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Participantes da Etapa de Belém (PA) comemoram aprovação de estudo da Terra Indígena Kaxuyana-Tunayana
A Etapa Regional de Belém, da I Conferência Nacional de Política Indigenista, teve início com uma importante notícia. O presidente da Funai, João Pedro, anunciou a publicação pela Funai do estudo de identificação e delimitação da Terra Indígena Kaxuyana-Tunayana, localizada nos estados do Pará e Amazonas. O estudo foi publicado no Diário Oficial da União, na manhã de terça-feira (20).
"Essa publicação é resultado de um entendimento entre povos que vivem na Amazônia, os povos indígenas e quilombolas. Não foi um processo simples, mas conseguimos avançar. Esse é um exemplo da força do diálogo e da firmeza da luta dos povos para garantir sua terra", citou o presidente.
A liderança Ângela Kaxuyana fez uma fala emocionada sobre a migração forçada pela qual seu povo foi submetido. "Há exatamente 47 anos, depois de violentar meu povo por todo esse tempo, o Estado brasileiro reconhece o direito do meu povo ao seu território. Meu povo saiu da Calha Norte sem saber por que estava saindo e, durante 47 anos, o Estado negou o direito do meu povo à terra. Perdemos muitos velhos de desgosto e tristeza porque foram para o Parque do Tumucumaque sem ter nenhuma relação com o lugar. Hoje, na Terra Indígena Kaxuyana-Tunayana somos mais de 13 povos, além de índios isolados. Agora, volto a acreditar que a resistência dos povos no Brasil está firme e esse espaço de construção da política indigenista é um momento histórico para dizer ao Estado que estamos vivos e vamos continuar lutando pela nossa terra".
A abertura também contou com apresentações de dança dos povos Kayapó e Tembé, e a execução do hino nacional na língua kayapó.
Compuseram a mesa de abertura os representantes indígenas Ubirajara Sopré, da Comissão Organizadora Nacional, Puyr Tembé, da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), e as lideranças Ednaldo Tembé e Tuíra Kayapó. Entre os representantes governamentais, estiveram presentes o presidente da Funai, João Pedro, o vice-governador do Pará, José Marinho, o secretário estadual de Justiça e Direitos Humanos, Michell Durans, a assessora do Ministério da Justiça, Margada Fernandes, e o deputado João Chamon Neto, representando a Assembleia Legislativa do Pará.
"O povo Kayapó quer apoio e essa conferência é para tratar disso. O que foi assegurado pela Constituição Federal a gente não quer que acabe. Queremos que as autoridades tenham responsabilidade com os povos indígenas porque nós conservamos nossa cultura e nossa tradição. Assim como nós respeitamos o branco, queremos que o branco respeite nossos direitos e nossas lutas", disse Tuíra Kayapó, em sua língua materna que foi traduzida para o português.
À tarde, os participantes se reuniram em rodas de conversa para identificar os marcos históricos na construção da política indígena, compondo um diagnóstico sobre a região.
A Etapa de Belém ocorre de 20 a 22 de outubro, no Parque dos Igarapés, e conta com cerca de 100 participantes indígenas de 11 etnias. Dessa etapa sairão 17 delegados indígenas, cinco governamentais e um de entidade não governamental.