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Autonomia: indígenas Bakairi colhem quase 4 mil sacas de arroz
Foto: Divulgação
Agricultores indígenas da etnia Bakairi, no estado de Mato Grosso, realizaram a colheita de 3.850 sacas de arroz, o que representa cerca de 231 toneladas do alimento. A produção é desenvolvida na Terra Indígena Santana, no município de Nobres, a 280 quilômetros ao norte da capital do estado, e conta com o apoio da Fundação Nacional do Índio (Funai).
No último dia 22, o presidente da Funai, Marcelo Xavier, visitou a área de cultivo do povo Bakairi. Na ocasião, Xavier conheceu a inciativa em detalhes e acompanhou a colheita do produto. "Todo o trabalho é realizado pelos próprios indígenas. A Nova Funai aposta em iniciativas como essa para levar dignidade às aldeias de Norte a Sul do país, sempre com respeito à autonomia das comunidades", comentou o presidente.
Foram plantados 63 hectares de arroz, sendo que a área total do território indígena é de aproximadamente 35.470 hectares. Os Bakairi estão no segundo ano de plantio. No ano passado, foram colhidas 500 sacas de arroz. Já este ano, o número foi quase oito vezes maior. Segundo Edson Bakairi, um dos responsáveis pelas atividades produtivas da etnia, cerca de 10% da produção será destinada ao consumo pela etnia, enquanto 90% da safra deve ser comercializada.
“Nós estamos começando uma nova etapa. Essa safra é uma grande conquista para nós. Estamos desenvolvendo uma agricultura da melhor forma possível, e isso se deu graças à união da nossa comunidade e à ajuda da Nova Funai, com sua metodologia de trabalhar com os povos indígenas para se desenvolverem, saírem da dependência e serem protagonistas de fato. Agradecemos ao governo por nos possibilitar olhar para frente e garantir o bem do nosso povo”, destacou Edson.
Éder Ricardo Kyamyna, produtor Bakairi, ressaltou a importância da atividade agrícola para a comunidade. “Além de permitir a produção de itens para garantir a segurança alimentar das famílias, a agricultura contribui para melhorar a qualidade de vida do nosso povo, por meio da geração de renda”, salientou. "Os nossos antepassados já lidavam com o plantio de arroz na roça de toco. Vamos continuar plantando arroz e outros tipos de grãos sem deixar de ser quem somos e sem ter vergonha de ser índio", acrescentou.
Apoio da Funai
O apoio à produção de arroz dos Bakairi ocorre por meio da Coordenação Regional (CR) de Cuiabá, uma das unidades descentralizadas da Funai no estado. A fundação apoia a atividade mediante a disponibilização de maquinário, fornecimento de combustível, entre outros.
"Até a década de 1980, nosso povo cultivava roças tradicionais. Nos anos 2000, muitos começaram a trabalhar em propriedades vizinhas e aprenderem sobre o cultivo de arroz. Esse conhecimento agora é usado para produzir dentro do nosso território. A Funai tem nos ajudado muito com apoio. Também fizemos intercâmbios com o povo Paresi e aprendemos com eles. Agora, nossa produção está consolidada. Nem por isso deixamos nossa cultura, línguas e danças de lado", enfatiza Edson Bakairi.
Segundo a liderança, em breve a etnia deve iniciar o cultivo de milhão e feijão em larga escala, no intuito de ampliar as possibilidades de geração de renda. "Nós precisamos ter renda na aldeia, precisamos nos desenvolver. Se os jovens ficarem sem trabalho, eles vão sair daqui e isso a gente não quer", salienta.
Edson Bakairi integra o Grupo de Agricultores Indígenas, que é formado por representantes de mais de 70 povos de todas as regiões do país. O coletivo defende a autonomia, a liberdade e o protagonismo das diferentes populações, bem como a geração de renda por meio de atividades agrícolas sustentáveis nas Terras Indígenas.
A produção dos Bakairi em números:
Habitantes da T.I. Santana: 190 indígenas
Área da T.I. Santana: 35.470 hectares
Área plantada de arroz nesta safra: 63 hectares
Safra colhida: 3.850 sacas de arroz
Quantidade: cerca de 231 toneladas