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Marcelo Mello de Menezes, coordenador da CR Baixo Tocantins, é o entrevistado desta semana
À frente da Coordenação Regional do Baixo Tocantins, Marcelo Mello de Menezes comanda as ações de prevenção à Covid-19 no atendimento a onze povos indígenas no Pará: Xikrin do Kateté, Amambé, Amanayé, Tembé, Gavião, Parakanã, Atikun, Guarani, Assurini, Guajajara e Suruí. Nesta entrevista, ele fala sobre as principais atividades da unidade da Funai que atende 109 aldeias na região.
Pergunta:
Quais as ações da CR Baixo Tocantins para a prevenção do contágio da Covid-19 nas comunidades indígenas?
Resposta:
Já distribuímos 1.574 cestas básicas e kits de higiene e limpeza do recurso emergencial descentralizado pela Funai e cerca de 500 cestas básicas doadas por parceiros. Atualmente, estamos distribuindo 30 toneladas de produtos de higiene e limpeza (doados pela iniciativa privada) para 2.379 famílias de indígenas residentes nas 109 aldeias da jurisdição. Nesta semana há previsão da chegada de 3.080 cestas básicas oriundas da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e a aquisição de outras 900 cestas básicas com a descentralização do recurso emergencial.
Além da entrega das cestas, serão instaladas duas barreiras de controle de acesso na Terra Indíngena Xikrin do Kateté, em parceria com a prefeitura de Parauapebas-PA, Pólo Base de Saúde de Parauapebas e Associação Porekrô. O objetivo é controlar o acesso de não indígenas e reforçar as orientações quanto o uso dos equipamentos de proteção individual (EPIs), dentro e fora das aldeias.
Também adquirimos, com recursos da Funai, 100 redes que serão destinadas aos "redários" que estão sendo montados nas aldeias, em caso de necessidade de isolamento de indígena com suspeita ou com Covid-19, em parceria com o Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) GUATOC/Pólo Base de Saúde. Por fim, prestamos apoio a sete famílias de indígenas venezuelanos da etnia Warao que atualmente residem em Marabá-PA.
Pergunta:
Quais são as principais atividades da CR do Baixo Tocantins?
Resposta:
A CR tem participado de diversas videoconferências sobre a proteção da população indígena diante da pandemia do coronavírus. Entre as ações destacam-se o atendimento diferenciado aos indígenas que necessitam sacar o auxílio emergencial do governo federal; as propostas sobre a melhoria na qualidade de vida dos indígenas venezuelanos residentes em Marabá; a distribuição de cartão alimentação ou cestas básicas a alunos indígenas do ensino médio no Pará; as ações em saúde frente à ameaça da Covid-19 nas Terras Indígenas, como o apoio à instalação de unidade de atendimento de baixa e média complexidade pelo DSEI e disponibilidade de leitos de U.T.I. exclusivos para pacientes indígenas no Hospital de Campanha de Marabá.
Além disso, a CR tem atuado nas questões de combate à extração ilegal de madeira e de minério em Terras Indígenas, orientando os indígenas sobre o uso dos EPIs, da necessidade de se manter em isolamento social e das características da doença. E também para que a população indígena solicite apoio do pessoal de saúde, se for o caso. Solicitamos, por meio de ofício, às prefeituras que reforcem a entrega de cestas básicas aos alunos indígenas da rede municipal de ensino visando mitigar a vulnerabilidade alimentar diante da Covid-19.
Pergunta:
Quais os projetos de etnodesenvolvimento nas aldeias que têm o apoio da CR?
Resposta:
A partir da tríade "educação – etnodesenvolvimento – parceria", a CR do Baixo Tocantins estabeleceu como uma das metas para este ano levantar informações nas aldeias a fim de obter dados sobre o potencial econômico e as dificuldades para escoamento e venda da produção. Tal planejamento visa auxiliar os indígenas na geração de renda e subsidiar sua atividade.
Pergunta:
Quais os pontos que a sr. gostaria de destacar da sua gestão?
Resposta:
Destaco o resgate das parcerias com os diversos setores da sociedade, órgãos públicos e privados, das esferas municipal, estadual e federal. Nova sistematização de trabalho empregando a gestão por competência, onde temos procurado alocar o servidor para exercer cargo o qual tenha maior afinidade ou habilidade profissional. Fortalecimento das Coordenações Técnicas Locais para que estejam mais atuantes juntos aos indígenas residentes em sua jurisdição. Rigoroso planejamento nas ações visando mitigar custos operacionais e racionalizar o tempo tendo em vista o diminuto quadro de servidores. Operacionalização do desfazimento de materiais inservíveis visando adequar a nova exigência de gestão de pessoal e material. Estudos preliminares para criação do Comitê Indígena no âmbito da Coordenação Regional.
Pergunta:
Quais são os desafios enfrentados pela CR do Baixo Tocantins junto aos indígenas?
Resposta:
Essa pergunta quero dividir em dois eixos: o interno na qual se refere as atividades da CR e das CTL, e o externo, que está relacionada aos indígenas. No que diz respeito às questões internas, os maiores desafios são a implementação do novo modelo de gestão com participação proativa dos servidores. Em relação ao eixo externo, o maior desafio está sendo estabelecer nas aldeias, por meio de diálogo entre indígenas e CR, atividades econômicas que possibilitem a geração de renda para autossuficiência das famílias indígenas.
Assessoria de Comunicação / Funai