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Povo Guarani implanta agrofloresta em Aracruz/ES com recursos do PPP-Gati
A Associação Indígena Guarani (AIG) Mboapy Pindó finalizou, no primeiro semestre de 2016, o plantio de dois hectares de agrofloresta na Terra Indígena Tupiniquim, município de Aracruz/ES. As atividades fizeram parte da primeira etapa do projeto FlorestAção, comtemplada pelo edital do Programa de Pequenos Projetos de Gestão Ambiental e Territorial Indígena (PPP-Gati), fruto de um Acordo entre o Projeto Gati/Fundação Nacional do Índio, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e o Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN).
O local escolhido para o reflorestamento com a técnica agroecológica e a instalação de uma nova aldeia é parte da área que havia sido ocupada com monocultura de eucalipto pela Aracruz Celulose, atual Fíbria. Habitada por índios Tupiniquim e Guarani, a Terra Indígena foi homologada em 2011, após anos de impasses na justiça, que, por fim, reconheceu a legitimidade dos indígenas na posse do território.
O presidente da AIG, Marcelo Djekupe, avalia que o recurso do PPP-Gati foi fundamental para impulsionar a implantação da nova aldeia Guarani, o Tekoha Ka'aguy Porã (Aldeia Nova Esperança, em português), para onde vão se mudar cerca de 30 famílias. "O recurso ajudou bastante. Fizemos o viveiro, fizemos muitas mudas e estamos trabalhando para reflorestar as nascentes para que a água venha fluir melhor".
Segundo Djekupe, na área da nova aldeia, além do meio ambiente bastante degradado, havia invasões para prática de caça ilegal. O objetivo dessas famílias é recuperar e proteger o meio ambiente, formando um corredor ecológico para que os animais possam transitar livremente, além de possibilitar a produção de alimentos de forma sustentável. "Queremos viver como o índio tem que viver, com a natureza, plantando da forma tradicional Guarani, preservando a cultura", afirma.
A agrofloresta é uma técnica em que o reflorestamento e a produção de alimentos ocorrem no mesmo campo, com uma diversidade semelhante à das florestas naturais, reconhecendo a relação cooperativa entre as espécies. A AIG conta com a colaboração de pessoas da comunidade indígena e de outros voluntários para viabilizar a concretização desse sonho. "Estamos fechando essa etapa (financiada pelo edital do PPP Gati), mas vamos continuar plantando, fazendo reflorestamento com árvores nativas e construindo as casas", diz o presidente da Associação.
As ações do PPP-Gati foram realizadas entre 2015 e julho de 2016, envolvendo atividades de coleta de sementes nativas, oficinas de viveiro e de agrofloresta e o plantio nas áreas de nascente e próximo a alguns remanescentes florestais.