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1,2 mil estudantes indígenas serão beneficiados por acordo técnico pioneiro entre Funai e Instituto Federal
Educação profissional pública e de qualidade para os povos indígenas do Pará. Este é o principal objetivo do Acordo de Cooperação Técnica entre a Funai e o Instituto Federal do Pará (IFPA), assinado na última sexta-feira (11) pelo presidente Marcelo Xavier para publicação ainda esta semana.
As propostas dos cursos, cujos projetos serão elaborados, desenvolvidos e aplicados em cooperação com os povos indígenas, são voltadas à formação profissional, prioritariamente cursos técnicos na forma integrada, com vistas a atender interesses, necessidades e demandas específicas dessa população.
Por meio do documento, a Funai assume o compromisso de contribuir com a
expertise
indigenista para a construção do diálogo com as comunidades, dos projetos políticos pedagógicos dos cursos e, em casos específicos, com a logística das aulas em que o deslocamento de professores às aldeias se faz necessário.
O acordo foi realizado com base nas iniciativas de parcerias feitas anteriormente entre as duas instituições na implementação do Curso Técnico em Agroecologia Integrado com o Ensino Médio dos Povos Indígenas do Sudeste Paraense, que em 2013 formou 18 indígenas, e o Projeto de Ensino Médio Integrado Munduruku, que formou 200 indígenas em Agroecologia, Magistério Intercultural e Técnico em Enfermagem, em 2016.
Apesar das parcerias entre os Institutos Federais e a Funai, é a primeira vez que um Acordo de Cooperação Técnica é firmado para tal. André Ramos, coordenador de Processos Educativos (COPE) da Funai, explica que a implantação do acordo será norteadora de outras ações semelhantes. "Esse acordo mostra que é possível a formalização dessa parceria e abre o caminho para a criação de uma política de educação profissional específica para os povos indígenas. Por problemas de recursos, os cursos implementados sem o acordo muitas vezes corria o risco de sofrer descontinuidade. Agora, a instituições assumem o compromisso e contrapartida técnica e financeira está assegurada", declara Ramos.
De acordo com o coordenador, a demanda indígena pela educação profissional é alta. " Quando vamos às aldeias, eles sempre colocam que querem que os filhos estudem, mas que também aprendam uma profissão", comenta. Atualmente a Funai está em processo de discussão com outros Institutos Federais para que novos acordos sejam firmados como o do Amazonas, Tocantins, Mato Grosso e Maranhão. Há registro ainda de demandas do Paraná para atendimento aos Guarani.
Educação profissional para os Awaeté*
Algumas consequências da assinatura do acordo já poderão ser vistas ainda neste mês de outubro. Funai, IFPA e Programa Parakanã aguardam apenas a oficialização da parceria para dar início à abertura das inscrições para o processo seletivo dos cursos de Magistério Intercultural e Agroecologia a serem oferecidos dentro da Terra Indígena Parakanã.
Com base na pedagogia da alternância, com a parte teórica em sala e a prática junto às comunidades, os cursos aos Parakanã estão previstos para cerca de 150 pessoas e devem ter início ainda este ano.
O cacique Xeteria Parakanã, liderança ativa nas conquistas do Awaeté, comenta a importância da implantação do curso para os indígenas. "Temos 22 professores Parakanã na aldeia e queremos treinar mais para que aprendam a dar aula para nosso povo. Queremos esses cursos e profissionais que venham ensinar nossos jovens. Queremos uma educação de qualidade e que esses jovens sejam capacitados para ajudar nosso povo Parakanã", pontua o cacique.
Kézia Abiorana
Assessoria de Comunicação/Funai