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Serviço Florestal lança principais resultados do Inventário Florestal Nacional Terra Indígena Mangueirinha (PR)
O diretor-geral do Serviço Florestal Brasileiro, Valdir Colatto, lançou nesta semana o primeiro relatório do Inventário Florestal Nacional (IFN) em áreas indígenas. O lançamento aconteceu em duas localidades distintas: aldeia indígena Kaingang e aldeia Guarani Mbya, pertencentes à Terra Indígena Mangueirinha, oeste do Paraná.
Durante o lançamento na comunidade indígena, realizado na manhã do dia 26/08, Valdir Colatto destacou o trabalho feito pelo Serviço Florestal, em parceria com a Funai e as aldeias.
"O Serviço Florestal Brasileiro, com este inventário, sai na frente mostrando caminhos para as comunidades indígenas", disse Colatto, acrescentando que os indígenas precisam ser recompensados pelo trabalho de conservação da floresta, com pagamentos por serviços ambientais. Ele disse, também, que, a partir destes estudos, será possível desenvolver um trabalho de manejo sustentável, de modo a que os indígenas tenham renda para sua sobrevivência e manutenção das florestas.
Os eventos tiveram a presença do prefeito de Mangueirinha, Elídio Zimerman de Moraes, da representante da Funai, Valéria de Carvalho, do superintendente geral de Diálogo e Interação Social do Governo do Paraná, Mauro Rockenbach, consultor da FAO para o IFN, Robert Miller, do ex-cacique da tribo Kaingang, Osmindo Capanema (que ajudou no levantamento do inventário), do cacique Kaingang João Santos e do cacique Guarani, Nilson Florentino, além da comunidade e outras lideranças locais.
Para o prefeito de Mangueirinha, Elídio Zimerman, a conclusão do inventário representa poder trabalhar conhecendo a realidade da região. "O trabalho mostra que estamos dando um passo à frente e esperamos que todas as comunidades indígenas do Brasil sejam respeitadas e consolidadas com o Inventário Nacional Florestal". O prefeito tem, em sua visão de futuro, as aldeias integradas a um projeto de turismo na região, entre outros.
O cacique Nilson Florentino disse que o Inventário é importante tanto para os adultos quanto para crianças. "A importância do Inventário Florestal Nacional, tanto para adultos quanto para alunos, é nos dar conhecimento sobre a nossa terra. Faz 20 anos que moro aqui e só com o inventário passei a conhecer melhor o nosso lugar e poderemos pensar no nosso sustento com a preservação, pois, segundo a sabedoria guarani, quando a gente devasta, a natureza devolve todo o mal feito a ela."
O ex-cacique Osmindo, hoje um dos coordenadores da Vigilância Ambiental Indígena lembra com orgulho do tempo em que contribuiu no levantamento. "Para mim foi uma boa experiência, de conhecer várias espécies. O que a gente quer é trazer os mais jovens para que eles conheçam nossas riquezas. São eles que vão cuidar, no futuro", afirmou.
Mauro Rockenbach destacou que Mangueirinha é o segundo maior aldeamento indígena do estado e que é importante conhecê-lo. "Com este trabalho, passamos a mapear nossa realidade local. Existe, aqui, esta preocupação com o patrimônio florestal e, por meio deste trabalho, passamos a conhecer mais o que tem dentro das aldeias", disse Rockenbach.
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A representante da Funai, Valéria de Carvalho, considerou o levantamento um instrumento relevante para os povos da terra indígena de Mangueirinha. "O relatório devolve uma demanda de 2015 e foi produzido em parceria com o Serviço Florestal e participação efetivas dos indígenas. A Funai considera muito importante este protagonismo dos indígenas", disse Valéria de Carvalho.
Valéria acredita que o instrumento irá auxiliar no diálogo dos indígenas com atores próximos, como os órgãos dos governos federal e estadual, para a elaboração de políticas públicas destinadas a proteger e ajudar as manter a floresta, aliando conservação e geração de renda para aqueles povos. A coleta de dados em campo para a produção do primeiro IFN em território indígena foi realizada em 30 pontos amostrais distribuídos em toda a área dos povos Kaingang e Guarani Mbya, num total de 17,2 mil hectares. Essa área foi definida pela importância significativa de conservar uma das maiores florestas de araucárias da região Sul.
O levantamento de campo foi realizado por técnicos da empresa Saltus Consultoria Ambiental e Florestal que foram capacitados em curso ministrado pelo Serviço Florestal Brasileiro sobre a metodologia do IFN. A viabilização da coleta de campo foi feita conjuntamente pelo Serviço Florestal Brasileiro e pela Fundação Nacional do Índio (Funai). Este levantamento contou com recursos do Global Environment Facility (GEF), administrados pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), e disponibilizados por intermédio dos Projetos GEF de apoio ao IFN e Gestão Ambiental e Territorial Indígena (Gati). O trabalho foi realizado de outubro de 2015 a novembro de 2016 e concentrou as informações em três componentes: coleta de dados biofísicos, análise da cobertura florestal e levantamento socioambiental.
O Inventário Florestal Nacional é uma das principais ações realizadas pelo Governo Federal – por meio do Serviço Florestal Brasileiro – para produzir informações estratégicas sobre os recursos florestais brasileiros. O IFN faz o levantamento de dados diretamente nas florestas naturais e plantadas, onde são realizadas coletas de amostras botânicas, amostras de solo, medição de árvores, além de entrevistas com moradores das proximidades, com o objetivo de identificar as realidades locais.
Essas informações permitem avaliar a qualidade e as condições das florestas, os estoques de madeira, biomassa e carbono e a sua importância para as pessoas e comunidades e poderão contribuir para a formulação de políticas públicas estratégicas e projetos de uso, conservação e recuperação dos recursos florestais.
Assessoria de Comunicação / Serviço Florestal Brasileiro