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Aldeias Xavante participam de oficinas de tecnologias sustentáveis promovidas pela Funai
A Coordenação Regional (CR) Xavante, unidade descentralizada da Funai, está promovendo, desde o início de novembro, oficinas de bioconstrução e de círculo de bananeira em terras indígenas Xavante, no estado de Mato Grosso.
Após o contato e com a limitação do território, o povo Xavante sofreu alterações na sua forma de viver, cuja mudança mais drástica foi o maior sedentarismo. Com a permanência prolongada da aldeia num mesmo local, novas preocupações surgem, como a durabilidade das habitações e o saneamento básico. As oficinas foram propostas visando apresentar tecnologias ecológicas, econômicas e de fácil replicação para as comunidades Xavante, enquanto geram a discussão sobre como solucionar problemas de habitação de forma criativa, sustentável e adequada culturalmente a partir da própria comunidade.
De 22 a 24 de novembro, foram realizadas oficinas de implantação de círculos de bananeira em duas aldeias Xavante da Terra Indígena (TI) São Marcos, no município de Barra do Garças/MT, com instrutores do Flor de Ibez – Instituto de Vida Integral. O círculo de bananeira é uma tecnologia simples de destinação e tratamento das águas servidas, ao mesmo tempo em que produz bananas. A maioria das aldeias Xavante é abastecida com água de poço artesiano que chega às casas por torneiras externas, onde lavam-se louças e roupas, deixando poças de água, que geram lama, cheiro ruim e atraem moscas.
Participaram da oficina principalmente mulheres das aldeias, que já estavam mobilizadas pela reunião da Associação de Mulheres Xavante Pi'õ A'uwẽ Uptabi da TI São Marcos, ocorrida nos dias anteriores também com apoio da CR Xavante. Até o fim do ano, está prevista mais uma oficina de implantação de círculos de bananeira na aldeia Santa Clara, na TI Parabubure, Campinápolis/MT.
A oficina de capacitação em bioconstrução ocorreu de 31 de outubro a 5 de novembro, na aldeia Ripá/Santa Cruz, TI Pimentel Barbosa, município de Canarana/MT. Participaram da oficina, 15 indígenas Xavante, entre homens e mulheres da própria aldeia Ripá e da aldeia Namunkurá da TI São Marcos. A oficina foi organizada pela CR Xavante em parceria com a AIRE – Associação Indígena Ripá de Etnodesenvolvimento e o coletivo Raiz das Imagens, que fez o registro audiovisual das atividades, juntamente com os jovens da aldeia.
Após uma introdução rápida aos conceitos de construção com terra, a oficina focou na prática de reforma da casa do visitante da aldeia Ripá. Seguindo a divisão tradicional de tarefas, as mulheres coletaram palha para reforma do telhado, enquanto os jovens do grupo etário Nodzö'u coletaram, juntamente com os instrutores, materiais, como madeiras, taquaras, terra e cupinzeiros, para levantar paredes usando as técnicas de cobwood e pau a pique. As crianças participaram do preparo da massa de terra.
A oficina de bioconstrução valorizou os conhecimentos dos arquitetos Xavante da aldeia, chamados Ri'wa. Estes passam, de pais para filhos e genros, técnicas de construção Xavante, como selecionar madeiras que não atraem raios ou retirar os materiais na lua correta. "Tudo isso faz parte da interculturalidade proposta neste trabalho em que os waradzu também se permitem a aprender de forma intuitiva" explicou Alexandre Lemos, da AIRE e instrutor na oficina de bioconstrução.
Colaboração: Maíra Ribeiro – CR Xavante/Funai