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Câmara Técnica de Mudanças Climáticas realiza Diálogo Talanoa dos Povos Indígenas do Brasil
A importância dos povos indígenas para a conservação ambiental e para conter o aquecimento do Planeta foi debatida nesta terça-feira (6) em nova rodada do Diálogo Talanoa, processo criado no âmbito internacional para estimular a ação climática. Os resultados serão levados pelo governo brasileiro para a etapa global do Diálogo, que ocorrerá na próxima Conferência do Clima, a COP 24, em dezembro, na Polônia.
A rodada com os povos indígenas se soma a um ciclo de outras edições realizadas anteriormente com segmentos como sociedade civil, empresariado, comunidade científica e governos subnacionais. "Levaremos as nossas histórias para motivar a nossa sociedade e a sociedade de outros países a fazer mais e mais rápido", explicou o secretário de Mudança do Clima e Florestas do Ministério do Meio Ambiente, Thiago Mendes.
No diálogo com os indígenas, as experiências abordadas incluíram os esforços e os resultados já alcançados pelos povos indígenas em ações para manter a floresta em pé. "Nossas áreas são preservadas porque conseguimos viver em harmonia com a natureza", sintetizou Alberto Terena, um dos representantes da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) no evento.
Os participantes alertaram que já começaram a sentir os impactos da mudança do clima. Representante do Conselho Indígena de Roraima, Sineia do Vale contou que, na região, os verões ficaram mais secos e os invernos, mais rigorosos. "Hoje, a questão climática afeta diretamente a vida dos povos indígenas", afirmou. "Esse diálogo é muito importante para que a gente possa trazer nossas histórias", completou.
A rodada do Diálogo Talanoa com os indígenas incluiu representantes dos povos Arara, Baré, Bororó, Guajajara, Ikpeng, Kayabi, Macuxi, Manchineri, Manoki, Pankará, Rikbaktsa, Tariana, Tembé, Terena, Tuxá, Wajãpi, Wapichana, Xerente e Xokleng.
O entendimento de que os povos indígenas são atores fundamentais e estratégicos no combate ao aquecimento global foi o que motivou a iniciativa.
O Diálogo Talanoa dos Povos Indígenas do Brasil teve como objetivos: i) ampliar o diálogo intercultural, a troca de saberes, práticas e experiências relacionadas ao enfrentamento da mudança do clima entre povos indígenas e instituições parceiras; ii) reforçar a importância de se garantir o respeito e a valorização dos conhecimentos e práticas tradicionais dos povos indígenas relacionados ao manejo dos recursos naturais, bem como de se assegurar os direitos territoriais, a proteção territorial, a gestão ambiental, a produção e o uso sustentável dos seus territórios; iii) dar subsídios ao Diálogo Talanoa a ser realizado na COP 24; iv) contribuir para o cumprimento das metas e compromissos assumidos pelo Brasil na sua Contribuição Nacionalmente Determinada - NDC, assim como apontar alguns caminhos para o aumento dos esforços e da ambição desses compromissos.
O Diálogo foi realizado pela Câmara Técnica de Mudanças Climáticas do Comitê Gestor da PNGATI (CT-MC), em parceria com a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) e suas organizações regionais, e contou com o apoio da Funai, Ministério do Meio Ambiente, Ministério de Relações Exteriores, Rede de Cooperação Amazônica (RCA), Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), Operação Amazônia Nativa (Opan), WWF, Instituto Socioambiental (ISA), Fundação Rainforest da Noruega (RFN), Agência Alemã de Cooperação Internacional (GIZ) e Banco Mundial.
Tradição
O evento seguiu o formato inspirado na tradição ancestral de compartilhamento de histórias dos povos de Fiji, o pequeno país insular que presidiu a última Conferência do Clima, a COP 23, em novembro do ano passado. Foi na COP 23 que o governo de Fiji introduziu o Diálogo Talanoa, palavra da região do Pacífico, que se traduz como um diálogo inclusivo, participativo e transparente.
A ideia é que cada país faça rodada de discussões sobre o assunto em seus próprios territórios até a realização da COP 24, em dezembro próximo, quando ocorrerá a edição global de alto nível do Diálogo Talanoa, com a participação de representantes dos mais de 190 países signatários da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC, na sigla em inglês).
O secretário de Mudança do Clima e Florestas do MMA destacou a importância da contribuição brasileira para o processo. "Como tivemos vários debates, ficou claro que o Brasil tem experiências muito positivas que podem mostrar e confirmar essa liderança", avaliou Thiago Mendes.
Saiba mais
Todos os anos, os membros da UNFCCC reúnem-se na Conferência das Partes (COP), também conhecida como Conferência do Clima. Em dezembro deste ano, a 24ª edição da reunião (COP 24) ocorrerá na cidade polonesa de Katowice. Além do Diálogo Talanoa, a COP 24 terá o objetivo de negociar a conclusão do livro de regras para a implementação do Acordo de Paris, um pacto mundial para frear o aquecimento global.
Em vigor desde 2016, esse Acordo representa um esforço mundial para "manter o aumento da temperatura média global bem abaixo dos 2°C acima dos níveis pré-industriais e buscar esforços para limitar o aumento da temperatura a 1,5°C". Para isso, cada país apresentou sua meta de corte de emissões, conhecida como Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC). A meta brasileira é reduzir 37% das emissões de gases de efeito estufa até 2025, com indicativo de cortar 43% até 2030 – ambos em comparação a 2005.
Com informações do Ministério do Meio Ambiente e Coordenação-Geral de Gestão Ambiental