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Funai inaugura Sala de Apoio à Amamentação Mocamby
"Se as coisas são inatingíveis, ora! Não é motivo para não querê-las. Que tristes os caminhos, se não fora a presença distante das estrelas!" A frase de Mário Quintana foi citada pela servidora e futura mãe, Rafaela Rocha, para exemplicar a luta das servidoras e servidores da Funai, desde 2013, para que hoje fosse inaugurada o que antes parecia inatingível: a Sala de Apoio à Gestante e à Amamentação – Mocamby, na Sede da Funai.
O nome Mocamby, de origem Tupinambá, significa "amamentar, aleitar, lactar" e foi escolhido pela Indigenistas Associados (INA), que abraçou a pauta, desde 2013, e se tornou uma conquista de todas e todos. O espaço é um local de acolhimento adaptado e destinado às servidoras, colaboradoras e usuárias gestantes e lactantes dos serviços da Funai numa das melhores fases da vida, com todo cuidado que este momento exige.
Para que as servidoras da Funai sede consigam cumprir a recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Ministério da Saúde (MS) de amamentar por 2 anos ou mais, sendo exclusivamente no peito nos 6 primeiros meses, é fundamental que, após a licença-maternidade, receber apoio de seu local de trabalho.
As lactantes que se afastam de seus filhos em virtude do trabalho precisam esvaziar as mamas durante o expediente, para aliviar o desconforto e para manter a produção de leite. Na maioria das vezes não há, nos ambientes de trabalho, um espaço apropriado, o que impede que a mulher aproveite o leite retirado para oferecer ao seu filho posteriormente ou para ser doado a bancos de leite.
Para a instalação da sala, observou-se a Resolução da Anvisa (RDC nº 171, de 4 de setembro de 2006) que estabelece, dentre outros parâmetros: dimensionamento de 1,5 m2 por cadeira de coleta, instalação de um ponto de água fria e lavatório, para atender aos cuidados de higiene das mãos e dos seios na coleta; freezer ou refrigerador com congelador e termômetro, para monitoramento diário da temperatura, para guardar exclusivamente o leite materno; Ambiente favorável (tranquilo, com privacidade e confortável) ao reflexo de descida do leite. Recomenda-se que a cada 400 trabalhadoras em idade fértil seja disponibilizada uma poltrona para a retirada do leite do peito. A sala deve possuir ventilação e iluminação, preferencialmente natural, ou prover a climatização para conforto, conforme preconizado na Resolução RE/ Anvisa nº 9, de 16 de janeiro de 2003.
Pensando nisso, a sala conta com uma geladeira para armazenamento exclusivo de leite materno em recipientes adequados e identificados (que devem ser trazidos pela usuária), um microondas para aquecimento de água e leite, duas poltronas de amamentação, um biombo (todos esses doados pela Ina), uma pia para higienização de recipientes, outra pia com espelho para higienização de mãos e seios na coleta e um trocador.
A luta pela qualidade de vida de todas as servidoras e servidores da Funai, especialmente pensando em um Plano Familiar Infantil, está nos princípios da Ina, que realizou, ao longo desse período, diálogos com o Serviço de Atenção à Saúde do Servidor - SEASS da Funai, de forma a tornar a ideia possível. Ao dar maior conforto e valorizar as necessidades das servidoras, a Funai proporciona qualidade de vida para elas.
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Isolde Lando, Indigenista Especializada e membro da Ina, foi uma das primeiras pessoas a pensar na criação do espaço, não apenas como servidora mas como Mãe. Durante o evento, a servidora contextualizou todos os movimentos feitos para que se chegasse ao dia de hoje. "Em 2014, os servidores que hoje compõem a Ina buscaram informações sobre quais os procedimentos necessários para conseguir uma sala de amamentação na Instituição. A partir daí, foi feito um documento pedindo melhorias, junto com outras mães, e entregue para a Diretoria de Administração e Gestão – Dages. Em seguida, foi feita uma segunda carta, com mais mães assinando, em que foi pedido um Plano mais amplo da Instituição visando essas melhorias de acolhimento de mães e pais. Do resultado desse trabalho, ainda foi criado um Grupo de Trabalho que está elaborando uma Cartilha de Direitos e Deveres de mães e pais. Em 2018, a INA começou a batalhar, como Associação, junto às gestões anteriores, pela Sala de Amamentação".
Rafaela justificou a necessidade da Sala com base em dados de 11 de junho de 2017 a 11 de junho de 2019, em que houve 22 servidoras em usufruto de licença maternidade. Dessas, 13 são da Sede da Funai. "A sala não é o fim e sim o início de um trabalho que a gente tem que fazer de empoderamento dessas mães, que precisam de outros direitos e, inclusive, desse empoderamento na sua estação de trabalho."
O Coordenador-Geral de Monitoramento Territoral, Alcir Teixeira, presente à inauguração representando o Presidente da Funai, falou sobre a importância do espaço. "Eu sou pai e sou avô também, e a gente sabe o quanto esse local será importante pra vida e bem-estar psicológico tanto da mãe quanto da criança". Complementando sua fala, o Diretor de Administração e Gestão, Fernando Rocha, há dois dias na Funai, se apresentou aos servidores e afirmou "a gente sabe o sufoco que as mães passam para amamentar. No meu segundo dia na casa, é muito bom encontrar essa iniciativa de vocês todas".
Participaram também dessa iniciativa a Coordenação-Geral de Recursos Logísticos (CGRL), que promoveu toda a arquitetura e infraestrutura, transformando uma sala que antes era destinada a reuniões em um espaço adaptado, com pias e demais instalações, e também a Assessoria de Comunicação, que promoveu a identidade visual da sala.
Ana Carolina Aleixo
Assessoria de Comunicação Social/Funai