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Rodadas de Negócios de Artesanato Indígena promovidas pelo Sebrae movimentam R$ 240 mil para comunidades do Amazonas
O presidente da Funai, Franklimberg de Freitas, visitou nesta segunda-feira (1) a sede do Sebrae-AM e participou da Rodada de Negócios de Artesanato do Alto Solimões, no Parque do MINDU, em Manaus, promovida pelo órgão para fortalecer a economia indígena através da venda de artesanato de padrão internacional, com forte valor agregado a partir da consultoria Sebrae em designer voltado para o mercado de classe A e contou com a participação de 13 etnias da região e 11 empresários dos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Pernambuco.
A Rodada faz parte do projeto Brasil Original, que desde 2013 busca dar mais visibilidade ao artesanato indígena através do direcionamento da produção para o mercado nacional e internacional, agregando valor às peças por meio da biodiversidade e da consultoria do designer Sérgio Matos, um dos melhores do país. As peças já chegaram à França e à Colômbia, e algumas ganharam prêmio da revista Casa Cor.
Nos dias 28 e 29 de março, a feira aconteceu em Benjamin Constant, no Alto Solimões. Juntas, as duas rodadas movimentaram R$ 240 mil, que foram distribuídos para as comunidades Korubo, Mayoruna, Mura, Desano, Kokama, Sateré Mawé, Marubo, Tikuna, Matis, Baré, Baniwa, Kulina e Tukano.
O empresário Ochin Leon, que tem uma loja de artesanato em São Paulo há mais de 15 anos e participou das rodadas de Benjamim Constant e de Manaus, afirma que os eventos foram surpreendentes. "Surpreendente de positivo. Nós não esperávamos encontrar esse nível de produtos. Fomos surpreendidos com uma excelente organização e eu fui surpreendido com a Amazônia. Não tenho uma prova evidente porque agora que eu tive o despertar pelo artesanato indígena, mas acho que compensa. Na grande verdade, volto pra São Paulo com grande entusiasmo", comemorou o empresário que comprou mais de R$ 5 mil em peças indígenas.
Segundo as lideranças do povo Marubo, dentre eles as artesãs que moram na Vale do Javari, no município de Atalaia do Norte, a iniciativa da rodada de negociação de Benjamin Constant trouxe esperança para quem vive na floresta. "Nós temos muito trabalho de artesanato e agora temos compradores. Isso é muito bom" disse a artesã Tânia, do povo Tikuna de Tabatinga.
Para o presidente da Funai, Franklimberg de Freitas, o projeto ainda é novo, mas tem toda a capacidade de se desenvolver e ser modelo para os demais Estados brasileiros.
"O Estado do Amazonas tem a maior população indígena do Brasil. Por isso, nada melhor do que iniciar esse projeto aqui. O indígena quer vender o artesanato dele por um preço justo e que valorize o seu trabalho e a cultura da sua comunidade. O papel da Funai é de apoia-lo", ressaltou Franklimberg.
A superintendente do Sebrae-AM, Lamisse Cavalcanti, destaca que em apenas seis anos o projeto Brasil Original apresentou resultados impressionantes com a composição de mais de 30 etnias. Ela ressalta a experiência de ter encontrado com um indígena de São Gabriel da Cachoeira há alguns dias e saber que antes ele trocava o artesanato por um prato de comida, mas que agora ganha R$ 2,5 mil por mês. "Pra gente é uma imensa alegria ajudar tantas pessoas a valorizarem o seu trabalho e ganharem melhores condições de vida."
De acordo com o presidente do conselho deliberativo do Sebrae-AM, Muni Lourenço, o projeto deve ser encerrado em maio deste ano, mas o órgão espera firmar um acordo de cooperação com a Funai para que além de continuar no Amazonas, a proposta seja levada para outros Estados brasileiros.
"O Sebrae tem um papel muito importante no fomento ao desenvolvimento e para alavancar as atividades de mercado. Nossa capital concentra riquezas na capital, mas o Amazonas é muito maior que Manaus. Estamos muito voltados a fortalecer a atuação no interior do Estado, onde estão inseridos os indígenas. Sabemos da credibilidade da Funai, ainda mais sob o comando do presidente Franklimberg, e queremos estreitar os laços através de um acordo de cooperação", defendeu Muni.
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Selo Indígena de Originalidade
Coordenador de comunicação do Sebrae-AM, Antônio Ximenes aproveitou a visita do presidente da Funai para mostrar a impressora 3D adquirido pelo projeto com o objetivo de imprimir produtos matrizes. O jornalista sugeriu que seja criado um selo de autenticidade pela Funai para garantir a originalidade das peças e, com isso, agregar ainda mais valor aos produtos indígenas.
"Queremos um selo da funai para mostrar que aquele produto original está salvando vidas e dando dignidade aos indígenas. O selo também reforçaria o nosso propósito de empoderamento da população indígena. Queremos mostrar ao mundo que o artesanato indígena pode ser produzido em grande escala para o Brasil e pra fora", sugeriu.
O presidente da Funai garantiu que o órgão fará um mapeamento das atividades produzidas no Amazonas e que buscará uma maneira de auxiliar na valorização do produto indígena.
CR Manaus
Franklimberg aproveitou a viagem para visitar a Coordenação Regional da Funai em Manaus e direcionar o trabalho do recém-empossado coordenador Francisco Tikuna.
Priscilla Torres
Assessoria de Comunicação / Funai