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ABRIL INDÍNGENA 2021
Abril indígena: Com apoio da Funai, povo Guarani garante autonomia com produção de artesanato no Sul do país
Foto: Divulgação/Funai
No Sul do Brasil, o trabalho do artesanato Guarani é realizado praticamente em todas as Terras Indígenas sob a jurisdição da Coordenação Regional (CR) Litoral Sul, unidade descentralizada da Fundação Nacional do Índio (Funai) com sede no município de São José (SC). A unidade é responsável por coordenar e monitorar a implementação de ações de proteção e promoção dos direitos dos povos Guarani e Xokleng nos estados do Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
Uma das principais atividades econômicas do povo Guarani, o artesanato é produzido durante todo o ano, mas sua comercialização se concentra nos meses de alta temporada do verão. Entre dezembro e março, grande parte das famílias indígenas Guarani se desloca para as cidades litorâneas com o objetivo de vender a sua produção, cujos itens principais são réplicas de animais silvestres entalhados em madeira, cestas, colares e pulseiras.
O chefe do Serviço de Promoção dos Direitos Sociais e Cidadania (Sedisc) da CR Litoral Sul, Luis Filipe Bueno, explica que a receita do artesanato por pessoa é entre R$ 200,00 e R$ 400,00 mensais. “Muitas vezes, porém, os indígenas não conseguem comercializá-lo. Quando ocorrem encomendas prévias, geralmente a receita é maior. De todo modo, nem sempre as peças de artesanato são vendidas, elas podem ser trocadas por outros bens e mesmo ofertadas como presente. E embora seja uma importante fonte de geração de renda, a dimensão do artesanato Guarani transcende a questão monetária”, afirma.
Autonomia e cultura
A produção do artesanato Guarani fortalece a comunidade indígena ao complementar as políticas públicas de apoio a esses povos, ressalta Luis Filipe. “Esta atividade contribui para a manutenção e fortalecimento do nhanderekó, que é o modo de vida do povo Guarani. Nesse sentido, cabe observar que a própria necessidade de renda das famílias acaba sendo um fator de estímulo dos meios econômicos da sociedade envolvente não indígena, o que leva os indígenas a pensar na comercialização de itens que inicialmente, ao menos em parte, não possuíam tal finalidade”, explica.
Etnodesenvolvimento
Ao salientar a importância do respeito à autonomia dos povos indígenas, o presidente da Funai, Marcelo Xavier, destaca que o principal objetivo da fundação é contribuir para que as comunidades indígenas alcancem independência econômica, gerando renda para suas famílias e fortalecendo a identidade da etnia. “Assim como a carcinicultura do povo Potiguara, o café dos Suruí, a produção agrícola dos Paresi e a castanha dos Cinta Larga, o artesanato Guarani, demonstra que é possível fazer diferente. Por isso temos prestado apoio a projetos de etnodesenvolvimento semelhantes", completa Xavier.
O apoio da Funai à produção artesanal também é realizado durante a etapa de comercialização do artesanato durante a alta temporada até o final do verão, quando os indígenas se deslocam para vender seus produtos no litoral. O coordenador regional da CR Litoral Sul, Eduardo Remus Cidreira, pontua que em razão da pandemia de convid-19 a CR Litoral Sul definiu, em setembro de 2020, um protocolo de saúde e segurança para o deslocamento e a permanência de artesãos indígenas nas cidades turísticas de Santa Catarina.
O documento reúne recomendações aos indígenas e também ao poder público, a fim de garantir a proteção social e o bem-estar das famílias indígenas. O protocolo de saúde e segurança recomenda utilizar sempre máscaras; manter a distância mínima de 1,5 metro de outras pessoas, e evitar ao máximo aglomerações, principalmente durante a exposição e venda do artesanato; lavar as mãos com água e sabão antes e após se deslocar pelo município para venda de artesanato e após o manuseio dos materiais; realizar a limpeza do artesanato sempre que necessário e após o manuseio desses itens por outras pessoas.
com informações da Coordenação Regional Litoral Sul