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Funai debate acesso e permanência de estudantes indígenas com a UFG
Durante a última quarta-feira (09), dois representantes da Coordenação Geral de Promoção da Cidadania da Funai participaram da reunião do Programa UFG Inclui, criado pela Universidade Federal de Goiás no ano de 2008. O Programa destina uma vaga extra em cada curso em que houver demanda indígena e quilombola, bem como para candidatos surdos na graduação Letras Libras, quando oriundos de escolas públicas.
Participaram da conversa os representantes da Funai, da UFG, incluindo a vice-reitora, Sandramara Chaves, e representantes dos povos indígenas da graduação e da pós graduação matriculados na Universidade. A reunião tratou de temas como a documentação necessária ao processo seletivo e ao ingresso dos estudantes indígenas e quilombolas, estratégias para a divulgação do Programa UFG Inclui, a necessidade de qualificação das políticas de assistência estudantil voltadas aos povos indígenas, de forma a se pensar na dimensão familiar dessas comunidades e, principalmente, sobre as estratégias de permanência desses estudantes na Universidade.
Para o Coordenador de Processos Educativos da Funai, André Ramos, a participação da instituição indigenista é fundamental no apoio à consolidação dos Programas de Permanência dos estudantes indígenas nas Instituições de Ensino Superior: "a união de esforços institucionais é importantíssima para assegurar que os direitos conquistados sejam assegurados na prática", declarou.
Atualmente, a UFG atende a 384 indígenas em cursos de graduação, além de quinze pós-graduandos, cursando mestrado e doutorado em programas da Antropologia Social, Performances Culturais, Letras e Artes. Contudo, segundo a Coordenadora de Inclusão e Permanência da Universidade, Suzane Alencar, a UFG sofreu um profundo corte orçamentário no Pnaes, o Plano Nacional de Assistência Estudantil, o que impactou muito o Projeto Bolsa de Estudo da Universidade.
A preocupação central dos estudantes indígenas diz respeito às condições de permanência deles na cidade de Goiânia. Além da dimensão da permanência que implica em ações educacionais, de forma a transformar a universidade em um espaço de interculturalidade, a maior dificuldade enfrentada pelos estudantes, especialmente nos primeiros meses após o ingresso, é financeira. "A universidade precisa garantir a permanência dos estudantes indígenas na graduação e na pós, mas sabemos que estamos em um contexto difícil para as ações afirmativas. Se não vier a contemplação da minha Bolsa, vou ter que retornar, porque eu tenho uma grande família para cuidar e estou sobrevivendo pela ajuda de amigos e conhecidos. É muito difícil pra gente sair e chegar na cidade, com uma língua difícil e contexto totalmente diferente do nosso, principalmente durante o processo seletivo e a fase de matrículas, que é quando não temos apoio nenhum. Os quilombolas têm sido muito guerreiros também", afirmou Ercivaldo Damsõkekwa Xerente, doutorando em Antropologia Social.
A Funai se reuniu, ainda, com os representantes da União dos Estudantes Indígenas e Quilombolas da UFG (UNEIQ), quando foram abordadas as dificuldades enfrentadas na permanência e no atendimento especializado à saúde. O grupo deverá articular suas demandas conjuntamente, com o apoio das duas instituições, visando à qualificação e à melhoria das condições apresentadas.
A Funai continuará acompanhando a temática, em diálogo com o Ministério da Educação, e deverá participar de um Fórum de avaliação dos dez anos do Programa UFG Inclui, previsto para o mês de julho.
Mônica Carneiro
Coordenação-Geral de Promoção à Cidadania