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Lideranças do Médio Purus apresentam experiências de gestão territorial e ambiental para parceiros e órgãos de governo
Seis lideranças dos povos Apurinã, Paumari e Jamamadi estiveram em Brasília, na última semana, para apresentar suas experiências de gestão territorial e ambiental nas Terras Indígenas (TIs) Catitu; Paumari do Lago Manissuã, Paumari do Lago Paricá e Paumari do Cunicuá; e Jarawara/Jamamadi/Kanamanti, respectivamente. Todas as TIs estão localizadas na região do Médio Purus, no estado do Amazonas.
Reunidas por meio da Federação das Organizações e Comunidades Indígenas do Médio Purus (FOCIMP), as lideranças tinham como objetivo, além da apresentação das experiências, a sensibilização de instituições de governo, assim como o fortalecimento de parcerias e a busca por novas organizações que possam apoiar os trabalhos desenvolvidos nas áreas indígenas.
Na TI Catitu, homologada em 1991, vivem cerca de 800 indígenas da etnia Apurinã. Diante dos desafios para resguardar seu território e promover a sustentabilidade, encontraram no manejo da castanha-do-brasil uma alternativa de desenvolvimento e geração de renda adequada aos padrões tradicionais do povo. Eles também realizam atividades agrícolas e o manejo da terra por meio de sistema agroflorestal, executando a recuperação de áreas degradadas.
Entre os Jamamadi e Jarawara da TI Jarawara/Jamamadi/Kanamanti, homologada em 1998, as principais atividades produtivas estão relacionadas à extração de produtos florestais não madeireiros, sendo o óleo de copaíba o de maior destaque. Caçadores e agricultores por excelência, os 350 indígenas dessa região habitam áreas de terra firme da bacia do rio Purus.
Já os Paumari das TIs Lago Manissuã, Lago Paricá e Cunicuá têm como pilar do seu Plano de Gestão o manejo sustentável do pirarucu. Conhecidos como "povo da água" e com reconhecida habilidade como pescadores, os cerca de 320 Paumari tiveram suas terras demarcadas nos anos de 1997 e 1998. Com a pressão diante da exploração pesqueira de seus rios e lagos, os indígenas começaram a trabalhar com a perspectiva de realizar o manejo sustentável da principal espécie de valor comercial na região, o pirarucu. Em 2013, o Ibama aprovou o primeiro plano de manejo da espécie, no rio Tapauá. Em 2015, os indígenas devem realizar a terceira edição de despesca com cota definida pelo Ibama.
Todas as iniciativas apresentadas contam com a parceria da Operação Amazônia Nativa (Opan) e o apoio da Funai. Esta última de manejo do pirarucu foi reconhecida pelo Prêmio Nacional da Biodiversidade, do Ministério do Meio Ambiente (MMA), na categoria Sociedade Civil.
Integrando a agenda das lideranças indígenas, foi realizado, na quinta-feira (10), um evento no Ministério da Pesca (MPA), onde os representantes dos povos Apurinã e Jamamadi apresentaram o Plano de Gestão Territorial e Ambiental de suas respectivas terras indígenas e os Paumari relataram suas experiências com a gestão de seu território, tendo em vista já estarem em um processo mais avançado de consolidação do seu Plano de Gestão. O evento contou com a presença do presidente da Funai, João Pedro, do diretor de Proteção ao Desenvolvimento Sustentável, Artur Nobre, e de diversos servidores do órgão, além de representantes do MPA, MMA e instituições parceiras como a Opan, o Instituto Socioambiental (ISA) e Instituto Internacional de Educação do Brasil (IEB).