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Morre um grande líder mas, graças a ele, a cultura de seu povo permanece
Depois de quase um século de luta, o grande cacique João de Pontes faleceu, no último sábado (18), aos 93 anos. Conhecido pelo empenho na manutenção dos costumes do seu povo, ao perceber que o idioma Yaathê poderia desaparecer conforme os anciãos partissem, criou a Escola Bilingue Fulni-ô, em meados da década de 1980. Devido a isso, os Fulni-ô são a única etnia do nordeste que ainda fala a língua materna.
Além de ressignificar a educação escolar indígena, João de Pontes atuou na defesa dos direitos dos povos originários e destacou a importância de projetos que valorizam a identidade e força de seu povo de inúmeras outras formas como, por exemplo, a conservação do sistema de parentesco Fulni-ô, que se mantém quase intacto, com seus clãs e regras de escolha de cônjuges. Dessa forma, o cacique, conhecido por sua serenidade e obstinação, foi de suma importância para o movimento social indígena, e até sua partida era consultado em todas as decisões da comunidade.
Segundo informações, João de Pontes passou mal enquanto almoçava em sua casa, na Terra Indígena Fulni-ô, localizada no município de Águas Belas -PE e, ao levarem ele ao hospital mais próximo, o cacique já chegou sem vida.
João foi um grande guerreiro, que liderou e orientou seu povo, escrevendo uma trajetória de vida, de conquista e de resistência em defesa de seu território e dos direitos da comunidade, atuando sempre em prol da preservação dos costumes e da cultura Fulni-ô.
Ana Carolina Aleixo Vilela
Ascom/Funai