Notícias
Tributo ao Araguaia, por Antônio Veríssimo Apinajé
Rio Araguaia, nasce no Cerrado e corre como sangue nas veias do meu coração. Suave melodia do vento conta nossa história de amor. Na minha angústia, mergulhei em tuas águas. Senti teu clamor.
Araguaia, o fogo impiedoso queimou tuas águas. Andorinhas martirizadas. O martim pescador aflito, fez um voo rasante. Tuas águas secaram. Tenho sede de Justiça. É meio dia, mas está escuro e o calor é sufocante.
Araguaia, em tuas águas os oprimidos se entrincheiram. A lua está cheia, e as águas se movimentam. Ao amanhecer uma canoa desliza em silêncio. Até que enfim, o sol brilha e ilumina a escuridão. O vento forte do norte agita tuas águas. Vejo um raio. Escuto um trovão.
Araguaia, morada dos peixes aruanãs, tuas águas guardam histórias, mitos, lendas e mistérios. Alicerce da cultura e modos de Vida dos Javaés, Tapirapés, Karajá, Karajá Xambioá, Kayapó, Aikewar e Apinajé. Povos resistentes de ontem, de hoje e do amanhã;seguiremos resistindo com força, rebeldia e fé!
Araguaia, tu és minha inspiração, tuas corredeiras é uma solene canção. Pássaro veloz que voa. Estrela guia. Cavalo branco a correr sem parar. Tuas águas puras e livres banham e sustentam as aldeias da minha querida nação.
Araguaia, em tuas margens, o colibri beija a flor da ingazeira. A brisa das manhãs é suave e balança as palhas das palmeiras. Terra de mulher guerreira; menina, morena faceira, quilombola, quebradeira.
Araguaia, aqui as pedras falam, e Pedro anuncia a Romaria das Águas e da Terra prometida. O profeta Josimo denuncia a ditadura, o latifúndio e a tirania. Tuas águas benditas lavam minha alma e aliviam minha agonia.
Araguaia, dádiva de Deus, Em tuas águas quero navegar. Mas meu barco é de papel. Caminhando na areia da praia, escrevo tua história nas nuvens. Ao amanhecer, uma estrela brilhante aponta para algum lugar, na imensidão do céu.
Antonio Veríssimo da Conceição
Povo Apinajé, Tocantins