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Nota de pesar - Noraldino Cruvinel
É com imenso pesar que registramos mais uma perda irreparável para o indigenismo brasileiro, a do antropólogo Noraldino Cruvinel. Na manhã desse sábado (14/10/2017) seu coração parou. O desejo dele foi atendido pela família, que realizou o sepultamento na cidade de Coramandel, Minas Gerais, após um velório breve e simples.
Noraldino, ou simplesmente "Norô" para os amigos, nasceu em Coromandel, no Triângulo Mineiro/Alto Parnaíba, em novembro de 1943. Formado em antropologia na Universidade de Brasília, entrou na Funai na primeira metade da década de 1970 e teve atuação decisiva em processos de reconhecimento territorial de povos indígenas como Tikuna do Alto Solimões, Kayapo no Pará, Guató no Mato Grosso, Karajá de Aruanã, Avá Canoeiro de Minaçu, Kampa do rio Envira no Acre, Macuxi e Wapichana de Roraima, Kaxarari do Amazonas, entre tantos outros.
Também atuou como antropólogo na Funai, em épocas adversas e em um contexto marcado por disputas no próprio campo da antropologia, o que não foi suficiente para ofuscar sua importância no campo da prática e do engajamento antropológico. No reconhecimento de terras indígenas, atuou como coordenador de Grupos de Trabalho de Identificação e Delimitação, como Coordenador de Análise e Delimitação e também como Diretor de Assuntos Fundiários da Funai, onde não apenas desempenhou papel fundamental no reconhecimento do direito territorial indígena, mas ensinou uma geração de novos antropólogos a realizar esse trabalho com esmero, dedicação e engajamento.
Em novembro de 1995, foi-lhe concedida aposentadoria voluntária, mas, apaixonado pela questão indígena, retornou aos quadros da Funai novamente para atuar no então Departamento de Identificação e Delimitação (DID). Saiu da Funai definitivamente em 2003. No contexto, resolveu voltar para Coromandel, ficar com sua família (esposa e dois filhos), cuidar da sua "pequena roça" e viver em paz, como gostava de frisar.
Noraldino foi um sábio e amável mestre, que nos deixa, acima de tudo, o exemplo de integridade, simplicidade, alegria, compromisso, ética e discrição em seu trabalho e vida. A ele nosso reconhecimento, saudade e gratidão, não somente pelos bons ensinamentos, mas também pela competência e docilidade com o qual o fazia.
CGIIRC/Funai (em nome de todos os antropólogos e indigenistas que tiveram o Noraldino como colega de trabalho)