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Museu do Índio abre exposição com “chuva de miçangas”
Com uma forte chuva na noite do último dia 19 de agosto, o Rio de Janeiro foi presenteado com a belíssima exposição de longa duração "No caminho da miçanga – um mundo que se faz de contas", aberta a visitação pública no Museu do Índio, sob a curadoria de Els Lagrou.
Dos convidados só se ouvia que a chuva de granizo que caia era na verdade de miçangas, um bom presságio, um momento de lavagem espiritual. E era exatamente assim que todos se sentiam ao percorrer os caminhos da exposição que revela uma parte da enorme diversidade e riqueza, com peças feitas em miçanga por povos indígenas do Brasil e do mundo.
Para o diretor, José Levinho, servidores e colaboradores que participaram de todo o processo de construção de "No caminho da miçanga – um mundo que se faz de contas" esta é uma exposição diferente das outras que o Museu do Índio já promoveu por reunir, pela primeira vez, peças e filmes produzidos por artesãos e cineastas de 24 etnias do Brasil, além de 18 da África, Ásia e das Américas. "São mais de quatro mil objetos confeccionados por seis toneladas de miçanga, que reproduzem inúmeros padrões diferentes, formas de relação com o mundo, com a natureza e também a forma de produção de cultura material sustentável'", afirmou Levinho e concluiu, "É a única matéria prima que o ocidente produz e os povos indígenas transformam".
O processo de trabalho durou cerca de cinco anos e contou com a participação de inúmeros pesquisadores e povos indígenas por meio do Programa de Documentação de Línguas e Culturas Indígenas, o Progdoc.
A exposição que conta com a parceria da UNESCO e do Programa de Pós Graduação em Sociologia e Antropologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro IFCS-UFRJ, procura mostrar a importância da cultura material para os diferentes povos de todos os continentes. Nesse caso, destaque para essa preciosa matéria prima apropriada por quase todas as culturas – a miçanga. Objeto que inspira e faz construir novas relações com o outro. Contas de vidro que exercem fascínio desde a Antiguidade até os dias de hoje.
A miçanga é, desde sua origem, associada à viagem. Fácil de carregar e sedutora pelo brilho, dureza e colorido, a miçanga se transforma rapidamente em matéria prima cobiçada para a arte de produzir enfeites a amarrar o corpo e enfeitar artefatos rituais entre muitos povos do mundo.
São as mulheres indígenas, exímias artesãs que transformam essas pequeninas peças em arte complexa e fascinante, que com mãos, linhas e contas tecem verdadeiras obras primas, registros fundamentais da história e cosmologia de seus povos.
A exposição está aberta ao público de terça a sexta, das 9h às 17h30min e aos sábados, domingos e feriados, das 13h às 17h, no Museu do Índio, localizado na Rua das Palmeiras 55 – Botafogo – Rio de Janeiro (RJ).