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Malala Yousafzai visita o Brasil e declara apoio à educação de jovens indígenas
Malala Yousafzai, ativista pelo direito à educação que ficou conhecida como a pessoa mais nova a ganhar o Prêmio Nobel da Paz, em 2014, veio ao Brasil no último dia 10 e conheceu indígenas dos povos Pataxó, Pataxó-hã-hã-hãe e Tupinambá.
Uma das indígenas que a jovem conheceu em sua visita a Salvador (BA), a Tupinambá Maikele, contou para ela sua história. Seu pai foi morto em um conflito territorial, deixando ela e mais oito irmãos para sua mãe criar. No entanto, mesmo em meio às dificuldades, Maikele acorda às 4 horas da manhã, percorre oito quilômetros a pé e leva uma hora de ônibus até chegar à escola.
Além de Maikele, Malala passou o dia em que comemorava seus 21 anos com outras indígenas para, dessa forma, aprender mais sobre as barreiras que as mulheres enfrentam apenas tentando obter educação. "Eu também estou aqui para destacar as questões que essas meninas jovens estão enfrentando. Existem 1,5 milhão de meninas no Brasil que estão fora da escola, e nós vemos essa grande disparidade quando se trata da população indígena e afrodescendente", afirmou a ativista.
A paquistanesa aproveitou para anunciar apoio a três brasileiras que passarão a fazer parte da Rede Gulmakai, uma iniciativa do Fundo Malala que apoia ativistas da área da educação de meninas e mulheres em vários países: Denise Carreira, da Organização não governamental Ação Educativa, Sylvia Siqueira Campos, do Movimento Infanto-juvenil de Reivindicação, e Ana Paula Ferreira de Lima, da Associação Nacional de Ação Indigenista – Anaí.
Ana Paula, Coordenadora da Ong Anaí, em entrevista à Funai afirmou que "em um momento tão difícil da história do Brasil, as meninas indígenas da Bahia e do nordeste receberem o apoio de uma pessoa de relevância internacional, como Malala Yousafzai é de fundamental importância para a luta por uma educação, gratuita, segura, de qualidade e diferenciada, com professores qualificados e boas escolas de Ensino Médio dentro das aldeias".
Já Malala completou: "Algo precisa ser feito. Estou aqui para levantar a minha voz e ficar com elas e investir em ativistas locais no Brasil. Meu presente de aniversário é que todas as garotas possam ter acesso à educação segura e de qualidade."
A Fundação Malala publicou uma foto da ativista com as meninas indígenas em sua página no Instagram afirmando: "Para muitas meninas indígenas no Brasil, a jornada para a escola é quase maior do que o próprio dia letivo - e enfrentar a discriminação dificulta ainda mais a permanência na escola". Malala ficou conhecida pela defesa dos direitos humanos das mulheres e do acesso à educação no vale do Swat (Paquistão), onde nasceu. Lá, os talibãs locais impedem as jovens de frequentar a escola. Desde então, o ativismo de Malala tornou-se um movimento internacional.
Ana Carolina Vilela
Ascom/Funai