começou com a homologação da Terra Indígena Sete de Setembro, em 1983. “Uma parte da área possuía café cultivado por colonos vizinhos. Com isso os indígenas começaram a fazer uso da prática para geração de renda. Com o passar dos anos, os Paiter Suruí contribuíram para a consolidar o município de Cacoal como capital do café do estado de Rondônia. "O sucesso do cultivo do café especial e a parceria com a iniciativa privada apenas coroaram a experiência sustentável do café indígena”, completa Sotele.
Etnodesenvolvimento
“A produção cafeeira dos Paiter Suruí está relacionada a uma lógica de planejamento territorial e ambiental peculiar daquela Terra Indígena, onde o cultivo específico do café especial alia a produção familiar e a proteção da floresta”, afirma o coordenador-geral de Promoção ao Etnodesenvolvimento da Funai, Juan Negret Scalia. “Cada etnia possui autonomia para escolher a atividade produtiva conforme suas tradições e de acordo com as caraterísticas de cada região. E a Funai tem atuado para valorizar essas escolhas, promovendo seus modos de produção e suas iniciativas”, acrescenta.
Nos últimos dois anos, a Funai investiu aproximadamente R$ 30 milhões em projetos voltados para a geração de renda nas aldeias e fortalecimento cultural dos povos indígenas, atendendo aos preceitos constitucionais de respeito aos usos, costumes e tradições de cada etnia. Os recursos foram destinados para ações que visam a autossuficiência das comunidades indígenas, como a aquisição de materiais de pesca, sementes, mudas, insumos, ferramentas e maquinário agrícola.
Desde o início da pandemia do novo coranavírus, em março de 2020, a Funai já investiu cerca de R$ 18 milhões em ações de etnodesenvolvimento nas aldeias de todo país. Os recursos foram destinados a atividades de piscicultura, roças de subsistência, colheita de lavouras, confecção de máscaras de tecido e artesanato, produção agrícola, casas de farinha, entre outros. O objetivo é fazer com que os indígenas mantenham a produção, além colaborar para que, no período pós-pandemia, as etnias invistam em processos de geração de renda.
Assessoria de Comunicação / Funai
com informações da Coordenação Regional Cacoal