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Funai promove intercâmbio entre alunos e indígenas em Altamira
Preconceitos e estereótipos contra povos indígenas podem ser vencidos desde cedo e a escola tem relevante papel nessa contribuição à sociedade. Em Altamira, a partir da parceria entre a Coordenação Regional (CR) Centro-Leste do Pará e a Secretaria Municipal de Educação (Semed), alunos do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental participaram de proveitosos momentos de aprendizagem sobre os povos indígenas do Médio Xingu.
No último dia 16, em comemoração ao Abril Indígena, mais de 100 estudantes da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dr.Octacilio Lino e Escola Municipal de Ensino Fundamental João Rodrigues compareceram à sede da CR para conhecerem línguas e tradições dos nove povos atendidos pela coordenação. O momento também foi de reflexão sobre os direitos dessas comunidades.
Indígenas Xikrin, Arara da Cachoeira Seca e Parakanã discursaram em língua materna e traduziram aos presentes, o que se apresentou como uma grande oportunidade aos alunos, tendo em vista que os Arara e Parakanã são povos ainda considerados de recente contato. Cantos tradicionais, grafismos corporais, produção de pulseiras de miçanga e exibição de vídeos também compuseram o ocasião de conhecimento compartilhado.
Para o coordenador regional, Carlos Vianei, o evento organizado pela equipe da CR, mesmo em fase embrionária, pode incentivar mais unidades da Funai a propôr esse amplo diálogo e envolvimento com diferentes nichos da sociedade. "Fizemos um projeto que se mostrou produtivo e gratificante. A disposição dos servidores daqui, do pessoal da Semed e dos profissionais das escolas participantes fez com que o encontro entre indígenas e alunos construísse uma experiência de relevância para além dos livros didáticos ou informações midiáticas", declarou o coordenador.
O aprimoramento das atividades é uma das intenções da coordenação que pretende promover, inclusive, futuras oficinas com os professores da região.
Benedito Pena Mendes, diretor da Escola João Rodrigues Benedito Pena Mendes, ressalta o valor de intercâmbios como esse e aponta para a necessidade de não se limitar ao mês de abril para trabalhar as questões indígenas na escola. "Nós vivemos numa região totalmente indígena. Acredito que contribuímos para desmistificar essa questão do Dia do Índio que é abordado nos livros, que se remete muito aos antepassados, à época do descobrimento, totalmente diferente da realidade em que se vive atualmente. É muito interessante que os nossos alunos se envolvam, até porque na nossa escola nós temos alunos Assurini e Parakanã. Nós vamos colocar essa realidade no nosso projeto político-pedagógico. Os alunos vieram com muitas perguntas e conversamos com eles. Tudo isso mostra o interesse que têm em conhecer a realidade da região.
Indígenas do Médio Xingu
A CR Centro-Leste do Pará atua junto aos povos Arara, Juruna, Assurini, Araweté, Parakanã, Xikrin, Kayapó, Xipaya, Kuruaya, Zoé e indígenas citadinos. Ao todo são línguas pertencentes a três troncos linguísticos: MacroJê, Karib e Tupi Guarani; 11 Terras Indígenas, uma reserva indígena Juruna e uma área de restrição de uso, Ituna Itata, território de povos isolados.
Um dos aspectos significativos da região é a presença da Usina Hidrelétrica de Belo Monte e a relação do empreendimento com os povos indígenas e ribeirinhos que reivindicam e acompanham, com frequência, as contrapartidas da construção.
Aproximar a população local, principalmente representantes das camadas mais jovens da comunidade de Altamira, dos povos indígenas é de grande importância para promover uma melhor compreensão do contexto regional, a partir de diferentes ângulos e realidades.
Kézia Abiorana
Assessoria de Comunicação, com informações da Coordenação Regional Centro-leste do Pará