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Povos Indígenas e Funai participam do IX Congresso Brasileiro de Agroecologia em Belém
Representantes das etnias Xukuru, Tingui-Botó, Terena, Amanayé, Kaapor e Apurinã, entre outros, estão participando do IX Congresso Brasileiro de Agroecologia (CBA), que ocorre entre os dias 28 de setembro e 1 de outubro, na cidade de Belém do Pará. É o primeiro CBA realizado na Amazônia.
O tema desta edição, "Diversidade e Soberania na Construção do Bem-Viver", é diretamente inspirado nas lutas e concepções do movimento indígena latino-americano.
A Funai participa como apoiadora do Congresso, organizando e mediando a Mesa Redonda "Territórios Indígenas e a Agroecologia: Premissas e Alternativas para a Sustentabilidade", composta exclusivamente por lideranças de comunidades indígenas. Uma premissa recorrente na apresentação de todos os expositores indígenas é a necessidade de demarcar as terras indígenas e garantir o território, como um primeiro passo para o bem-viver e a agroecologia.
Segundo Jairã Tingui-Botó "é fundamental consultar os indígenas na construção das políticas de agroecologia e produção orgânica (por exemplo, a Política Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica), e é um passo importante ter uma mesa indígena no âmbito do CBA". Para Leosmar Terena "é um grande desafio fazer a gestão ambiental e territorial de forma sustentável, em áreas pequenas com uma população indígena crescente, como é o caso do Mato Grosso do Sul; e ainda depender das boas práticas do entorno". Leosmar ainda ressaltou a iniciativa de criar um Curso Superior de Agroecologia Terena, que está neste momento para apreciação do Ministério da Educação (MEC).
Entre outras temáticas, foi abordada a necessidade de uma Assistência Técnica e Extensão Rural diferenciada (Ater-Indígena). Iran Xukuru, extensionista do Instituto de Agricultura de Pernambuco, destacou que, para os indígenas, a agricultura e a agroecologia passam necessariamente por uma concepção espiritual: "é necessário políticas públicas que compreendam e fortaleçam as diferentes visões de mundo".
A participação oficial do órgão indigenista no evento foi articulada inicialmente pela Coordenação Regional do Baixo Tocantins da Funai. O Coordenador-Geral de Promoção ao Etnodesenvolvimento da Funai, Juan Negret, destacou a importância das contribuições dos povos indígenas para as teorias e práticas agroecológicas. "A intenção é dar continuidade a esses apoios e estreitar cada vez mais a relação da Fundação junto ao movimento em prol da agroecologia em todo o país".
Colaboração: Juan Negret, Cecília Reigada e Juliana Duarte - CGETNO