Notícias
Indígenas e servidores comemoram inauguração de nova sede da Funai em Altamira
Inaugurada na última terça-feira (13), a nova sede da Coordenação Regional (CR) Centro-Leste do Pará é, sem dúvida, o prédio mais moderno do centro de Altamira/PA. Mas a grandeza dos vidros espelhados, piso de porcelanato e computadores de ponta, não se comparara à ilustre presença dos donos da casa: os povos indígenas da região.
Lideranças dos povos Arara, Araweté, Assurini, Juruna, Kayapó, Kuruaya, Parakanã, Xikrin, Xipaya, indígenas ribeirinhos e citadinos reuniram-se a servidores ativos, aposentados e convidados de instituições parceiras para, juntos, comemorarem a entrega do prédio.
Entre os participantes de instituições governamentais e não governamentais, estiveram presentes os representantes da Funai de Brasília, Hilda Azevedo, da Assessoria da Presidência, Thiago Fiorott, ouvidor, Núbia Rocha, coordenadora-geral de Gestão Estratégica e Juliana Araújo, servidora da Coordenação-Geral de Licenciamento Ambiental; a Doutora Taís Santi, procuradora da República em Altamira; João Carauru, coordenador do Distrito Sanitário Especial de Saúde Indígena em Altamira; Luís Xipaia, presidente da Associação dos Índios Moradores de Altamira (AIMA); Cláudio Curuaia, presidente da Associação Inkuri; Jordi Xiapya, da Associação Pakurare e o superintendente socioambiental de Assuntos Indígenas da Norte Energia, José Flávio Fortes.
A construção do prédio, iniciada em abril de 2017 sob responsabilidade da Norte Energia e Usitech, representa conquista para indígenas e servidores que, juntos, pleitearam o espaço como condicionante dos impactos provocados às comunidades afetadas pelo funcionamento da usina hidrelétrica de Belo Monte.
A luta conjunta foi lembrada por Carlos Vianei, coordenador regional, em fala inicial: "Foi uma luta de todos para que tivéssemos um local digno para cumprir a missão de atender os povos indígenas e queremos agradecê-los por terem sempre, incansavelmente, colocado essa construção na pauta dos comitês gestores indígenas e subcomitês nas aldeias."
Na ocasião, José Fortes, da Norte Energia, declarou que a confiança conquistada ao longo do tempo tem sido primordial para as relações entre a empresa e os povos indígenas da região: "Foi uma caminhada desbravando, conversando, aprendendo o idioma, respeitando a cultura e conseguindo confiança. Nós temos feito esse exercício do diálogo. Desejo a todos que usufruam deste local."
O espaço, que mescla a arquitetura moderna com características da dinâmica e cultura indígena, representa melhoria das condições de trabalho para servidores e de atendimento aos povos originários.
Homenagem ao indigenista
Vianei definiu como sábia a escolha, feita pelos servidores, do nome para o auditório do novo prédio: Afonso Alves da Cruz, em homenagem ao sertanista e indigenista falecido que trabalhou durante 49 anos na região com os povos indígenas.
O servidor aposentado, Benigno Marques, destacou o carinho e confiança que as comunidades do Xingu tinham pelo sertanista e a dedicação que ele empregou ao trabalho desde a juventude.
Aos 15 anos, Afonso Cruz realizou sua primeira missão pelo então Serviço de Proteção ao Índio (SPI), órgão que precedeu a Funai. À época, o sertanista foi responsável por fazer contato com indígenas Kayapó. Sempre dedicado, Afonso aprendeu diversas línguas, o que facilitou os primeiros contatos com povos isolados, a mediação de conflitos entre indígenas e seringueiros e a liderança de equipes de trabalho.
A esposa do homenageado, senhora Judite Cruz, também falou sobre como o marido doou quase toda sua vida à causa indígena e como o acompanhou em sua jornada chegando a dar à luz a dois de seus filhos em aldeias. Estava ainda muito emocionada ao lembrar do companheiro, quando recebeu uma bandeira da Funai em honra à dedicação da família.
O ouvidor da Funai, Thiago Fiorott, declarou-se inspirado pela história de Afonso. "Em um trabalho tão desafiador como o de indigenista, nós temos que ter muita disposição e quando a gente vê uma história dessas, serve como inspiração para que a gente continue a fazer um trabalho ético e honesto, tão importantes para a proteção desses povos que sofrem há séculos uma série de afrontas aos seus direitos. Quando nós os protegemos, estamos defendendo toda nossa sociedade", comentou.
Kézia Abiorana
Assessoria de Comunicação/Funai