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Seminário sobre pesquisa indígena reúne participantes de 10 países
Começa hoje (20), no Rio de Janeiro, o Seminário Internacional sobre Atuação Indígena em Pesquisas Colaborativas e Valorização de Conhecimentos, uma co-produção da People's Palace Project e da Associação Indígena Kuikuro do Alto Xingu (AIKAX) com apoio da Funai, via Museu do Índio, Queen Mary University of London e Fundação Planetário do Rio. Pesquisadores indígenas e não indígenas de dez países se reúnem entre os dias 20 e 22 de março para discutirem questões como o papel da academia na construção de narrativas que considerem saberes e costumes de povos tradicionais, criação de abordagens que incluam e respeitem os povos ancestrais e outros assuntos.
É a primeira vez que um evento agrega conhecimentos de povos indígenas do Brasil, Colômbia, Dominica, Equador, Índia, Papua Nova Guiné, Quênia, Uganda, Kiribati e Sudão e pesquisadores e acadêmicos de onze universidades do Reino Unido, que desenvolvem projetos de pesquisas colaborativas com povos originários. Nomes de destaque como Takumã Kuikuro (cineasta indígena do Alto Xingu, Mato Grosso), Claudia Maigora (liderança do povo Emberá Chamí, da Colômbia), Cacique Afukaka Kuikuro (líder do povo Kuikuro), Stanley Riamit Kimaren (fundador da ONG queniana ILEPA, de preservação do clima), Renta Tubinambá (jornalista), Santosh Kumar (professor da Marita School of Engineering, da Índia) e Eliane Potiguara (escritora e ativista indígena) estão confirmados.
Os estudos de caso desenvolvidos por pesquisadores indígenas e não indígenas abordam temas como mudanças climáticas, justiça ecológica, sustentabilidade, conhecimentos agrícolas tradicionais, alternativas aos modelos de desenvolvimento ocidentais, auto-representação cultural, adoção de políticas de proteção aos direitos dos povos indígenas, herança cultural intangível, disputas de terra, exclusão social, racismo e violência de gênero.
O cineasta Takumã Kuikuro, um dos idealizadores do projeto e porta-voz do evento, explica que o foco é divulgar os trabalhos e fortalecer pesquisas e projetos que os países participantes têm desenvolvido. Logo na abertura, os pesquisadores xinguanos vão apresentar suas considerações sobre o céu do Xingu, sua influência no calendário indígena e as relações com a mudança climática. " Antigamente, usávamos as estrelas. Quando o céu estava de um jeito, era para começar a plantar. De outro, era o início das chuvas. Temos várias tradições e crenças dentro da cultura, e compartilhamos a preocupação com outros indígenas, também de outros países", aponta Takumã.
A participação no evento é exclusiva aos convidados.
Museu do Índio, com informações de Rede Brasil Atual