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Plano de Visitação para etnoturismo de Tenondé Porã é o primeiro fora da região amazônica
Hoje(22), na Terra Indígena(TI) Tenondé Porã, em São Paulo, o povo Guarani comemorou anuência do Plano de Visitação 2018, que regulariza atividades para fins turísticos na área.
O primeiro Plano de Visitação aprovado fora da região amazônica foi comemorado em evento com lideranças indígenas, representantes da prefeitura de São Paulo, do Conselho Gestor do Polo de Ecoturismo da Subprefeitura de Parelheiros, do Conselho Gestor da Área de Proteção Ambiental Capivari-Monos, unidade de conservação municipal que fica próximo à TI, representantes de organizações privadas e operadores de turismo.
A anuência representa grande conquista para as comunidades da terra indígena, que atualmente é polo de atração do eco e etnoturismo em São Paulo. O documento, construído durante dois anos a partir de oficinas realizadas nas aldeias, define condições para visitas e busca garantir que as atividades turísticas sejam desenvolvidas respeitando os Guarani e o território ao qual pertencem.
O presidente Wallace Bastos, ao deliberar o Plano de Visitação, destacou a importância das atividades turísticas desenvolvidas e gerenciadas pelos povos indígenas nos territórios em que habitam. "O eco e etnoturismo não só promovem a geração de renda para as comunidades como também garantem a proteção das áreas, já que o cuidado que exigem dos visitantes possibilita conhecer as belezas naturais da região sem gerar impactos ambientais. Assim, todos aprendem a conviver harmoniosamente com o meio ambiente, como os povos originários sempre o fizeram. A Funai tem realizado um trabalho de grande relevância nesse processo de regularização das atividades turísticas, primando, acima de tudo, pelo apoio ao protagonismo indígena no gerenciamento das atividades que desejam desenvolver em suas terras", afirmou o presidente.
Em visita à Funai para apresentação do Plano, Thiago Karai, professor na aldeia Tenondé Porã, declarou que os benefícios da regularização vão além do aspecto financeiro: "Nossa luta maior é para que nossa comunidade não seja explorada pelos não-indígenas e para que a gente consiga manter a natureza em pé."
Thiago explicou, também, que a exploração do turismo por não-indígenas e a atuação dos atravessadores comprometem a geração de renda da comunidade e oferecem risco ao meio ambiente. Mas com a regularização do Plano todos têm a ganhar: "Poderemos acessar os recursos gerenciados por nossa associação de forma coletiva e contribuir com a educação da sociedade como um todo, já que as pessoas costumam chegar até a gente com ideias, muitas vezes estereotipadas, que podem se transformar a partir desse contato. As pessoas passarão a valorizar as comunidades tradicionais e a conhecer, de fato, quem são essas comunidades e como conseguimos manter nossa identidade, nossa língua e nossa cultura."
O turismo na TI
A Terra Indígena Tenondé Porã tem extensão de 15.969 hectares e está situada no extremo sul de São Paulo. Trilhas e cachoeiras fazem parte do território habitado por cerca de 20.000 Guarani organizados em 8 tekoa (aldeias). Atualmente sete estão abertas à visitação.
Cada aldeia traçou seu roteiro para visitantes incluindo trilhas, visitas a cachoeiras, exposição e venda de artesanato, participação em brincadeiras e jogos guarani, vivência nas aldeias e degustação de comidas tradicionais.
"É importante divulgarmos nossa resistência, a força da nossa cultura. Quanto mais as pessoas conhecem bem algo, mais elas respeitam", declaram os Guarani no Plano de Visitação.
Site oficial
Os Guarani de Tenondé Porã lançaram hoje o site oficial do ecoturismo na região. A ferramenta auxiliará na divulgação dos atrativos turísticos, no registro e agendamento das visitas e na gestão das atividades por parte das lideranças.
Pela plataforma é possível conhecer mais sobre a história da região, verificar as atividades previstas por cada aldeia, solicitar visitas e cientificar-se das regras e condições necessárias.
Acesse o site: www.tenondepora.org.br
Kézia Abiorana
Ascom/Funai