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Últimos dias de inscrições para vestibulares indígenas
Há menos de 20 dias do início de 2019 e algumas instituições de ensino superior do país já estão envolvidas em diferentes fases dos processos seletivos específicos para admissão de alunos indígenas. Encerram hoje (18) as inscrições para o Vestibular 2019 do curso de Licenciatura Intercultural Indígena - Teko Arandu da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD).
São 70 vagas para o primeiro semestre oferecidas especificamente aos indígenas das comunidades Guarani ou Kaiowá que sejam portadores de Certificado de Conclusão do Ensino Médio ou equivalente.
A inscrição é gratuita e deve ser feita pelo site da universidade . Depois de aprovados, no ato da matrícula, os estudantes devem apresentar a Declaração de Etnia Indígena (DEI), com a assinatura das lideranças de seu povo.
As provas estão marcadas para dia 27 de janeiro nos municípios de Dourados e Amambaí e constarão de redação e prova objetiva em Língua Portuguesa, contendo questões de Ciências Humanas, Legislação Indigenista, Matemática e Ciências da Natureza, além de prova oral e redação em Língua Guarani.
O curso é de quatro anos e meio, as atividades são realizadas em período integral e as aulas são ministradas parte na comunidade e parte na universidade.
Também com inscrições abertas e gratuitas está o Vestibular Indígena UnB/Funai/2018, uma iniciativa que surgiu a partir da parceria entre a Universidade de Brasília e a Fundação Nacional do Índio firmada por meio do Acordo de Cooperação Técnica 002, de 2015.
Até dia 15 de fevereiro, os estudantes indígenas que tenham cursado a maior parte do ensino médio em escolas da rede pública ou com bolsa de estudos de, pelo menos, 50% em escolas particulares podem se candidatar a uma das 85 vagas para 30 cursos presenciais das áreas de saúde, ciências humanas e exatas pelo site do Cespe . As vagas são para o 2º semestre de 2019.
O processo seletivo consta de três fases. Dia 23 de março, será aplicada prova objetiva de Língua Portuguesa e Literatura, Matemática, Biologia, Física, Química, Geografia e História e a fase de redação em Língua Portuguesa. Posteriormente, entre 17 a 21 de fevereiro de 2019, será realizada a etapa de entrevistas pessoais em que os alunos deverão mostrar conhecimento e envolvimento com sua realidade indígena.
As provas serão aplicadas na Aldeia Caieiras Velhas, em Aracruz/ES, Boa Vista/RR, Brasília/DF, Imperatriz/MA, São Gabriel da Cachoeira/AM, Tabatinga/AM, Aleida Brejo dos Padres, em Tacaratu/PE, e, recentemente, foi incluída pela primeira vez a cidade de Manaus/AM.
Outras etapas
A Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) se prepara para aplicação das provas da 12ª edição do vestibular indígena da instituição, que ocorrerá no dia 27 deste mês.
Esta edição registrou o maior número de inscritos desde 2008. Foram 1.138 inscrições de indígenas pertencentes a 71 povos diferentes de 15 estados brasileiros.
A convocação oficial dos candidatos que tiveram suas inscrições homologadas, após preenchimento de ficha de inscrição, entrega da Declaração de Etnia e Vínculo com Comunidade Indígena e preenchimento do questionário socioeducacional, foi publicada esta semana no site da universidade .
As provas, a serem aplicadas em São Paulo/SP, Manaus/AM, Recife/PE e São Gabriel da Cachoeira/AM, são compostas por questões de Linguagens e Códigos, Ciências da Natureza, Matemática, Ciências Humanas e há, ainda, a fase de redação em Língua Portuguesa.
A experiência da UFSCar em construção de processo seletivo específico para estudantes indígenas foi uma das inspirações para a Universidade de Campinas (Unicamp). No último dia 7, a instituição divulgou o resultado do primeiro vestibular indígena de sua história.
Foram aprovados, em primeira chamada, 68 estudantes pertencentes a 23 povos indígenas, a maioria Baniwa, Tukano e Baré. As provas, aplicadas a 354 candidatos nas cidades de Campinas (SP), Dourados (MS), Manaus (AM), Recife (PE) e São Gabriel da Cachoeira (AM), constaram de questões das mesmas disciplinas cobradas no processo seletivo da UFSCar.
A construção do vestibular indígena se deu a partir de um intenso processo de discussão que começou com audiências públicas em 2016 e levou à aprovação do processo seletivo pelo conselho universitário em 2017. Desde então, a universidade tem se dedicado a estudar o tema e preparado projetos específicos para inclusão da população indígena.
Cooperação
A Funai foi precursora nas ações voltadas ao ingresso dos indígenas no ensino superior. A primeira Licenciatura Intercultural iniciada no país já foi fruto de Acordo de Cooperação Técnica (ACT) entre o órgão indigenista e Universidade do Estado do Mato Grosso (UNEMAT), no ano de 2003. Mas os primeiros acordos oficiais com essas instituições educacionais datam do final da década de 1990.
Até 2014 havia 18 Acordos de Cooperação com universidades, porém, em função da Lei 12.416/2011 que dispôs sobre o papel das universidades públicas oferecerem programas de atendimento específicos para os povos indígenas e a criação da Programa de Bolsa Permanência (Portaria 389/MEC/2013), a Funai vem buscando apoiar as discussões e o aprimoramento das políticas de acesso e permanência por parte das próprias instituições de nível superior.
Há, agora, três ACT's vigentes com a Universidade de Brasília (UnB), Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul (UEMS) e Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS). Mas o órgão indigenista continua prestando o apoio necessário às universidades que manifestem interesse em manter parceria a fim de aprimorar ações de acesso e permanência para os povos indígenas.
Assessoria de Comunicação e Coordenação de Processos Educativos (COPE/CGPC)