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Comunica Diversidade premia jovem Potiguara
O jovem João Paulo de Melo Silva, pertencente ao povo Potiguara da Comunidade Indígena Amarelão do município de João Câmara (RN) é um dos premiados do edital "Comunica Diversidade 2014, Edição Juventude" do Ministério da Cultura, que tem como principais objetivos reconhecer, fomentar e incentivar ações de comunicação para cultura, dar visibilidade às expressões da cultura brasileira, fomentando iniciativas por meio de processos de comunicação popular, ampliando o exercício dos direitos à liberdade de expressão cultural.
João Paulo ficou entre os 10 classificados entre jovens de 15 a 17 anos, o valor do prêmio é de 14 mil reais. O projeto premiado de João Paulo é um Blog com notícias, divulgando e promovendo a cultura indígena Potiguara, como a dança indígena "Toré" e a língua "Tupy Guarani". O Blog abrange toda comunidade e todas as matérias, notificações e reivindicações são compartilhadas.
Na entrevista para o site da FUNAI João Paulo fala do seu projeto para o futuro e de sua atuação como uma jovem liderança indígena:
Como foi pensado o projeto?
O projeto foi pensado para as seguintes ações: Divulgação e promoção da cultura indígena Potiguara, tais como a dança indígena "Toré" e a língua "Tupy Guarani", que ao longo dos anos vem se perdendo. Promovendo ações de fortalecimento e valorização da cultura local Potiguara por meios de vídeos, exposições de fotos, banners, cartazes, folders, oficinas de dança, música e linguagem em escolas do município e compartilhamento em sites como facebook e Bloggers que apresentam grande visualização pública; socializar ações de etnodesenvolvimento e cultura da comunidade, como a Festa da Castanha, que reúne lideranças indígenas de todo o estado e de várias outras regiões do Nordeste, promove a geração de renda e divulgação da cultura e do comércio local; comunicar e reivindicar políticas públicas para povos indígenas potiguaras no estado, uma vez que os mesmo, por direito, merecem olhar diferenciado dos governos de ambas as esferas administrativas.
Quem participou (tu e quem mais)?
Tive a ajuda de uma professora e educadora indígena, e lideranças indígenas de minha comunidade, que me auxiliaram principalmente na parte burocrática do preenchimento do edital.
O que esse prêmio significa para ti?
Reconhecimento pelo trabalho e atuação no movimento indígena como liderança Jovem. Soube por um amigo que é coordenador da CTL – FUNAI da cidade de Natal/RN, Martinho Andrade. Por ele saber que eu atuo no movimento indígena promovendo e divulgando a Cultura, ele achou interessante me informar sobre o edital, uma vez que eu não sabia que o MINC tinha o divulgado. A iniciativa é de divulgar nossas culturas e potencialidades de forma mais independente e autônoma, se fazendo conhecer. Com a iniciativa conseguimos criar um blog informativo da comunidade, uma página da comunidade no facebook, exposição de fotografias para retratar a realidade da comunidade, produção de vídeos mostrando as atividades realizadas na comunidade, organizar e publicar um cordel contando a história da nossa comunidade, registrar e divulgar os eventos realizados pelo movimento indígena no estado.
Qual a tua pretensão agora para teu futuro?
Como estou desenvolvendo um projeto na área jornalística, pretendo fazer faculdade de jornalismo, uma vez que estou desenvolvendo o documentário nas comunidades indígenas, com certeza será uma boa influência e experiência prática, gosto muito de fotografar, informar e socializar informações, e acredito que o jornalismo será uma área que eu me sinta mais confortável profissionalmente.
No prêmio não colocam que és indígena por quê?
Na lista divulgada dos projetos selecionados está em destaque o nome do meu projeto que está escrito em tupy, acho que dá para imaginar que se trata de um projeto de comunidade indígena. No projeto que enviei está claro que sou indígena e todo o projeto é voltado para comunidade indígena.
Recebes algum apoio da Funai?
Não. Só na parte da socialização do edital. Martinho Andrade, coordenador da FUNAI de Natal, enviou para todas as comunidades indígenas do Rio Grande do Norte.
Tens alguma atuação na mobilização de jovens indígenas?
Sim, Sou coordenador do Departamento de Gênero e Geração da Associação comunitária do Amarelão, de onde eu moro. Com esse cargo, tenho vez e Voz no movimento indígena, organizo junto com minha colega de departamento, Liziane, eventos voltados para políticas públicas para os Jovens, Mulheres e Idosos indígenas, como por exemplo, o Encontro de Jovens Indígenas.